Colunista InfoMoney: Optar pelo risco?

Princípio dita opção deliberada por risco não para geração de lucro financeiro, mas sim para lucro intelectual

Márcia Tolotti

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De acordo com o neurocientista Gregory Berns, o medo do desconhecido é um dos fatores que mais interferem na tomada de decisão. Ele sugere que uma das formas de se combater esse medo é por meio da conversão da ambiguidade inerente ao processo de incerteza pela opção ao risco.

Não estamos fomentando o risco descontrolado, mas a utilização de um velho princípio matemático chamado atualização bayesiana. O raciocínio Bayesiano é o processo de atualização das probabilidades depois que fatos acontecem. É uma espécie de “calibragem” das informações a posteriori, que pode ser utilizada nos investimentos como uma forma de ampliar o conhecimento, por exemplo, ao se apostar em um papel.

“Podemos gerenciar
riscos em algum grau”

Mas justamente por estar no campo da probabilidade, um investidor não deve comprometer muito do seu patrimônio utilizando tal princípio. Ainda assim, ele pode ser uma boa ferramenta na medida em que informações novas atualizam estimativas de probabilidades, ou seja, quando há uma ambiguidade entre duas posições contrárias, gerando inevitavelmente uma situação estressante, correr um determinado risco ao optar pelo desconhecido certamente aumentará o nível de informação posterior.

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Evidentemente, não pode ser um princípio utilizado por aqueles que adotam uma simplificação mental e convencem a si próprios de que “é melhor pagar para ver”, sem se ter o máximo de informação prévia dos papéis a serem adquiridos.

Embora não seja regra entre os investidores, alguns indivíduos correm riscos sem uma estratégia adequada, seja por excesso de confiança, por falta de informações ou por ingenuidade. No caso da lógica bayesiana, o objetivo é correr deliberadamente um risco, não para geração de lucro financeiro, mas sim para obtenção de lucro intelectual, que mais adiante, poderá se transformar em ganho material. É um aprendizado prático, mas a lição precisa ser feita de acordo com uma avaliação gradual das probabilidades, analisando as perdas ou ganhos e, efetivamente, ampliando o conhecimento.

O problema é que muitos investidores acreditam que estão correndo riscos de forma lógica e segura, quando na realidade, estão diante de uma situação descontrolada. Ainda que correr riscos com segurança seja algo no mínimo contraditório, podemos sim gerenciá-los em algum grau.

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O risco está sempre em uma relação com o tempo, ou seja, de um futuro do qual ainda estamos falando. Por mais que se tente, o ser humano ainda não desenvolveu a capacidade de ver o amanhã; ainda assim, ele pode hoje trabalhar com a probabilidade futura.

Márcia Tolotti é psicanalista, MBA em Marketing, sócia da MODDO Conhecimento Estratégico empresa especializada em Educação Financeira in Company, e escreve mensalmente na InfoMoney 
marcia.tolotti@infomoney.com.br