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Com Wall Street nas máximas, vale investir na Bolsa americana?

Dow Jones bateu nos 40 mil pontos e Nasdaq vem renovando recordes de pontos, assim com o S&P 500

Vitor Azevedo

Times Square se reflete na vitrine do Nasdaq MarketSite em Nova York (Michael Nagle/Bloomberg)

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Os principais índices acionários das bolsas norte-americanas em Wall Street vêm, nos últimos dias, batendo suas máximas históricas — ou ao menos operando próximo dos recordes. Diante de cenários como esses, algumas perguntas começam a surgir. Tais como até que ponto esse avanço se manterá? Há um otimismo exagerado?

Com a perspectiva de que, em algum momento do segundo semestre, o Federal Reserve comece o ciclo de corte dos juros, é natural uma antecipação deste movimento de afrouxamento monetário, o que incentiva a aplicação em ativos de risco.

Assim, nos últimos dias, o índice Dow Jones bateu nos 40 mil pontos e, na véspera, o Nasdaq atingiu seu quarto recorde de fechamento em seis sessões. O mesmo ocorreu com o S&P 500, com novos patamares recordes.

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Na abertura do pregão desta quarta-feira (22), as bolsas americanas abriram próximas da estabilidade, com o Dow Jones nos 39.848 pontos; o S&P500, aos 5.317 pontos; e o Nasdaq, nos 16.831 pontos.

Especialmente na abertura deste pregão, investidores evitam se posicionar antes da divulgação da última ata do Fomc (no meio da tarde), que pode trazer pistas, exatamente, sobre os próximos passos do Fed, em relação ao juros. Investidores estão atentos ainda ao balanço de Nvidia, a atual “queridinha” de Wall Street.

Wall Street: Bolsas em NY em níveis recordes

Paulo Gitz, estrategista global da XP Investimentos, explica, primeiramente, que as altas podem ser atribuídas a fatores micro e macroeconômicos. 

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Do lado macro, segundo ele, os dados de atividade econômica nos EUA começaram a desacelerar. “Em um cenário em que política monetária está em patamar restritivo, esse crescimento menor alimenta as expectativas do mercado por cortes de juros pelo Federal Reserve”, contextualiza.

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O mercado hoje, ele lembra, precifica dois cortes de juros neste ano, com grandes chances do primeiro vir já em setembro.

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Há poucas semanas, antes da publicação de dados como a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e as vendas de varejo de abril, no entanto, a visão era mais pessimista.

Bolsas americanas caras?

Para o futuro, quando o assunto é continuidade do movimento, analistas se dividem. Paulo Gitz, por exemplo, é um dos que pregam certa cautela.

“Isso devido ao valuation esticado, com o S&P 500, por exemplo, negociando a 20x Preço/Lucro e pelas estimativas muito otimistas de crescimento de lucros para os próximos trimestres em meio a uma economia que dá sinais de desaceleração”, diz. 

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Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, por sua vez, menciona enxergar espaço para mais altas, de olho, principalmente, nos cortes de juros.

“A perspectiva de um corte nas taxas de juros americanas sinaliza o início de um novo ciclo de alta para o mercado acionário. A tendência é que aos poucos, em busca de maiores retornos, haja um rebalanceamento de portfólio de investidores. O capital antes aplicado na renda fixa começa a migrar gradualmente para a renda variável, fomentando ainda mais a alta das ações”, comenta. 

Quem está de olho no mercado acionário americano, quando a perspectiva de corte de juros se concretizar, pode ter de ficar de olho na relação entre preço e lucro e no fluxo de entrada de capital nas Bolsas.

Juros mais altos, mas resultados sólidos

Juros mais altos usualmente pioram a performance das Bolsas de valores, com investidores preferindo a renda fixa e também pelo fato de pioraram as perspectivas de lucros das companhias, com menor consumo e piores gastos financeiros.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, expõe que neste ano a correlação entre taxas e resultados chegou a diminuir.

“Quando a curva de juros sobe, como vimos no ano passado até outubro, a bolsa sofre. Mas quando os juros começaram a cair, como no final de 2023, a bolsa anda. Este ano, essa correlação descolou um pouco. O cerne disso, ao meu ver, está no crescimento econômico”.

Neste ponto, a visão de analistas é de que, apesar da projeção de juros continuar pior do que a anotada no fim de 2023, o micro está bem.

Algumas companhias não estão sentindo os patamares mais restritivos das taxas e continuam a divulgar bons resultados, em grande parte por conta de entregas operacionais.

“Se olharmos para os resultados das empresas, grande parte bateu as expectativas. Cerca de 70% das empresas atenderam ou superaram as expectativas de receita neste primeiro trimestre, e 83% superaram as expectativas de lucro”, contextualiza. 

Em parte, as grandes companhias são beneficiadas por fatores como o ganho de escala da inteligência artificial, que vem gerando várias expectativas no mercado, principalmente quanto à produtividade.

Ao olhar empresas menores, entretanto, há uma discrepância. O Russell 2000, índice que conglomera mais ações de small caps, é possível ver que ele está mais de 10% abaixo da sua máxima histórica. 

“A temporada de resultados corporativos do primeiro trimestre, mais uma vez, surpreendeu. O lucro por ação do S&P 500 cresceu cerca de 6% no comparativo anual. Este é o terceiro trimestre consecutivo de crescimento”, debate Gitz.