CVC (CVCB3) tem resultado fraco, com retomada não se traduzindo em rentabilidade, dizem analistas

Take rate abaixo da estimativas levanta preocupações entre analistas

Felipe Moreira

(Roberto Tamer / Divulgação)

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Os números reportados pela operadora de turismo CVC (CVCB3) na noite passada (9) referentes ao segundo trimestre deste ano (2T22) vieram ruins e abaixo do previsto por analistas.

Em relatório, assinado pelos analistas Joseph Giordano, Guilherme Vilela e Nicolas Larrain, o JPMorgan comentou que as tendências de melhoria numérica de reservas da CVC não estão traduzindo em resultados operacionais materialmente melhores.

O Bradesco BBI, por sua vez, escreveu que os resultados ficaram abaixo das expectativas devido à deterioração do take rate (receita líquida divida pelas reservas consumidas) – diferença entre o que a empresa paga pelos pacotes de turismo e o que cobra do cliente – e à menor qualidade das reservas com maior peso na Argentina, que parece insustentável.

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Na visão de analistas da Eleven, a CVC apresentou um resultado misto no 2T22 e ligeiramente abaixo das estimativas. “Apesar de ainda não ter retornado aos patamares operacionais de 2019, a CVC novamente demonstrou uma retomada de sua operação, dando mais um passo para o fechamento de gap dos níveis pré-pandemia.”

As reservas chegaram em R$ 3,75 bilhões, mais que dobrando na base anual, mas 12% abaixo 2T19 e 6% abaixo das estimativas do JP. O embarque foi de R$ 3,6 bilhões, representando 90% do níveis de 2019 e 8% abaixo da estimativa do JP, pois analistas esperavam melhorias mais robustas em junho. Além disso, a composição foi diferente do esperado, com maior contribuição da Argentina.

No comunicado, a companhia sinalizou que o declínio do take rate foi impulsionado por (1) mix mais baixo que se direcionou para B2B (solução para outras empresas) e Argentina sobre B2C (solução aos consumidores) como sinalizado, (2) maior peso de voos internacionais nas reservas de consumidores e (3) um ajuste de fornecedores na frente B2B que não deve ser recorrente.

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O take rate no Brasil ficou abaixo das expectativas tanto no Segmento B2C (12,9% vs. JP 13,5%) e no lado B2B (4,8% vs. JP 6%).

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou negativo em R$16 milhões, “refletindo o efeito das vendas menores”, comentam analistas.

De positivo, a equipe de research da Eleven destaca a melhora de receita na base de comparação anual nas principais linhas, com crescimento reservas consumidas e consequente melhora de receita e Ebitda, que foram impulsionados pelo bom desempenho do canal B2B e bom resultado da Argentina.

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Olhando para frente, analistas do Bradesco BBI acreditam que alguns desses problemas podem reverter nos próximos trimestres, pois as reservas confirmadas mostram um mix internacional mais baixo (mas ainda alto) de 46% durante o trimestre, então parte da reversão já está registrada em embarques futuros. Além disso, parte do impacto de preços das promoções de aniversário não se repetirá.

Em síntese, a visibilidade em torno de reservas completas e recuperação de margem permanece limitada e Bradesco BBI acredita que a empresa só entregará um lucro líquido considerável em 2024. Portanto, mantém classificação neutra e preço-alvo de R$ 10, o que representa potencial de valorização de 41,4% frente ao preço de fechamento de terça-feira (9) de R$ 7,07.

O JP Morgan cortou ontem (9) a recomendação do ativo de compra para neutro e preço-alvo de R$ 21 para R$ 10.

Diferente de outras casas de análise, a Eleven é mais otimista com CVC e recomenda compra, com preço-alvo de R$ 12, um potencial de alta de 69,7% em relação a cotação de fechamento da véspera.

As ações CVCB3 abriram em alta – também refletindo o bom humor do mercado com a inflação abaixo do esperado nos EUA -, mas operavam próximas à estabilidade às 10h24 (horário de Brasília), com leves ganhos de 0,85%, a R$ 7,13.

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