Dólar vira para alta com Gilmar Mendes escolhido relator sobre prisão em 2ª instância; Ibovespa dispara com exterior

Bom humor das bolsas internacionais impulsiona o índice no último pregão do mês

Rafael Souza Ribeiro

O ministro do STF, Gilmar Mendes (Divulgação)

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SÃO PAULO – O Ibovespa subia 1,26%, aos 72.665 pontos, às 13h21 (horário de Brasília) desta sexta-feira (29), acompanhando o bom humor do mercado internacional neste último pregão do mês, com as bolsas dos EUA operando em alta de até 1%. Contudo, a notícia de que o ministro Gilmar Mendes foi sorteado como relator de ação que pode tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da cadeia fez com que o dólar virasse para alta.

O ministro foi escolhido o relator da ação do PC do B que pede a revogação da autorização para a prisão a partir de condenação em segunda instância. Uma vez aceita, a liminar colocaria em liberdade, até o julgamento em plenário, os réus que estão presos por conta de condenações em segundo grau, como no caso do ex-presidente. Gilmar Mendes indicou que não irá decidir imediatamente sobre o assunto, mas, por conta do seu histórico de decisão, essa expectativa estressou o dólar.

Mesmo com o clima tranquilo dos mercado, os contratos futuros de dólar com vencimento em julho registravam alta de 0,10%, aos R$ 3,877, em um dia que promete ser agitado por conta também do fechamento da Ptax. Se por um lado a notícia pode ser considerada positiva para Lula, a escolha do ministro Alexandre de Moraes como relator do pedido de liberdade contra a decisão de Edson Fachin, que levou sua ação ao plenário da Corte do Supremo, ao invés para a Segunda Turma, foi um verdadeiro balde de água fria. Isso porque, Moraes é favorável à prisão em segunda instância e deve decidir contra Lula.

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De olho nas estatais

Segundo informações do jornal O Globo, a liminar do ministro Ricardo Lewandowski sobre privatizações afetou a Eletrobras, mas teria foco na parceria entre Embraer-Boeing. Também atingida, a elétrica disse que adotará medidas necessárias para venda da Ceal, que foi barrada por decisão do ministro do Supremo. Se não puder vender distribuidoras da Eletrobras, o governo teme ter de liquidar empresas, destaca a coluna Painel, da Folha de S. Paulo. 

Enquanto isso, o Bradesco BBI aponta que o leilão de cessão onerosa este ano pode ser inviabilizado depois que o Tribunal de Contas da União mudou a regra sobre as vendas de ativos estatais. No momento, não se sabe se os termos do TCU poderiam ser negociados. Apesar da notícia potencialmente negativa, as ações da Petrobras acompanham o otimismo do mercado e sobem 2%.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 27,23 +4,73 +32,83 30,29M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 7,39 +4,38 -37,58 64,83M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,88 +3,82 -5,97 32,72M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 127,90 +3,52 +59,88 118,59M
 SBSP3 SABESP ON 23,27 +3,42 -30,20 7,66M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 23,95 -2,80 +20,33 34,93M
 HYPE3 HYPERA ON 27,36 -2,49 -21,55 41,39M
 NATU3 NATURA ON 30,21 -2,11 -7,73 23,56M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,95 -1,97 +8,61 6,78M
 GOLL4 GOL PN N2 10,53 -1,13 -27,88 22,65M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Agenda de indicadores
A agenda de indicadores é movimentada no Brasil e nos EUA. Divulgada pela manhã, a taxa de desemprego de maio ficou em 12,7%, ligeiramente acima da projeção de 12,6% do mercado. Durante a tarde, teremos o resultado primário do setor público de maio, que deve mostrar déficit de R$ 12,4 bilhões, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, após superávit de R$ 2,9 bilhões no mês anterior. Por fim, às 22h00, a China revelará os dados do PMI de manufatura de junho. 

Nos EUA, o PCE (Personal Consumption Expenditures), indicador de inflação mais acompanhado pelo Fed, avançou 0,2% na passagem de abril para maio, em linha com o esperado pelo mercado. Os dados de renda pessoais do mesmo mês também ficou conforme as projeções dos analistas, com crescimento de 0,4%, enquanto os gastos decepcionaram com alta de 0,2%, enquanto era esperado avanço de 0,4%.

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– Libertação de Dirceu é considerada “cereja no bolo” por ministros da 2ª turma – mas haverá “grand finale”

Conexão Brasília na IMTV

O programa Conexão Brasília desta semana se debruça sobre o complexo jogo de negociações que antecede o início do período oficial de campanhas eleitorais. Enquanto as pesquisas mostram um cenário de estagnação na corrida presidencial, as articulações nos bastidores são intensas e podem distribuir cartas no processo que se inicia partir de agosto.

Quais são as estratégias e desafios dos principais candidatos à presidência? Qual será o peso das estruturas sobre o resultado da disputa? Como esse jogo influenciará na gestão da coalizão do futuro governo eleito? Para tentar responder a essas e outras perguntas, o programa recebe João Villaverde, analista sênior de Brasil da Medley Global Advisors (MGA), e Paulo Gama, analista político da XP Investimentos. O bate-papo é transmitido ao vivo, a partir das 14h45, pela IMTV e página do InfoMoney no Facebook.  Confira a grade completa da IMTV clicando aqui. 

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Notícias do dia

Os pedidos de liberdade de Lula seguem sendo o foco do noticiário dos jornais, após o ministro do STF Edson Fachin mandar o pedido ao plenário. Segundo o jornal, Cármen Lúcia decidirá sobre data do julgamento; hoje é última sessão do STF antes do recesso de julho; até a noite desta quinta, jornal diz que não havia ainda uma decisão. Ainda segundo o Estado, o envio ao plenário teria sido uma manobra de Fachin para evitar nova derrota na 2ª turma.

As movimentações para a corrida eleitoral também movimentam o cenário. Segundo o jornal Correio Braziliense, dirigentes do PSB dão como certo o apoio à candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT). Em conversa ocorrida ontem, governadores pressionaram o partido a unir forças com o pedetista e evitar a “carreira solo” nas eleições de outubro, aponta o jornal. À publicação, a assessoria de imprensa do PSB disse que “nenhuma decisão será efetivamente tomada sem que haja reunião da Executiva Nacional”.

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