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Poucos setores da Bolsa oferecem uma combinação tão atrativa para investidores quanto o de energia. Isso acontece tanto por fatores como a distribuição atraente de dividendos ou pelo fluxo de caixa mais consistente, por ser um serviço essencial e concessionado.
Mas, em meio a tudo isso, qual melhor critério para escolher uma ação de energia na Bolsa? Vale buscar por ações que paguem dividendos atraentes ou que tenham uma avaliação (valuation) barata? Confira a seguir o que especialistas, consultados pelo InfoMoney, recomendam.
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Dividendos ou valuation? Ações de elétricas
Antes de mais nada, importante destacar que o setor de energia deve passar por mudanças nos contratos de distribuição, com foco na revisão da qualidade de serviços.
A minuta do decreto que deve redefinir algumas regras para concessionárias foi entregue no fim de maio e, dentre as possíveis mudanças, traz potencial limite de pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Na prática, esse limite poderia acontecer caso houvesse descumprimento de indicadores de qualidade técnica, comercial e econômico-financeiros.
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A renovação das concessões de distribuição envolve grandes grupos do setor elétrico, como Enel, Neoenergia (NEOE3), CPFL (CPFE3), Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3).
Está em jogo a prorrogação de 20 contratos que vencem a partir de 2025, compreendendo 64% do mercado de distribuição de energia do país. A condição para renovação por mais 30 anos é a demonstração de “prestação de serviço adequado”. Os contratos foram prorrogados ao fim de 2022.
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Entre essas companhias, apenas uma está na lista das maiores pagadoras de dividendos do setor. Neste caso, é a CPFL, que tem taxa de retorno em dividendos (dividend yield, em inglês) de 10,21%, de acordo com levantamento realizado pela Economatica.
Qual ação de energia está mais barata?
A mudança nas regras para concessões é apenas um dos pontos enfrentados pelas companhias do setor nos últimos temos. A alta dos juros trouxe impacto para os papéis de energia, considerando a típica utilização de recursos para alavancagem nas operações do setor, de acordo com Arlindo Souza, analista da Levante Inside Corp.
“Todo o setor, à exceção de alguns nomes, está em um valuation bastante interessante, principalmente as distribuidoras de energia”, comenta Souza.
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No segmento de geração e transmissão de energia, o analista destaca que a Eletrobras (ELET3) é uma das escolhas, considerando as recentes melhorias operacionais. O ciclo de preços de energia elétrica mais baixos também deve chegar ao fim e a companhia deve se beneficiar de aumentos.
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Considerando as métricas, a companhia negocia a 18,4 vezes o preço sobre o lucro (P/L), mas apresenta uma das mais baixas relações entre preço sobre valor patrimonial, em 0,7x. Já o dividend yield dos últimos 12 meses, considerando dados até 4 de junho, era de 1,13 vezes.
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Já a renovação das concessões impactaria positivamente a Neoenergia, de acordo com Cruz. O texto do decreto, em sua visão, é positivo e deve alongar a duração das concessões.
Outro aspecto que o analista reforça sobre o papel é a relação de alavancagem, que se apresenta em pico no momento, mas deve ceder no médio prazo (1 ano e meio a dois anos). “A gente acha que a companhia vai mostrar uma curva interessante de desalavancagem”, considera.
O analista destaca que a Auren Energia (AURE3) também está entre as preferências da casa, em especial após a aquisição da AES Brasil (AESB3). O nome também é recordistas de dividendos no setor de energia, com dividend yield de 15,66%. Na análise do preço sobre lucro, a Auren também é uma das mais baratas do setor, com relação negativa em 41,3 vezes.
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A CPFL, além dos bons dividendos que deve seguir distribuindo, é considerada “barata” por Vicente Guimarães, CEO da VG Research. “A empresa tem lucros crescentes e consistentes mas em 2024 teve uma queda de 10% no seu preço”, destaca.
Além delas, a Taesa (TAEE11) está entre as maiores pagadoras, com dividend yield de 10,83%, ainda que a relação entre P/L não esteja entre as mais vantajosas (8,7x) e o preço da ação sobre valor patrimonial esteja acima dos 1x desejáveis, em 1,7 vezes.
Confira análise fundamentalistas da elétricas da Bolsa:
| Nome | P/L 04Jun24 de 12 meses | P/VPA 04Jun24 | EV/EBITDA (empresa) 04Jun24 de 12 meses | Div Yld (fim) % 04Jun24 1 anos |
| Auren (AURE3) | -41,3 | 1,0 | 8,0 | 15,66 |
| Taesa (TAEE3) | 8,7 | 1,7 | 8,8 | 10,89 |
| Taesa (TAEE11) | 8,7 | 1,7 | 8,8 | 10,83 |
| Taesa (TAEE4) | 8,8 | 1,7 | 8,8 | 10,80 |
| Cemig (CMIG4) | 5,3 | 1,2 | 4,6 | 10,53 |
| CPFL Energia (CPFE3) | 7,1 | 1,9 | 4,8 | 10,21 |
| Cemig (CMIG3) | 6,4 | 1,4 | 4,6 | 8,69 |
| Tran Paulist (TRPL4) | 6,2 | 0,9 | 7,0 | 8,62 |
| Tran Paulist (TRPL3) | 8,0 | 1,2 | 7,0 | 6,64 |
| Copel (CPLE3) | 11,3 | 1,0 | 7,6 | 5,97 |
| Copel (CPLE6) | 12,7 | 1,2 | 7,6 | 5,87 |
| Alupar (ALUP4) | 12,8 | 1,2 | 8,6 | 4,12 |
| Alupar (ALUP3) | 13,1 | 1,2 | 8,6 | 4,03 |
| Energisa (ENGI11) | 8,0 | 1,4 | 6,2 | 3,67 |
| Copel (CPLE5) | 25,4 | 2,3 | 7,6 | 3,45 |
| Equatorial (EQTL3) | 15,3 | 1,6 | 7,2 | 1,51 |
| Eletrobras (ELET3) | 18,4 | 0,7 | 6,1 | 1,13 |
| AES Brasil (AESB3) | 489,8 | 1,5 | 10,7 | 0,66 |
| Eneva (ENEV3) | -419,3 | 1,6 | 9,6 | 0,00 |
| Serena (SRNA3) | 19,6 | 1,0 | 8,3 | 0,00 |
Entenda os principais indicadores fundamentalistas
Índice de preço sobre lucro (P/L)
É um índice usado para avaliar se o preço das ações de uma empresa está caro ou barato. O preço analisado é sempre o valor por ação que está divulgado na bolsa em um certo momento. Já o lucro é o ganho líquido por cada uma das ações neste mesmo período.
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Um P/L alto pode indicar que a ação está cara em relação ao seu lucro, enquanto um P/L baixo pode indicar que está barata. No entanto, é importante comparar o P/L com o de outras empresas do mesmo setor e considerar o crescimento esperado dos lucros.
Enterprise Value (EV/Ebitda)
O Enterprise Value é a soma do valor de mercado das ações de uma companhia com a dívida líquida dessa empresa. O valor é obtido ao multiplicar o número de ações emitidas pelo preço da ação em determinado momento.
EM síntese, o EV/Ebitda ajusta o valor de mercado da empresa pelo seu endividamento e caixa, oferecendo uma visão mais completa. Um EV/Ebitda baixo pode indicar que a empresa está subvalorizada.
P/VPA
O P/VPA corresponde ao preço de uma ação dividido pelo valor patrimonial correspondente a ela, sendo esse o indicador que diz o quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo patrimônio líquido da empresa.
Assim, quando o P/VPA for inferior a 1, isso significa que a empresa está avaliada abaixo do seu valor patrimonial, sendo considerada barata, enquanto acima de 1 é o contrário. Já se estiver próximo de 1 deduz-se que está com preço preço justo em relação aos seus ativos.
DY (Dividend Yield)
É o retorno sobre o dividendo, em porcentagem, sobre o valor pago pelo papal, calculado pela divisão entre o provento esperado e o preço atual da ação.
De modo geral, pode-se dizer que quanto mais alto é o dividend yield, melhor para o acionista, pois maior será a rentabilidade com dividendos do investimento. Essa análise, no entanto, deve ser feita com cuidado.
Uma ação que esteja muito desvalorizada por apresentar um dividend yield alto, o que não significa que ela será sempre um bom investimento. O indicador, porém, é bastante eficiente para comparar ações de negócios estáveis, como as elétricas.
O que é melhor observar: Dividendo ou Valuation Barato?
Dividendos:
- Ideal para investidores que buscam renda passiva e previsível.
- Indicativo de empresas que geram lucro suficiente para distribuir parte aos acionistas.
Valuation Barato:
- Atrativo para investidores focados em crescimento e valorização de capital.
- Empresas com baixo preço sobre lucro (P/L) ou preço sobre valor patrimonial (P/VPA) podem estar subvalorizadas, oferecendo potencial de ganhos futuros.