Petrobras “dribla” noticiário negativo e sobe 2% com exterior; varejista salta até 5% após recomendação

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (29)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Seguindo o exterior, o Ibovespa registra uma sessão bastante positiva e avança mais de 1%, apesar do noticiário bastante “quente” (e potencialmente negativo) para as ações do índices, caso das decisões do STF e TCU com potencial de afetar Petrobras, Eletrobras e Embraer. Enquanto isso, o dólar zerou a queda após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ser sorteado relator de uma ação movida por PT e PC do B que alega omissão da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, sobre o julgamento da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. Confira os destaques do mercado nesta sexta-feira: 

 

Embraer (EMBR3)

A liminar de ministro do STF, Ricardo Lewandowski, proibindo governo vender estatais sem aval do Congresso, atingiu em cheio a Eletrobras e outras elétricas estatais. Contudo, segundo informa o jornal O Globo, a medida teria como alvo a joint venture entre Embraer e Boeing, dado que o ministro vê com maus olhos a parceria por considerar a companhia brasileira estratégica para a defesa do país, diz a reportagem, que cita assessores próximos ao ministro. Embora a Embraer seja privada, o governo detém nela uma ação de classe especial, a golden share, com poder de veto para venda de controle acionário.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras acompanha o dia positivo internacional e registra ganhos em um dia em que o brent sobe mais de 1%, deixando de lado o noticiário desfavorável para a estatal. 

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O governo não poderá mais fazer, neste ano, o leilão do óleo excedente do pré-sal, que poderia render até R$ 100 bilhões aos cofres públicos, por conta de uma decisão do TCU. Sem a licitação, prevista para ocorrer no dia 29 de novembro, a Petrobras também deixará de receber o pagamento pela revisão dos termos do contrato que trata dessas áreas, chamado de cessão onerosa.

O acordo da cessão onerosa foi fechado pela Petrobras com a União e permitiu à estatal explorar 5 bilhões de barris de petróleo em campos do pré-sal, sem licitação. Em troca, a empresa pagou R$ 74,8 bilhões ao governo. Nos anos seguintes, porém, a cotação do barril de petróleo caiu muito, motivada por tensões geopolíticas e preocupações quanto ao desempenho da economia, entre outros fatores. Em razão disso, a Petrobras alega que pagou à União um valor muito alto no acordo de 2010 e argumenta ter direito de ser ressarcida.

O motivo da postergação do leilão é uma mudança nos critérios de acompanhamento de desestatizações do Tribunal de Contas da União (TCU), aprovada na semana passada. A Corte de Contas passou a exigir do poder público o envio de um extrato com todas as informações relacionadas a qualquer licitação, com antecedência mínima de 150 dias da data da publicação do edital. Isso obriga o governo a enviar todos os dados seis meses antes do dia da disputa. Por esse novo critério, o governo já perdeu o prazo.

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“No momento, não se sabe se os termos do TCU poderiam ser negociados; se não, é uma notícia negativa para os gatilhos positivos de curto prazo da Petrobras”, afirma o Bradesco BBI em relatório. 

Além disso, a liminar de Ricardo Lewandowski, que proíbe a venda de estatais e subsidiárias sem autorização prévia do Congresso, pode atrapalhar também a venda do controle de subsidiárias da Petrobras, trazendo ainda mais insegurança jurídica.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

Ainda sobre a liminar de Lewandowski, segundo o governo, ela não afeta o leilão das distribuidoras da Eletrobras, marcado para o dia 26 de julho, exceto no caso da Ceal, subsidiária de Alagoas. Essa é a avaliação do secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento, Fernando Antônio Ribeiro Soares.

O secretário citou cinco leis diferentes que permitem a privatização das distribuidoras. A primeira é a lei que dispõe sobre o Programa Nacional de Desestatização (PND), atual Programa de Parceiras de Investimentos (PPI). A lei que autorizou a federalização das distribuidoras Ceal (Alagoas), Ceron (Rondônia), Cepisa (Piauí) e Eletroacre (Acre), também previa a posterior privatização das companhias. Outras duas medidas provisórias trataram de forma específica da federalização e posterior privatização da Boa Vista e da Amazonas Energia. E a Lei 12.783/2013 também previu que a União deveria licitar as distribuidoras cujos contratos de concessão não fossem renovados.

