Dólar tem máxima em um mês e Ibovespa sobe “só” 0,3% após tuíte de Trump apagar otimismo

Bolsa subia mais de 2% quando o presidente dos EUA anunciou tarifas de 10% sobre mais US$ 300 bilhões em produtos chineses

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O dólar fechou perto da máxima e atingiu seu maior nível em um mês nesta quinta-feira (1), ao mesmo tempo em que o Ibovespa terminou o pregão quase estável.

A Bolsa subia mais de 2% às 14h25 (horário de Brasília), quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que irá impor tarifas de 10% a mais US$ 300 bilhões em produtos chineses. Trump disse que esses 10% podem ser elevados para 25% dependendo da resposta da China. 

O tuíte acabou com o otimismo que vinha da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa básica de juros brasileira em 0,5 ponto percentual, para 6,00% ao ano, menor patamar da série histórica iniciada em 1996.

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Hoje, o Ibovespa teve leves ganhos de 0,31% a 102.125 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 25,682 bilhões. 

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Já o dólar comercial fechou em alta de 0,74% a R$ 3,8443 na compra e a R$ 3,8455 na venda. Com isso, o câmbio voltou a seu maior patamar desde o dia 2 de julho, quando terminou a sessão cotado a R$ 3,8550. O dólar futuro com vencimento em setembro registra ganhos de 0,88%, para R$ 3,855.

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Segundo o estrategista global da XP Investimentos, Alberto Bernal, a leitura dos mercados é de aumento na volatilidade e nas tensões globais, com risco de desaceleração do crescimento da economia internacional. Por outro lado, o especialista aponta que a desaceleração pode levar a um corte mais forte de juros nos EUA, que por sua vez sustentaria os mercados emergentes.

Política monetária

Se o Copom animou os investidores ao diminuir os juros de maneira mais forte, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), decepcionou, pois além de diminuir as taxas dos Estados Unidos em apenas 0,25 ponto percentual, contou com o discurso confuso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. 

Powell afirmou que o corte não era o início de um ciclo de relaxamento monetário, mas apenas um ajuste de percurso. Depois negou e falou que nunca descartou novas reduções nos juros. 

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A única certeza que existe hoje é que o mercado precisará acompanhar de perto cada indicador econômico dos EUA para saber qual será o próximo passo do banco central da maior economia do mundo. 

Hoje foi divulgado o índice ISM de manufatura nos EUA, que em julho chegou a 51,2 pontos, mais fraco que os 51,9 pontos esperados pelos economistas. No mês passado, o ISM da indústria estava em 51,7 pontos. O indicador monitora mudanças mensais nos níveis de produção.

Por aqui, o mercado de juros futuros repercute os movimentos de Fed e Copom. O DI para janeiro de 2021 cai sete pontos-base a 5,41%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 fica estável a 6,35%.

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Noticiário Corporativo

O destaque corporativo fica com a Vale (VALE3) que encerrou o segundo trimestre deste ano com prejuízo líquido de US$ 133 milhões, revertendo o lucro líquido de US$ 76 milhões apresentados no mesmo período do ano passado.

O número ficou abaixo das expectativas do mercado para o lucro da companhia, de US$ 2,5 bilhões a US$ 2,9 bilhões. A Vale justifica o prejuízo por conta de provisões relacionadas à ruptura da barragem de Brumadinho, ao descomissionamento da barragem de rejeitos de Germano e à Fundação Renova.

A BR Distribuidora (BRDT3) divulgou lucro líquido de R$ 302 milhões no segundo trimestre de 2019, crescimento de 14,8% na comparação com os R$ 263 milhões em igual período do ano passado. Frente ao trimestre imediatamente anterior, de R$ 477 milhões, entretanto, o lucro líquido mostrou uma queda de 36,7%.

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A Azul (AZUL4) recebeu 15 horários de pousos e decolagens, a Passaredo ficou com 14 e a amazonense MAP com outros 12 slots no processo de redistribuição das 41 autorizações que eram operadas pela Avianca no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

No entanto, Passaredo e MAP têm nove dias para demonstrar capacidade técnica para voar no terminal paulistano. Caso contrário, os horários voltarão a ser redistribuídos.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 43,90 +7,15 +74,90 243,12M
 ELET3 ELETROBRAS ON 41,91 +6,40 +72,97 303,33M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 8,20 +6,22 +86,79 515,44M
 JBSS3 JBS ON 26,23 +5,34 +126,34 339,27M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 41,49 +4,77 +47,28 177,07M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 IRBR3 IRBBRASIL REON 92,24 -2,91 +13,39 462,81M
 VALE3 VALE ON 48,50 -2,63 -4,90 1,72B
 BRAP4 BRADESPAR PN 30,85 -2,44 +1,26 52,45M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 15,66 -2,37 -0,11 71,89M
 PETR3 PETROBRAS ON N2 28,19 -2,08 +11,36 274,69M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,58 -1,92 1,97B 963,86M 100.724 
 VALE3 VALE ON 48,50 -2,63 1,72B 906,70M 68.618 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 35,31 +1,45 963,62M 704,57M 47.987 
 BBDC4 BRADESCO PN 34,43 -0,20 798,89M 636,08M 47.429 
 BRDT3 PETROBRAS BRON 27,32 +2,71 651,89M n/d 57.223 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 274,75 +4,18 577,94M 284,98M 9.340 
 VVAR3 VIAVAREJO ON 8,20 +6,22 515,44M 291,65M 63.218 
 BBAS3 BRASIL ON 49,15 -0,14 509,71M 519,50M 30.054 
 IRBR3 IRBBRASIL REON 92,24 -2,91 462,81M 291,73M 18.748 
 B3SA3 B3 ON 43,36 +2,77 422,47M 332,61M 34.935 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.