CSN x CSN Mineração: por que as ações caíram mesmo após resultados acima do esperado?

As ações da CSN e CSN Mineração chegaram a ter fortes perdas

Felipe Moreira

Foto: Bloomberg
Foto: Bloomberg

Publicidade

As ações da CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) fecharam entre as maiores perdas do Ibovespa nesta quinta-feira (5), ainda que longe das mínimas, após divulgação de resultados trimestrais na noite da véspera. CSNA3 teve queda de 4,60%, a R$ 8,71, enquanto CMIN3 fechou em baixa de 0,17%, a R$ 5,96, após chegar a cair mais de 3% no pior momento do dia.

O JPMorgan avaliou que ambas as companhias superaram suas estimativas e o consenso do mercado, mas o fluxo de caixa livre negativo continua sendo um ponto de preocupação, levando o banco a adotar uma visão neutra sobre os resultados.

Leia também:

Análise de Ações com Warren Buffett

Contrariando as expectativas de uma reação neutra dos analistas do Bradesco BBI, as ações da CSN recuam, já que o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) acima do esperado e o forte desempenho operacional são compensados pela continuidade da fraqueza na geração de caixa.

Para a CSN Mineração, o banco previa uma reação ligeiramente positiva, apesar dos desafios semelhantes de caixa, avaliando que os bons resultados operacionais e o anúncio consistente de dividendos poderiam sustentar o otimismo.

Já o Goldman Sachs destacou que o EBITDA da CSN, de R$ 3,3 bilhões, ficou 7% acima das suas estimativas e 13% acima do consenso da Visible Alpha, impulsionado principalmente pelo desempenho da subsidiária CSN Mineração (CMIN3), que registrou EBITDA de R$ 2,0 bilhões, superando as projeções do Goldman e da Visible Alpha em 23% e 35%, respectivamente.

Continua depois da publicidade

Os resultados do segmento de aço foram mais fracos, ficando 30% abaixo da estimativa do Goldman Sachs e 25% abaixo do consenso da Visible Alpha.

O consumo de caixa livre da CSN diminuiu no trimestre para R$ 1 bilhão, ante R$ 1,5 bilhão no 2T25, refletindo maior rentabilidade no minério de ferro. O Goldman observa que algum impulso nos preços do aço pode ajudar os lucros entre o 4T25 e 2026, mas avalia que o ciclo de alta do minério de ferro já atingiu o pico. Além disso, o alto nível de alavancagem e as necessidades elevadas de investimento (capex) devem manter o balanço sob pressão, o que segue sendo um dos principais motivos para a visão cautelosa do banco sobre a companhia.

Os números da CSN também vieram acima das estimativas da Monte Bravo. No entanto, a corretora salienta que, dado o cenário desafiador para suas principais atividades, as estimativas eram muito baixas. “Mesmo com os resultados melhores, a companhia continua tendo dificuldades para acelerar sua geração de caixa, o que não é bom em um cenário de Selic elevada e estrutura de capital desequilibrada”, comentam analistas da Monte Bravo.

Para a XP Investimentos, apesar dos resultados sequencialmente melhores, a alavancagem continua sendo uma preocupação para a geração de fluxo de caixa (FCF). Sendo assim, manteve recomendação neutra, devido à perspectiva estruturalmente cautelosa em relação aos preços do minério de ferro e a alta alavancagem da CSN implica uma margem de segurança limitada em meio às elevadas taxas de juros no Brasil.

CSN Mineração

O Morgan Stanley destacou que o EBITDA ajustado de R$ 1,988 bilhão ficou 39% acima do consenso da Visible Alpha de R$ 1,435 bilhão e 12% acima da estimativa de mercado de R$ 1,769 bilhão. Segundo o banco, o desempenho acima do esperado foi impulsionado por receitas significativamente maiores, que mais do que compensaram os custos e as despesas gerais e administrativas também acima das projeções.

O lucro por ação normalizado de R$ 0,13, no entanto, ficou abaixo do consenso da Visible Alpha e da estimativa de mercado, ambos em R$ 0,15. O Morgan Stanley atribui o resultado mais fraco a maiores perdas líquidas monetárias e cambiais, além de uma alíquota efetiva de imposto acima do esperado, fatores que compensaram o bom resultado operacional.

Continua depois da publicidade

O Morgan Stanley também observou que o fluxo de caixa operacional de R$ 1,163 bilhão superou amplamente o consenso da Visible Alpha de R$ 394 milhões e sua própria estimativa de R$ 432 milhões. “O desempenho acima do previsto foi explicado por adiantamentos de clientes de aproximadamente R$ 722 milhões, relacionados ao minério de ferro.”

O Itaú BBA comenta que os resultados melhoraram sequencialmente, devido aos preços realizados mais altos e aos volumes mais robustos. A posição de caixa líquida, por sua vez, caiu de R$ 4,7 bilhões no 2T25 para R$ 3,9 bilhões em relação ao trimestre anterior, devido ao pagamento de dividendos de R$ 1,5 bilhão durante o 3T.

Segundo a Monte Bravo, a operação de mineração apresentou bons resultados, sendo responsável pela performance positiva da holding, com forte volume de vendas e uma boa performance em seu custo caixa, que veio abaixo das projeções. Com melhores volumes de vendas e melhor desempenho de custos, a companhia conseguiu entregar um bom EBTIDA. “Em nossas contas, mesmo após o trimestre bastante positivo, a companhia continua com uma geração de caixa ligeiramente negativa.”

Continua depois da publicidade

Recomendações

A Monte Bravo manteve recomendação neutra para CSN (CSNA3) e preço-alvo de R$ 12,50, enquanto reiterou classificação de venda para CSN mineração, com preço-alvo de R$ 5,75. Já o Goldman Sachs manteve recomendação de venda para CSNA3 e CMIN3, com preço-alvo de R$ 7,50 e R$ 5, nesta ordem. O JPMorgan, por sua vez, reiterou classificação neutra para CSN, com preço-alvo de R$ 8,50 e de venda para a mineradora.

O Morgan Stanley também manteve recomendação de venda para ações da CSN Mineração, com preço-alvo de R$ 4,50. O BBA, por sua vez, reiterou classificação neutra e preço-alvo de R$ 6,50.