Dólar cai mais de 1% e volta a ficar abaixo de R$ 5 após decisão do Fed

Alguns participantes do mercado temiam que o Fed alterasse suas projeções econômicas para antecipar um cenário de afrouxamento mais comedido

Reuters

(Getty Images)

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acelerou suas perdas e voltou a fechar abaixo da marca de R$ 5 nesta quarta-feira, depois que o Federal Reserve manteve sua taxa básica e também a projeção de que cortará os juros num total de 0,75 ponto percentual este ano.

Projeções atualizadas do banco central norte-americano mostraram que 10 das 19 autoridades do Fed ainda veem a taxa básica em queda de pelo menos 0,75 ponto percentual até o final deste ano, uma visão mediana definida pela primeira vez em dezembro e mantida apesar da recente inflação mais forte do que o esperado.

Alguns participantes do mercado temiam que o Fed alterasse suas projeções econômicas para antecipar um cenário de afrouxamento mais comedido em 2024, o que seria amplamente benéfico para o dólar, mas isso não se confirmou.

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O dólar à vista fechou em queda de 1,14%, a R$ 4,9741 na venda, depois de ter encerrado os dois pregões anteriores acima de R$ 5. A baixa desta quarta-feira foi a mais intensa desde 3 de novembro do ano passado (-1,53%).

“O Federal Reserve (forneceu) referências claras a múltiplos cortes que poderiam atingir 75 pontos-base durante 2024 e outros 75 pontos durante 2025, situação que poderia incentivar um enfraquecimento na cotação do dólar devido ao menor valor intrínseco que isso propõe diante da maior abundância de dólares na economia e facilidade de acesso ao crédito”, disse Renato Campos, analista sênior de mercados para América Latina da Hantec Markets.

Aliviando ainda mais os mercados, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira em entrevista coletiva que, mesmo com a força inesperada dos dados inflacionários recentes nos EUA, sua perspectiva para as pressões sobre os preços é relativamente estável. Ele frisou que o Fed não vai reagir exageradamente a — nem ignorar — os últimos dois meses de dados.

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“Não seria exagero dizer que, ao pontuar que o Fed não vai reagir em demasia a um dado específico, Powell minimizou a importância dos números recentes de inflação — que, em sua maioria, trouxeram uma composição não muito favorável”, avaliou Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos.

“A leitura dos mercados às falas de Powell foi de que mesmo com os números de janeiro incomodando, o Fed continua com o propósito de cortar os juros assim que possível.”

Quanto mais cedo o Fed começar a cortar os juros, maior fica o diferencial de juros entre Brasil e EUA, e, quanto maior esse diferencial, mais interessante fica o real para uso em estratégias de “carry trade”. Nelas, toma-se empréstimos em país de juros baixos e se aplica esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma que se lucra com a diferença de taxas.

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Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informará sua decisão de política monetária no fim do dia, com os mercados fechados, e deve voltar a cortar a taxa Selic em meio ponto percentual, a 10,75%. Economistas estão atentos a possíveis mudanças na orientação da autarquia de manutenção do ritmo de cortes nas “próximas reuniões”, de acordo com pesquisa da Reuters.

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