De Petrobras a Ambev: 14 empresas que se destacaram nesta temporada de resultados

Analistas André Martins e Gabriel Fonseca participam do Be-a-Bá da Bolsa desta quarta-feira

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – A temporada de resultados de empresas de capital aberto do segundo trimestre de 2018 chegou ao fim no último dia 14, oferecendo ao mercado um panorama sobre como as empresas e setores vêm reagindo aos efeitos da mais longa crise da história do país. Estes balanços são especialmente relevantes pela proximidade das eleições presidenciais: empresas que mostrem resiliência e constância podem ser as favoritas em um período de instabilidade acima da média.

O programa Be-a-bá da Bolsa desta quarta-feira (21) recebeu representantes da XP Research para um panorama geral dos relatórios apresentados ao longo de julho e agosto. Os analistas André Martins e Gabriel Fonseca falaram sobre os setores e empresas de maior destaque, positivo e negativo, no trimestre recém-encerrado. 

Vale lembrar que, apesar da greve dos caminhoneiros em maio, o trimestre trouxe crescimento de dois dígitos em todos os indicadores para as empresas listadas na comparação com o mesmo período de 2017. Parte disso tem relação com a base fraca de comparação: naqueles 3 meses, o PIB caiu, enquanto o IBC-Br mais recente mostrou PIB crescente. Também há efeitos relacionados ao dólar mais caro, que beneficia as exportadoras.

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Entre as análises mais importantes, os especialistas apresentam números de 14 empresas: Petrobras, Engie, Ambev, BRF, Magazine Luiza, Azul, WEG, Localiza, Itaú, BBAS, Cielo, Vale, CSN e Gerdau. 

Destaque positivo: Metais e Mineração

Metais e Mineração foi o setor que mais se destacou de maneira positiva, segundo André. “Tivemos fatores ex-Brasil que impulsionaram os resultados dessas empresas. Temos Vale, CSN e Gerdau com recomendação de compra”, exemplifica. Sendo que a CSN teve recomendação alterada de neutra para compra justamente no dia do resultado, com base em uma mudança de perspectiva de médio prazo”.  

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Bancos e setor financeiro

No setor financeiro, os analistas falam em resultados consistentes para a maioria das empresas. “Em linhas gerais, os resultados dos 4 bancos foram bons. A Cielo traz dificuldades e, por fim, a B3 reportou resultados bastante fortes, muito em linha com o que vimos em volumes negociados. Muita volatilidade em dólar, em taxa de juros e volume recorde de negociações na bolsa geraram esse movimento”, menciona o analista responsável pelo setor na XP Research.

Entrando no detalhe de algumas destas empresas, o BB, por ser estatal, é impactado por eleições mais que o restante do setor – por isso, a recomendação da XP para o banco é neutra. O resultado do último trimestre foi positivo, acima das expectativas, e demonstrou que a empresa tem potencial para manter um crescimento sustentável, de acordo com André.

Mais eficiente, o Itaú tem “pressão” do mercado, que sempre espera resultados excelentes nos balanços. “Esse foi um semestre de crescimento para preparar para o semestre seguintes”. Tanto Itaú como Bradesco têm recomendação de compra pela equipe.

Cielo, por sua vez, vem despencando na bolsa e já caiu cerca de 40% neste ano pelo aumento da concorrência e dificuldade de previsibilidade do mercado. Com a chegada de novas maquininhas – que criou uma “guerra” no setor -, as despesas de marketing têm subido junto com os desafios gerais da empresa. Pela falta de visibilidade do mercado por ora, a recomendação é neutra para o papel.

Elétricas

Entre as empresas mais previsíveis da bolsa, as elétricas têm endividamento maior, então a queda da Selic representa diminuição das despesas e, portanto, mais lucros e mais dividendos. Por isso, o elétrico é um setor interessante para estar na carteira dos investidores que buscam fuga da volatilidade eleitoral.

Dentro da indústria, a Engie foi uma empresa cuja recomendação da XP mudou após os resultados, para compra. “Completamente privada e controlada por um grupo Belga, ela está totalmente protegida” das incertezas eleitorais, diz Fonseca. É diferente, por exemplo, da Cemig.

“Quando a curva de juros fica incerta, ela é um pouco mais penalizada, mas a gente vê grandes oportunidades para Cemig. A ação vai ficar mais barata no ano que vem e a empresa tem muita oportunidade de gerar valor com venda de ativos e voltar a ser uma excelente pagadora de dividendos, como era antes”, comenta o analista.

Outros destaques

Já a Petrobras apresentou resultado recorde, e os números positivos devem continuar aparecendo até o final do ano, conforme explica Gabriel. Em Ambev e Magazine Luiza, o impulso da Copa do Mundo ajudou a diminuir o impacto da greve dos caminhoneiros.

Segundo Gabriel, BRF é uma empresa que não depende só do balanço – fatores internacionais são muito fortes, por exemplo. “A gente tem na nossa carteira pelo potencial de transformação da empresa no médio prazo”, explica.

Em outro destaque, a demanda de projetos em energia eólica e solar beneficiam a WEG. Localiza, por sua vez, não foi tão afetada pela greve dos caminhoneiros, mas o mercado pesou um pouco no valor da ação.

Azul entregou basicamente um resultado sólido, apesar do câmbio e greve dos caminhoneiros. Ainda assim, há cautela com a aérea. “Nesse momento de volatilidade de câmbio estamos em modo de pausa, com recomendação neutra. Isso pega Gol também, e qualquer aérea: as despesas são em dólar e as receitas não necessariamente”.

Oportunidades

Vale lembrar que períodos de volatilidade criam, além de risco, oportunidades na bolsa de valores. “O investidor que estiver líquido pode acabar encontrando ativos que estejam com uma assimetria, tanto para cima para fazer um short quanto para baixo para fazer compra”. Neste sentido, quem acompanha de perto os balanços de determinadas empresas e acredita no potencial delas, pode aproveitar eventuais quedas de papéis decorrentes de incertezas eleitorais para comprar, por exemplo, esperando valorização.

Apresentado por Thiago Salomão, o programa é semanal e vai ao ar a partir das 11h, às quartas-feiras, pela InfoMoneyTV e pelo Facebook do InfoMoney. Para assistir ao Be-a-Bá da Bolsa desta semana, clique no player acima.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney