Compra de refinaria da Petrobras poderia ter sido “tiro pela culatra” para Ultrapar, avaliam analistas

Para os analistas, a Ultrapar perde uma chance de criação de valor, mas deixa de correr risco político que poderia impactar o negócio

Mitchel Diniz

Refap (Foto: Petrobras)

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SÃO PAULO – A desistência da compra da Refinaria Alberto Pasquim (Refap), da Petrobras (PETR3;PETR4),  pela Ultrapar (UGPA3) foi avaliada de duas maneiras pelos analistas que acompanham o setor. Para eles, a Ultrapar perde uma chance de criação de valor, mas também deixa de correr um risco político que poderia impactar o negócio, sobretudo no ano que vem.

Nesta sexta, as ações UGPA3 avançavam 1,83% às 13h15 (horário de Brasília), a R$ 15,01.

O Bradesco BBI chegou a dizer em um relatório, durante as tratativas, que a aquisição destravaria avenidas de crescimento para a Ultrapar e que a operação poderia agregar até R$ 3,40 no preço da ação da companhia. Porém, os analistas fizeram uma ressalva de que a compra da refinaria gaúcha poderia ser um “tiro pela culatra”, devido a incertezas políticas.

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“A aquisição teria aumentado a exposição de Ultrapar à atual incerteza sobre preços de combustíveis e as eleições presidenciais de 2022”, diz o texto do relatório publicado após o encerramento das negociações.

Para os autores da análise, a Refap poderia ter seu valor de mercado impactado em um cenário no qual o governo possa mexer nos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, para um nível abaixo do praticado no mercado internacional. “Um mero desconto de 5% nessa paridade de preços poderia reduzir o valor justo da Refap em mais de 50%”, calculam os analistas.

Os analistas do Credit Suisse concordam que é um risco a menos para a Ultrapar, mas dizem que o encerramento das negociações pode ser negativo para ambas as empresas envolvidas. “É negativo para a Petrobras, que ao não alienar a refinaria, aumenta o risco de preço de distribuição e logística. E marginalmente negativo para a Ultrapar, que perde um catalisador em potencial”, diz o relatório.

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As tratativas haviam sido iniciadas no início do ano e, desde então, algumas casas de análise sinalizavam que a desistência do negócio poderia ser um gatilho positivo para as ações da Ultrapar.

“Ao desistir da aquisição, a Ultrapar poderia concentrar seus esforços na melhoria das margens da Ipiranga, deixando de lado os combustíveis fósseis e recompensando os acionistas com dividendos”, dizia um outro relatório do BBI, distribuído no final de agosto.

“Apesar dos esforços envidados pelas partes durante esse processo, certas condições críticas definidas na proposta vinculante da companhia não se confirmaram no curso das negociações, desequilibrando a equação de risco e retorno esperada. Com isso, a Ultrapar informa que não irá renovar sua proposta vinculante, optando por encerrar as negociações em curso, sem penalidades para nenhuma das partes”, destacou a empresa no comunicado sobre a desistência do negócio.

Já a Petrobras informou em comunicado que iniciará tempestivamente novo processo competitivo para essa refinaria.

“Os processos competitivos para venda da Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais, Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará, e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, continuam em andamento visando a assinatura dos contratos de compra e venda. As refinarias Landulpho Alves (RLAM) e Isaac Sabbá (REMAN) já tiveram seus contratos de compra e venda assinados”, destacou.

A estatal ainda informou que reforça o seu compromisso com a ampla transparência de seus projetos de desinvestimento e de gestão de seu portfólio e informa que as etapas subsequentes dos projetos em curso serão divulgadas ao mercado.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados