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O dia foi de fortes ganhos para o dólar, que ultrapassou já durante a manhã desta quarta-feira (27) o patamar dos R$ 5 e acelerou a alta durante a tarde, acompanhando a maior aversão ao risco no exterior, com a visão mais consolidada de que os juros altos seguirão por mais tempo nos países desenvolvidos (notoriamente nos EUA).
O dólar comercial subiu 1,22%, a R$ 5,047 na compra e R$ 5,048 na venda, fechando no maior patamar desde maio, após atingir máxima de R$ 5,08.
A última vez em que a divisa norte-americana havia superado os R$ 5 nas negociações intradiárias fora no dia 18 de agosto. No entanto, o dólar não encerrava um pregão acima dessa marca desde o início de junho.
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O movimento de alta se intensificava conforme os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano voltaram a subir e agentes financeiros continuavam apreensivos com a chance de uma paralisação parcial do governo dos Estados Unidos.
O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, o republicano Kevin McCarthy, rejeitou nesta quarta-feira um projeto de lei provisória de financiamento que avançava no Senado, aproximando Washington de sua quarta paralisação parcial do governo dos EUA em uma década.
O impasse nos EUA é mais um componente negativo em um mercado já debilitado pelas preocupações com a possibilidade de juros mais altos por mais tempo em economias relevantes, incluindo os EUA, além de receios sobre a China, em particular o setor imobiliário daquele país.
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Mecanismos acionados
De acordo com operadores, o movimento de alta do dólar neste pregão foi impulsionado ainda por fatores técnicos, uma vez que a superação da marca de R$ 5 provavelmente acionou mecanismos de “stop loss”, ou ordens automáticas de compra.
“É o ‘stop’ que bate, e nesta semana já começou o movimento da Ptax; o pessoal que está comprado (em dólar) vai aproveitar esse movimento” para impulsionar a moeda norte-americana a patamares mais interessantes a suas posições, explicou à Reuters Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas apostas, sejam elas de que o dólar vai subir ou de que vai cair.
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“A alta do dólar está refletindo duas conjunturas momentâneas muito desfavoráveis: 1) percepção de que os juros americanos ficarão elevados por longo tempo, o que favorece a moeda americana e 2) ruídos domésticos relacionados ao lado fiscal, com a questão dos precatórios e o impacto sobre as contas públicas. Existe um temor do mercado que o governo não consiga entregar o déficit primário zero ano que vem, que ele prometeu. Creio que esse valor mais puxado pode perdurar por algum tempo”, aponta Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama.
Na mesma linha, o economista André Perfeito avalia que o dólar deve ficar no patamar de R$ 5,00 ao longo deste final de 2023.
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Em relatório para clientes institucionais, a mesa de operações do Citi destacou que as falas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, na Câmara dos Deputados nesta quarta, não surtiu tanto efeito no mercado.
“O otimismo do presidente do BC de que a política fiscal não interferirá no processo de desinflação levantou questões, mas não fez preço”, aponta, uma vez que atribui o movimento na sessão à dinâmica de fim de mês/trimestre.
“A postura do BC tem sido bastante clara em termos de um ritmo de corte da Selic a 50 pontos-base por reunião, e os Dls mal estão reagindo às manchetes de Campos Neto”, aponta. Os investidores ficam de olho ainda na reunião entre o presidente Lula e o presidente do BC hoje, às 17h30.
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A alta do dólar também está em linha com a valorização da divisa norte-americana em relação a uma cesta de partes fortes, contra as quais tem vivido um rali nas últimas sessões depois que o Federal Reserve indicou aos mercados que manterá os juros mais altos por mais tempo de forma a combater a inflação.
O banco central dos EUA manteve sua taxa básica na semana passada, mas seus membros ainda esperam mais uma alta de 0,25 ponto percentual este ano e elevaram as projeções para o patamar dos juros em 2024, conforme a maior economia do mundo mostra resiliência surpreendente –o que nubla a perspectiva de controle da alta dos preços.
Quanto mais altos os juros nos Estados Unidos, mais a divisa dos EUA tende a se valorizar globalmente, uma vez que os rendimentos dos Treasuries ficam atraentes quando comparados aos retornos de títulos emergentes, de risco muito maior.
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(com Reuters)