“Na avaliação do Ministério do Planejamento, os critérios estão cumpridos para cinco das seis distribuidoras”, afirmou Soares ao jornal O Estado de S. Paulo e ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado). Ele reconheceu que a viabilidade da privatização da Amazonas Energia depende ainda da aprovação do projeto de lei no Congresso, mas destacou que isso tampouco impede o leilão da empresa. 

Soares ressaltou que o caso da Ceal é diferente, pois o ministro deu uma liminar específica retirando a distribuidora do leilão por uma disputa entre Alagoas e a União. Na época da federalização, estava previsto que o dinheiro obtido com a venda da companhia poderia abater parte da dívida do Estado. Na ação, o governo de Alagoas quer uma recomposição de R$ 1,7 bilhão pelas ações da companhia, mas nas discussões com o governo o pedido era de R$ 4 bilhões.

Sobre a decisão do ministro, o tema ainda deverá passar pelo Plenário. Enquanto isso, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, afirmou ontem considerar “extremamente difícil” que uma decisão tomada no plantão judiciário, durante o recesso da corte, mude o entendimento sobre a venda de estatais. Nas férias de julho, Cármen Lúcia fica responsável por julgar questões que cheguem no plantão. A venda de distribuidoras da Eletrobras aconteceria em 26 de julho – ou seja, teria que ser revertida antes disso para que não se crie um impasse para a empresa e a União.

Hering (HGTX3)

A Cia Hering anunciou uma reestruturação organizacional interna, incluindo a criação de nova diretoria de transformação digital que se encarregará das atividades de omnichannel, ecommerce e marketplace, para a qual contratou um executivo cujo nome ainda será comunicado. A companhia também introduziu uma nova configuração nas diretorias atuais de Marcas e Varejo, criando duas diretorias uma de Hering e outra de Infantil e Dzarm. “Este novo modelo trará maior autonomia, agilidade e velocidade na tomada de decisão”, informou em comunicado. 

A diretoria de negócios Hering será comandada por Thiago Hering, enquanto a de Infantil e Dzarm será liderada Romael Soso. “Com estas alterações, Felipe Pivatelli e Edson Amaro deixam de integrar o quadro da companhia”, acrescentou.

JBS (JBSS3)

Segundo a revista Veja, o fundo soberano do Catar estuda comprar fatia do BNDES na JBS e está fazendo due dilligence na empresa. Em nota, a JBS informou que não tomou conhecimento sobre possível negociação de ações. 

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Recomendações 

A BR Distribuidora (BRDT3) teve a recomendação reduzida a ’equal-weight’ pelo Morgan Stanley, enquanto a QGEP (QGEP3) foi elevada a ’equal-weight’ pelo mesmo banco.

Enquanto isso, o Investor Day animou os investidores em Randon (RAPT4), que sobe forte. O JPMorgan tem uma visão positiva a curto prazo para a empresa após a reunião, continuando a ver ganhos de participação de mercado e esperando que os resultados continuem se beneficiando de alavancagem, segundo nota do analista Marcelo Motta. A Randon também reforçou a intenção de melhorar e expandir operações internacionais. A recomendação para os ativos é neutra, com preço-alvo de R$ 8,00. 

Distribuidoras

Além da redução de recomendação, destaque para outra notícia potencialmente negativa para BR Distribuidora e outras distribuidoras de combustíveis. Segundo o Valor Econômico, a Glencore está negociando a compra da distribuidora de combustíveis Alesat, dona da rede de postos ALE. Apesar da empresa suíça ser um nome não usual no segmento (é uma trading de commodities), a mesma (1) já tem uma joint-venture com a Corporacion G500 no México, uma associação de donos de postos e serviços, bem como (2) negocia a compra de ativos da Chevron na África do Sul e Botsuana, que compreende uma refinaria na Cidade do Cabo e 800 postos.

“Ainda que a ALE tenha perdido grande participação de mercado nos últimos anos, um novo entrante no setor de combustíveis poderia aumentar a competição no setor, afetando marginalmente Raizen (Cosan), Ipiranga (Ultrapar) e BR Distribuidora”, aponta a equipe de análise da XP Investimentos. 

