Com El Niño, preços do açúcar subiram e devem ter alta ainda maior – essas ações da Bolsa brasileira saem ganhando

Análises consideram que preços das ações de produtoras brasileiras de açúcar, como São Martinho, Jalles Machado e Raízen, deverão subir mais

Camille Bocanegra

Etanol: mesmo competitiva nas bombas, a alternativa mais limpa e renovável vem perdendo espaço para a rival fóssil. (Foto: Divulgação)

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O preço do açúcar tem subido e deve continuar com tendência de elevação para os próximos meses, de acordo com Bradesco BBI e JPMorgan. Segundo análises recentes dos bancos, a notícia deve ser doce para algumas produtoras brasileiras de açúcar, como a São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3)  e a Raízen (RAIZ4).

Durante a manhã desta sexta-feira (22), as ações registravam um movimento diverso, com alta para Jalles Machado, de 3,72%, a R$ 9,19, e Raízen, de 0,53%, a R$ 3,76, e queda de São Martinho, de 0,10%, a R$ 38,52, às 11h38.

A falta de chuva na Índia, grande produtora de açúcar, tem elevado o preço do produto globalmente. A expectativa é que a seca piore e a subida de preços continue com o fenômeno climático El Niño, que deve atingir seu pico em dois meses, segundo o BBI. E isso deverá trazer mais alta que a já vista para papéis de produtoras.

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Alta de ações deve continuar

As ações das companhias de São Martinho e Jalles Machado já subiram nos últimos tempos, com variação positiva de 51,09% para a primeira e 27% para a segunda só em 2023, o que demonstra que investidores já reagem ao aumento de preços do açúcar. Contudo, o BBI acredita que os preços ainda vão subir mais do que o mercado prevê.

O banco entende que os nomes refletem um preço spot de açúcar em US$ 25/lb (libra) para a safra de 2024/25 e haveria assimetria considerando o preço atual de US$ 27/lb e a estimativa do BBI, em US$ 32/lb. Isso explicaria a manutenção da classificação de outperform (desempenho superior ao índice de referência, similar à compra) que o banco considera para os nomes.

“Acreditamos que os preços do açúcar continuarão a subir nos próximos 2 a 3 meses, o que deve levar a uma continuidade da melhora das expectativas”, opina o Bradesco BBI.

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Além dos nomes, o banco também destaca a Raízen como possível beneficiada pelo cenário.

Impacto de El Niño

O impacto do fenômeno El Niño causou reduções relevantes nas perspectivas de produção de alimentos na Índia, conforme explica o JPMorgan. Em outros episódios, quando houve deficiência de chuvas no país superior a 20%, a inflação de alimentos aumento 1,2 ponto percentual (p.p.), pontua o economista-chefe do banco na Índia, Sajid Chinoy.

“As restrições ao fornecimento global devem ser um bom presságio para o Brasil, pois o país se encontra em uma boa posição para preencher esta lacuna”, opina o relatório.

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Ainda que destaque que deverá haverá normalização em setembro com aumento das chuvas, o JP Morgan afirma que os principais beneficiários seriam Adecoagro e São Martinho. Na análise, o banco destaca que um aumento de 10% nos preços de açúcar poderia significar um aumento de 8% para os nomes.

Para o JPMorgan, além das produtoras de açúcar, é possível que a crise de seca na Índia também favoreça a Camil (CAML3), que poderia se valer do cenário construtivo enfrentado pelos preços globais do arroz, conforme abordado aqui.

A favor da empresa está também a proibição de exportação de arroz Indica semi/totalmente moído. A Índia fornece de 22% a 41% de todos os tipos de arroz comercializados internacionalmente e é o maior exportador mundial desde 2012. O banco entende que a companhia está bem posicionada para aproveitar o cenário para suprir parte da demanda.

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A alta dos preços do açúcar deverá impactar o preço da gasolina com alta de 18% pela Petrobras, e do etanol hidratado, em 8,2%, dentro da suposição de manutenção de proporção etanol/gasolina estável em 64,5%.

Para o BBI, as três produtoras são vistas como outperform. O banco estabelece preço-alvo de R$ 44,00 para São Martinho, R$ 12,00 para Jalles Machado e R$ para Raízen.

Na classificação do JP Morgan, Camil figura como overweight (recomenda exposição acima da média). As ações da empresa subiam 0,12% às 11h48 desta sexta, cotadas a R$ 8,12.