CSN e Vale lideram ganhos e microcap sobe 200% em 3 dias; veja 8 destaques

Após subirem forte nos últimos pregões, Fibria e Suzano fecham em queda; Eletropaulo fecha entre as maiores altas com expectativa de reajuste

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em dia de sessão reduzida por causa do jogo do Brasil, apenas 14 das 71 ações do Ibovespa fecharam no positivo, sendo que 2 registraram ganhos de mais de 2%. Do lado negativo, foram 10 papéis recuando mais de 2%, com destaque para a Petrobras, que estendeu suas perdas do último pregão e pressionaram o índice. Entre as altas, chamaram atenção as ações das siderúrgicas e da Vale (VALE3; VALE5).

Extremamente sensíveis ao noticiário chinês, as ações ordinárias da Vale subiram 1,18%, a R$ 29,11, enquanto as preferenciais avançaram 1,51%, para R$ 26,17, após dados da indústria asiática mostrarem a primeira expansão mensal em 2014, oferecendo novos sinais de que a economia está se estabilizando. PMI preliminar do HSBC/Markit para a indústria da China subiu mais do que o esperado, para 50,8 em junho ante 49,4 em maio – a expectativa era de que o indicador ficasse em 49,7. Vale lembrar que o PMI marca expansão acima de 50 e contração abaixo do limiar.

Ainda assim, muitos analistas acreditam que o governo poderá precisar apresentar mais medidas nos próximos meses para compensar os riscos de uma desaceleração no mercado imobiliário e a persistente fraqueza nas exportações, depois que o premiê chinês prometeu na semana passada que a economia não sofrerá um pouso forçado. Vale lembrar que as ações da Vale chegaram a valer R$ 25,30 na semana passada, seu menor patamar desde março.

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A holding com participação na mineradora, Bradespar (BRAP4, R$ 20,16, +2,39%) também subiu forte. Mesmo cenário visto pelas siderúrgicas, com a CSN (CSNA3, R$ 9,52, +2,70%), Gerdau (GGBR4, R$ 13,80, +0,29%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,17, +0,74%) também fechando em alta.

Suzano (SUZB5, R$ 8,80, -0,68%) e Fibria (FIBR3, R$ 23,18, -0,69%)
Destaques de alta do Ibovespa na semana passada, as ações do setor de papel e celulose seguiram o mesmo movimento de realização de ganhos das elétricas nesta segunda-feira. As empresas foram impulsionadas pelo anúncio de retorno do Reintegra, um programa de devolução de parte dos impostos pagos por exportadores; a medida, no entanto, afetará mais as duas companhias.

Em relatório, o Citi Research afirmou que Fibria e Suzano devem se ser as mais beneficiadas da Bovespa, com o impacto no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2015 ficando em 6,8% e 5,9%, respectivamente.

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All Ore (AORE3, R$ 0,42, +50,00%)
As ações da micro cap All Ore, companhia pré-operacional criada em 2008 e voltada para o setor de mineração, sobem forte pelo 3º dia seguido e acumulam nesta trinca uma valorização de 200%, novamente com um volume bastante acima da média. 

Na quarta-feira passada, a BM&FBovespa indagou a companhia acerca do motivo desta disparada. A All Ore, por sua vez, manifestou-se dizendo que desconhece qualquer fato que possa justificar as oscilações, mas que interpreta a movimentação “como ajuste natural dos preços após o recente leilão de venda realizado por um investidor minoritário”, realizado em maio e que culminou na derrocada de mais de 90% no preço das ações.

Em 22 de maio, a All Ore tomou conhecimento de um edital de leilão a ser realizado no dia 26 de maio envolvendo 6 milhões de ações da companhia ao preço de R$ 0,01 – isto mesmo, um centavo. Como os papéis estavam cotados a R$ 1,00 na Bovespa até o dia 20, a notícia provocou uma derrocada no mercado, com os ativos AORE3 chegando a valer R$ 0,07 no dia 26 – configurando queda de 93% em apenas 4 pregões.

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Cemig (CMIG4, R$ 17,81, -1,44%)
Na outra ponta do Ibovespa, ficaram as ações da Cemig, que assim como todo setor elétrico registraram queda superior a 1% nos minutos iniciais, dando continuidade ao movimento de realização de ganhos iniciado na sexta-feira, após um longo rali de alta do setor na Bovespa.

Para a companhia mineira, colabora para a correção baixista o corte de recomendação do BTG Pactual, que reduziu a recomendação dos papéis para “neutra”, mantendo o preço-alvo em R$ 16,00 por ação – preço 11,5% abaixo do fechamento de sexta-feira (20). Segundo relatório, o cenário eleitoral tem sido uma das razões para o recente desempenho positivo da Cemig e e se o candidato do PSDB vencer, investidores esperam que companhia seja capaz de manter as 3 plantas surpreendentemente incluídas no programa de renovação de concessões em 2012 – São Simão, Jaraguá e Miranda.

Eletropaulo (ELPL4, R$ 10,48, +1,35%)
Destoando da maior parte das companhias elétricas, a Eletropaulo ficou entre os maiores ganhos do dia diante das expectativas por reajuste dos preços. A companhia pediu para a Aneel um reajuste de 16,69%, e a data para que a mudança ocorra é 4 de julho. Na proposta enviada, a compra de energia foi o item que mais influenciou no porcentual pedido, com 11,6 p.p. do total. Os encargos setoriais tiveram participação de 1,7 p.p., e a transmissão de energia, 0,6 p.p.. Juntos, esses 3 itens formam os custos não-gerenciáveis da companhia.

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Além do reajuste solicitado pela Eletropaulo, é esperada para essa semana que a Aneel inclua na pauta a deliberação sobre o reajuste anual da Copel (CPLE6), que estava sendo aguardada para a terça-feira da semana passada, mas foi retirada. A companhia de distribuição paranaense pediu na semana passada um aumento médio de 32,4% nas tarifas.

Brasil Pharma (BPHA3, R$ 3,68, -1,60%)
A Brasil Pharma acelerou as perdas nos minutos finais do pregão após a Fitch Ratings rebaixar de AA- para A+, o Rating Nacional de Longo Prazo da companhia. A Perspectiva do rating corporativo foi revisada de estável para negativa.

Segundo a agência, o rebaixamento reflete “as expectativas frustradas da Fitch de que a Brasil Pharma seria bem-sucedida em suas estratégias de fortalecer a estrutura de capital e de negociação de quebra de convenants financeiros reduzindo as pressões de liquidez de curto prazo”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.