Copel (CPLE6) destaca dois desinvestimentos e enfatiza necessidade de mudanças regulatórias

Enquanto isso, analistas destacaram dividendo robusto anunciado pela companhia, mas que não evitou queda das ações na sessão

Augusto Diniz

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Em teleconferência realizada nesta quarta (23) após os resultados do quarto trimestre de 2021, a Copel (CPLE6) destacou o andamento dos desinvestimentos feitos pela companhia de  da estatal paranaense.

Daniel Pimentel Slaviero, CEO da empresa, ressaltou que a companhia venceu a última etapa de renovação da outorga da Compagas, empresa de distribuição de gás canalizado que controla, com 51% de participação.

“Esperamos nas próximas semanas ter as condições finais de renovar a concessão e, assim, poder fazer o processo de desinvestimento (da empresa de gás) até o final de 2022”, disse.

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Na agenda de desinvestimentos está ainda a Usina Hidrelétrica de Foz de Areia, em Pinhão (PR). Depois da repactuação por meio do GSF, a concessão foi renovada até dezembro de 2024. A repactuação do GSF é um dispositivo utilizado pelo Ministério das Minas e Energia para extensão de outorga de hidrelétricas.

“Portanto, faremos a venda do controle desse ativo no último trimestre de 2023 (a venda do controle pode ser feita até 12 meses antes do fim da concessão), como possibilita o decreto do Ministério de Minas e Energia”, informou Daniel Pimentel Slaviero.

Capex de 2022 é de R$ 2 bi

O CEO da Copel disse ainda que a empresa busca oportunidades brownfield e greenfield (no caso, por meio de leilões) no segmento de transmissão e afirma querer fazer parceria para entrar em novos negócios nesse segmento.

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Segundo ele, isso possibilitaria participar de mais de um lote em leilões e diminuiria dispêndio de capital elevado para esses projetos. Slaviero comentou que quer fechar parceria com um ou dois parceiros para os leilões.

A companhia vai destinar R$ 2 bilhões ao programa de investimentos de 2022. A maior parte do montante será destinada ao aprimoramento da eficiência operacional e a redução de custos de ativos.

Programas que visam à renovação dos ativos depreciados em áreas rurais, a melhoria da qualidade e agilidade no atendimento, a integração com cidades inteligentes e a melhoria nas informações via sensoriamento das redes estão no pacote de gastos para esse ano.

Foco em eólica e solar

A Copel informou que 85% de sua geração de energia vem atualmente de fonte hidráulica, 9% de eólica e 6% de térmica.“Nesse momento de crise, ter um portfólio diversificado é estratégico”, comentou o CEO da empresa, Daniel Pimentel Slaviero.

O executivo disse que no período de 3 a 5 anos, a empresa pretende ter pelo menos 25% de geração de energia a partir das fontes eólica e solar.

A empresa afirmou que termina a construção do Complexo Eólico Jandaíra, no Rio Grande do Norte, com capacidade instalada de 90,1 MW, no meio desse ano.

“O crescimento que a empresa enxerga no setor de geração é em eólica e solar”, reafirmou o CEO. A Copel trabalha hoje com energia solar com projetos específicos.

De olho na agenda regulatória

Slaviero disse ainda que a companhia trabalha “forte” na agenda regulatória.

“Enxergamos os movimentos estruturais do setor como inexoráveis, como a abertura do mercado para consumidores de baixa tensão, a separação do lastro de energia e a divisão das atividades de distribuição e comercialização de energia, entre outros, como está no PL 414 (que muda regras de funcionamento do setor elétrico e em tramitação no Congresso) e outros instrumentos legais”, disse.

Mas ele considera “urgente o aperfeiçoamento do modelo de preço (de energia) e o MRE (mecanismo de realocação de energia), que tem acontecido nos últimos meses por conta da estabilidade do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), e que no nosso ponto de vista é insustentável”.

O MRE, que é usado para definir parâmetros de garantia física de energia no mercado, tem sido criticado por empresas do setor por não condizer com a realidade da capacidade de geração das hidrelétricas.

Slaviero disse ainda que “o momento é de cautela, seja pela alta dos juros seja pela pressão no capex pelo aumento das commodities ou mesmo a conjuntura macroeconômica mundial”.

Análises

Para o Itaú BBA, a Copel divulgou resultados neutros no quarto trimestre. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) registrou queda de 28% no comparativo anual, efeito de uma performance mais fraca dos segmentos de geração e transmissão (G&T), conforme já esperado.

No entanto, a companhia propôs uma distribuição de dividendos adicionais no total de R$ 1,4 bilhão que, somados aos R$ 1,7 bilhão já anunciados, totalizam R$ 3,1 bilhões. “Reiteramos nossa recomendação de compra para CPLE6, com preço-alvo de R$ 7,40”, reforçaram os analistas.

A Levante Ideias de Investimentos também destaca que os números da Copel vieram sólidos, porém com Ebitda ajustado marginalmente abaixo das expectativas.

Os analistas da casa também ressaltaram que a declaração de distribuição de dividendos adicionais (com um dividend yield de 6,7%), a serem aprovados na AGO de 29 de março, deve estimular o preço das ações. Com a declaração, a Copel confirma um payout de 65% para 2021.

“Como outros destaques, apontamos a conclusão da aquisição do Complexo Eólico Vilas pela companhia em novembro de 2021. O negócio, em valor atualizado (Enterprise Value), foi no montante de R$ 1 bilhão, sendo que o empreendimento possui financiamentos de longo prazo, com vencimentos até 2040, contratados junto ao Banco do Nordeste (BNB). A expectativa é que, com o empreendimento, a companhia amplie sua atuação em renováveis e que este gere valor para a mesma no curto a médio prazo”, avaliam.

Contudo, apesar da visão positiva para dividendos, as ações fecharam em queda na sessão pós-resultado, com baixa de 3,44%, a R$ 7,57.

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