B2W (BTOW3

A B2W superou o Mercado Livre como a escolha de e-commerce do Morgan Stanley. A companhia, destacam os analistas, é favorecida em relação a concorrente já que está a frente em serviços de atendimento/logística, iniciativas recentes em conjunto com a controladora Lojas Americanas vão gerar valor e valuation parece mais razoável. A B2W teve preço-alvo elevado de R$ 21 para R$ 27 de forma a contabilizar os resultados recentes e uma visão otimista sobre o crescimento de receita.

Já a recomendação equal-weight foi mantida, uma vez que o risco retorno está equilibrado após o desempenho superior da ação. O Morgan Stanley mais que dobrou a estimativa de crescimento do volume de vendas brutas 2017-2020 de 15% para 32% devido à maior penetração do 3P, prevendo alta de 12% da receita líquida ao ano e alta do Ebitda de 45% até 2020. Também do setor, o Magazine Luiza (MGLU3) registra fortes ganhos nesta data. 

Vale (VALE3)

As ações da Vale avançam também com o dia positivo no exterior e com os ganhos do minério de ferro, cujos contratos futuros em Dalian avançam 1,5%, a 474 iuanes. O dia também é de ganhos para siderúrgicas, caso de CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5). 

Atenção ainda para duas notícias sobre a mineradora. A mineradora terá linhas de crédito de até US$ 53 milhões para Samarco. As linhas de crédito de curto prazo serão usadas para apoiar operações da Samarco no segundo semestre e cobrir as despesas relacionadas ao acordo com Ministério Público, disse a Vale em fato relevante. A BHP Billiton também pretende tornar disponível para a Samarco linhas de crédito de curto prazo similares. 

A Vale, como acionista da Samarco, estima contribuir com em torno de R$ 557 milhões com o acordo para restauração do meio ambiente e das comunidades afetadas pelo rompimento da barragem da Samarco no segundo semestre, segundo o fato relevante. A quantia será descontada da provisão registrada no segundo trimestre de 2016. 

A companhia também divulgou o recebimento de US$ 690 milhões de transações de streaming de cobalto. US$ 390 milhões são de transação com a Wheaton e US$ 300 milhões da Cobalt 27, segundo fato relevante.

Rumo (RAIL3)

Segundo matéria do jornal Valor Econômico, o governo pretende anunciar na próxima semana o novo Plano Nacional de Logística (PNL), no qual a renovação antecipada de concessões de ferrovias deverá ganhar prioridade – e a Rumo pode se beneficiar.

A ideia é que o PNL defina um conjunto de obras que terão prioridade no recebimento de recursos do orçamento da União, de forma a inibir o uso eleitoreiro dos investimentos. O governo ainda não desistiu de renovar os principais contratos ainda este ano, mas enfrenta grandes dificuldades operacionais e burocráticas para cumprir o prazo. A Rumo, que controla a concessionária Malha Paulista, já elaborou mais de 70 projetos executivos de obras no interior de São Paulo para dar mais robustez ao pedido de renovação antecipada.

Hypera (HYPE3)

Segundo o jornal o Estado de São Paulo, o empresário João Alves Quiroz Fillho, fundador da Hypera Pharma (antiga Hypermarcas), e Cláudio Bergamo, ex-presidente da companhia, estão em conversas para tentar fazer delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR). Em outra frente, o grupo também discute um acordo de leniência. Queiroz e Bergamo se afastaram da empresa no fim de abril, e ambos foram alvos da Operação Tira-Teima, deflagrada pela Polícia Federal no mesmo mês. Há a expectativa, segundo o jornal, de que as conversas para possíveis delação e leniência tenham desfecho nos próximos dias.

Frigoríficos

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou cerca de R$1,5 bilhão em linhas de crédito de capital de giro às agroindústrias de aves e suínos no país. Os recursos terão taxas de juros entre 8-10% ao ano, com carência de dois anos e prazo de pagamento de três anos, após o período de carência.

O banco também sinalizou que poderá renegociar dívidas contraídas em operações diretas. Apesar do montante ter sido menor que o pleiteado pela ABPA (R$2,5 bilhões), o banco sinalizou a possibilidade de liberar mais recursos caso o limite de R$1,5 bilhões seja atingido. “Além disso, o apoio do BNDES é positivo para o setor tendo em vista a crise enfrentada devido aos embargos internacionais e efeitos da greve dos caminhoneiros”, avalia a equipe de análise da XP Investimentos. 

(Com Agência Estado e Bloomberg) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.