CVC: após ação subir 15% em fevereiro, companhia divulga estratégia: o que esperar?

CVC anunciou iniciativas de crescimento em evento no fim de semana; BBA ressaltou esperar melhora apenas no segundo semestre de 2024, mas mantém compra para os ativos

Felipe Moreira

(Roberto Tamer / Divulgação)

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No último fim de semana, a CVC (CVCB3) apresentou sua estratégia de crescimento de médio e longo prazo, focada em inaugurações em cidades menores e de diversos formatos, incluindo quiosques e lojas modulares, que pode ser montado em 24 horas e tem menor custo para o franqueado. Cabe ressaltar que as ações subiram cerca de 15% em fevereiro, entre os maiores ganhos do Ibovespa, mas ainda caem cerca de 4% em 2024.

O evento contou com a presença da administração da empresa, dos conselheiros e do fundador Guilherme Paulus, além de mais de 1.800 participantes, entre fornecedores, franqueados e colaboradores.

A operadora de turismo tem atualmente cerca de 1.100 lojas e espera abrir 400 até o ano de 2024, atingindo o nível pré-pandemia, e depois mais 500 lojas até 2025. O CEO Fábio Godinho ainda disse que a empresa conseguiu gerar caixa operacional em janeiro, mês que costuma ter consumo de caixa.

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O Bradesco BBI destaca que a CVC passa por um processo de transformação e continua apostando no modelo phygital (combina o físico e o digital), em que a capilaridade das lojas físicas é importante para atrair e fidelizar um maior número de clientes. “Apesar destas mudanças, o cenário macro continua desafiador para o setor do turismo e há uma forte concorrência das empresas digitais”, comentam analistas.

Já o Itaú BBA comenta que a CVC divulgou os principais projetos que focará daqui para frente: i) introdução de novos formatos de lojas para atingir 2.000 pontos de venda no longo prazo (ante 1.038 no 3T23); ii) potencializar a jornada phygital de novos clientes; iii) implementação de uma nova estrutura de gestão de receitas; iv) cooperar com o grupo Ávoris; v) um conjunto de produtos regionais denominado “Me Leva CVC Brasil e Mundo”; e vi) projeto de aumento de vendas de serviços e produtos opcionais denominado “CVC no Destino”.

Segundo o BBA, a CVC pretende recuperar sua base de franquias pré-pandemia (cerca de 1.400 lojas no ano de 2019), o que o banco acredita que provavelmente acontecerá antes do ano de 2025.

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Para 2024, a empresa espera atingir 290 aberturas brutas de lojas, e no evento deste fim de semana mais de 300 participantes assinaram um formulário demonstrando a intenção de abrir uma ou mais franquias em 2024.

Para atingir 2.000 pontos de venda no longo prazo, a CVC irá ter três formatos de lojas modulares: i) lojas tradicionais – R$ 110 mil capex, 24 m2; ii) lojas leves – R$ 90 mil capex, 18 metros quadrados; e iii) quiosques, formato inovador que é veículo para marcar presença em shoppings onde atualmente não há espaço disponível para abertura de loja – R$ 50 mil de investimento, 12 metros quadrados. “Esta estrutura de design modular facilita a rápida construção e mobilidade, embora também existam opções para lojas não modulares e formatos store-in-store”, diz BBA.

A CVC também compartilhou que não apenas reduziu o capex de suas lojas, que até o 2T23 era de R$ 150 mil por loja (em comparação com os níveis de capex para os formatos modulares mencionados acima), mas também encurtou o tempo médio necessário para abrir uma loja, de 85 dias a 50 dias.

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“Para se adaptar à evolução do comportamento de compra dos clientes, que se apoia cada vez mais nas redes sociais e outros canais digitais, a empresa tem investido em marketing e sistemas internos para acompanhar as jornadas phygital dos clientes”, explica BBA.

De acordo com relatório do BBA, 30% dos agendamentos do B2C Brasil utilizam o WhatsApp durante toda a transação (e 19% são totalmente digitais, sem que o cliente vá até uma loja), e há regiões com 45% de uso do WhatsApp, e lojas com mais de 70% de adoção do WhatsApp como ferramenta de vendas. O BBA acredita que a adoção de ferramentas digitais como o WhatsApp pela franquia pode ajudá-la a estar presente em cidades pequenas (até 20 mil habitantes) com baixos gastos com aluguel. Enquanto isso, a CVC está focada em melhorar seu sistema de gestão de relacionamento com o cliente, integrando-o com ferramentas digitais e investindo em marketing para atrair leads.

O Itaú BBA ainda comenta que a CVC deve continuar focada em: i) vendas assistidas de produtos exclusivos; ii) financiamento alternativo ao consumo; iii) abertura de lojas físicas e aumento de produtividade; iv) melhorar seu mix de produtos e taxas de consumo; e v) redução de despesas. Dadas essas expectativas, juntamente com a taxa anual de crescimento compostos (CAGR) de 29% para o lucro por ação, o banco estima que o índice PEG (Fator Preço/Lucro/Crescimento) de 0,5 vez para a CVC para 2025-2028.

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O BBA mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 5,10, embora o banco espere que a CVC comece a reportar um resultado financeiro consolidado positivo apenas no segundo semestre de 2024. A companhia divulga seu resultado do quarto trimestre de 2023 no dia 26 de março. Já o BBI mantém tom neutro em relação à empresa, com recomendação equivalente à manutenção.