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No foco dos investidores com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as empresas de educação começam a divulgar os seus resultados nesta quinta-feira (10), com os números do terceiro trimestre de 2022 (3T22) de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) após o fechamento do mercado.
Para a XP, a maioria das empresas de sua cobertura do setor deve apresentar números positivos de captação no segundo semestre, seguindo uma tendência semelhante à vista na primeira metade do ano. Além disso, a projeção é de que as empresas agora se tornem um pouco mais seletivas em relação aos preços, preservando a rentabilidade e revertendo a tendência de queda de tíquetes que foi observada ao longo dos últimos anos.
“Vemos as empresas priorizando a melhoria de eficiência e a redução da alavancagem, sendo considerados desinvestimentos para atingir esses objetivos. Não esperamos resultados muito bons ou ruins de nenhuma empresa do setor e esperamos que a Cruzeiro do Sul (CSED3) seja o destaque positivo desta temporada de resultados”, avalia.
Análise de Ações com Warren Buffett
Para Rafael Barros, analista da XP do setor, as empresas parecem ter mudado a abordagem de preços, reduzindo os descontos usados para trazer volumes. “Assim, esperamos que os tíquetes médios – tanto no segmento presencial quanto no digital – finalmente parem de cair. No entanto, achamos difícil que as empresas passem a inflação cheia para os seus alunos”, avalia.
O ambiente econômico, pondera, atualmente não favorece as empresas de educação, dado que a incerteza quanto a mercado de trabalho e renda tende a pressionar a decisão de começar a faculdade.
O ponto comum entre as empresas é que, agora, as prioridades passaram a ser tornar a operação o mais eficiente possível (enxugando o negócio em alguns casos) e reduzir o peso da dívida nos resultados.
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O Itaú BBA espera bons volumes de entrada para empresas de ensino superior no segmento presencial, enquanto o crescimento acelerado no segmento digital provavelmente continuará.
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O banco também pondera que o ambiente macroeconômico mais desafiador, com inflação alta e juros altos, deve pressionar os tíquetes médios às empresas com maior exposição a estudantes de baixa renda e afetam as taxas de evasão.
No segmento de educação básica, embora o terceiro trimestre seja sazonalmente pior, os analistas do banco esperam um bom reconhecimento de receita, concretizando a normalização operacional e eliminando os efeitos da pandemia.
O BTG espera resultados “medianos” para o setor desta vez, refletindo: (i) captação razoável no segundo semestre para alguns nomes, como Cogna, Anima (ANIM3), Cruzeiro e Vitru, mas números fracos para outros, como Yduqs e Ser Educacional (SEER3); (ii) fraca capacidade de precificação (principalmente no segmento EaD); e (iii) desempenhos de margem variados (com melhorias para COGN, CSED, mas pior alavancagem operacional para o resto da indústria). Como os balanços continuam fortemente alavancados, as taxas de juros mais altas devem pressionar o lucro líquido dos principais nomes de sua cobertura.
Os analistas do banco ainda apontam que, embora a base de alunos de ensino a distância (EAD) deva continuar crescendo ano a ano, as captações estão diminuindo (e até caindo para algumas empresas), enquanto um ambiente competitivo difícil continuará pressionando a dinâmica de preços. Enquanto isso, vê pequenas melhorias na base de alunos no presencial.
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“Beneficiando-se de uma base de comparação fácil, a maioria dos nomes deve registrar um crescimento de captação de dois dígitos no presencial, enquanto a dinâmica de preços no segmento está relativamente melhor (embora ainda abaixo da inflação)”, aponta o BTG.
Assim, avaliam que pior já passou para o setor, mas uma recuperação em forma de V não deve ser vista tão cedo, com desafios persistentes como (i) forte inflação de custos; (ii) concorrência acirrada reduzindo o ticket médio; (iii) taxas de juros de pico em um setor alavancado; e (iv) baixa renda disponível.
Confira as projeções dos analistas para as principais empresas do setor:
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Cogna
A XP espera que a Cogna apresente resultados ligeiramente positivos no 3T22, com a Kroton e a Vasta – as duas unidades de negócios mais relevantes – apresentando bons números, os quais deverão ser parcialmente compensados pela Saber.
“Projetamos que a Kroton (i) tenha um crescimento de receita de 11% na base anual, devido a uma temporada de captação positiva no segundo semestre, combinada com a melhoria gradual das iniciativas de gestão de receita da empresa; e (ii) apresente uma margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita) ajustada de 26%, impulsionada pela alavancagem operacional”, aponta a companhia.
Com relação à Vasta, espera que a empresa (iii) entregue seu guidance de receita de assinatura de R$ 1 bilhão, reportando um crescimento de receita trimestral de 50% na base anual; e (iv) reporte Ebitda ajustado positivo após alguns períodos sendo menor do que zero. A Saber deve ser negativamente impactada pela menor receita de PNLD (vendas governamentais) deste ano e, consequentemente, reduzindo a margem Ebitda. Por fim, acredita que o lucro líquido deverá continuar a ser impactado pelas despesas financeiras.
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O BBA espera que a empresa seja o destaque positivo do setor, devendo reportar resultados animadores em relação ao
processo de captação do terceiro trimestre, com bom crescimento tanto no segmento presencial quanto na vertical
digital, mas ainda com um prejuízo líquido de R$ 114 milhões.
O BTG espera melhorias anuais, refletindo um melhor ciclo de captação do segundo semestre e alavancagem operacional melhor. Mesmo assim, projeta que a receita líquida consolidada deva cair 12% no ano, para R$ 1,02 bilhão (R$ 747 milhões na Kroton; R$ 176 milhões na Vasta; R$ 100 milhões no Saber), ainda prejudicada pela venda das escolas Saber para Eleva (4T21), mas parcialmente compensado pelo melhor desempenho da Kroton, marcando a primeira expansão de receita do segmento desde 2018 (aumento de 9% no ano).
Yduqs
Enquanto o BBA espera que Cogna seja o destaque positivo, Yduqs deve ser o negativo, com queda no volume de
captação no segmento presencial e digital, além de mostrar um tíquete médio pressionado no trimestre.
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A XP também espera resultado fraco.A receita líquida deve mostrar um ligeiro aumento na base anual após os descontos agressivos que a empresa ofereceu para aumentar a captação do primeiro semestre do ano.
“Embora estejamos vendo uma postura mais disciplinada em relação aos tíquetes em todas as empresas, esperamos que as taxas de evasão da Yduqs sejam mais fortemente impactadas do que as de seus pares. Além disso, não esperamos que as captações do segundo semestre sejam tão fortes quanto as de outras empresas, pois acreditamos que a Yduqs tenha sido mais positivamente impactada pela recuperação pós-pandemia e, portanto, possui uma base de comparação difícil na base anual”, aponta.
A margem Ebitda pode diminuir ligeiramente no ano, dada a redução da alavancagem operacional no segmento presencial, parcialmente compensada por um melhor desempenho do segmento Premium. O analista da XP também espera que o lucro líquido continue pressionado pelas despesas financeiras.
O BTG também avalia que o ciclo de captação fraco deve gerar resultados decepcionantes no terceiro trimestre. A captação no presencial deve cair 20% no ano, para 40 mil, enquanto também espera que a captação do EaD caia 30% no ano, para 83 mil (em uma base de comparação difícil). O tíquete médio não vai ajudar na receita, chegando em um inexpressivo crescimento anual no presencial e crescendo tímidos 2% no ano no EaD.
“Ao todo, esperamos uma receita líquida de R$ 1,14 bilhão (aumento de apenas 4% anualmente), ajudada principalmente pelo desempenho do segmento premium. O Ebitda deve ser de R$ 395 milhões, com margem de 34,6% (redução de 140 pontos-base versus 3T21). Por fim, o resultado financeiro líquido de -R$ 191 milhões deve levar a um lucro líquido contábil
de R$ 25 milhões, versus R$ 73 milhões no 3T21”, projeta o banco.
Cruzeiro do Sul
Para a Cruzeiro do Sul, O BBA prevê mais um trimestre de números operacionais positivos, impulsionado por bons índices de renovação e sólidos números de captação tanto para o segmento presencial quanto para o ensino à distância. “Espera-se que os tíquetes médios mantenham a tendência saudável observada no primeiro semestre”, avalia.
A XP também estima que a empresa superará seus pares em relação a ajustes de ticket e taxas de evasão. A margem Ebitda deve permanecer estável na base anual, em 31,1%, projeta, já que o crescimento da receita deve compensar os aumentos de custos e despesas causados pela recuperação do presencial. O analista da casa estima lucro líquido ajustado em R$ 23 milhões, impactado principalmente pelas despesas financeiras líquidas.
Já o BTG espera uma receita de R$ 487 milhões, alta de 12% no ano, devido ao ciclo de captação, enquanto o Ebitda justado deve crescer 14%, para R$ 156 milhões, gerando uma margem de 32% (aumento de 130 pontos-base ano) com melhor alavancagem operacional. “Apesar dos resultados financeiros pressionados, esperamos um lucro líquido ajustado que deve crescer 3% no ano, para R$ 30 milhões”, avalia.
Ser
A Ser Educacional, na avaliação da XP, deve apresentar resultados neutros no 3T22, com aumento de 21% da receita líquida em função (i) da aquisição da FAEL, concluída no 1T22; e (ii) de números positivos de captação no presencial a partir do primeiro semestre e uma expectativa de que a segunda metade do ano mostrará um resultado semelhante.
A margem Ebitda ajustada deve cair no ano devido aos custos associados ao segmento presencial, o qual foi retomado gradualmente ao longo dos últimos trimestres. A projeção da casa é de um prejuízo líquido ajustado de R$ 9 milhões, impactado pela alavancagem financeira.
Os números da companhia, para o BTG, devem ser fracos, com expansão da receita, mas Ebitda ajustado, margens e lucro por ação pressionado em termos anuais. A receita líquida deve chegar a R$ 366 milhões (aumento de 13% no ano), auxiliada principalmente por um ciclo decente de captação presencial (+10%) e maior base de alunos após a consolidação da FAEL.
No entanto, os resultados fracos no EaD (captação com queda de 10%, com tíquete médio também caindo) deve compensar negativamente o crescimento do faturamento e levar a uma alavancagem operacional mais fraca da companhia.
“Tudo considerado, o Ebitda ajustado ex-IFRS16 deve cair 7% no ano, para R$ 63 milhões, gerando uma margem de 17% (queda de 4 pontos percentuais). Finalmente, esperamos um prejuízo líquido ajustado de R$ 9 milhões, versus um lucro líquido de R$ 8 milhões no 3T21”, aponta.
Ânima
O BBA espera que a empresa publique números positivos de entrada no campus, enquanto o ritmo acelerado de expansão no segmento digital deve continuar.
Para a XP, que espera números neutros, a receita líquida deve aumentar 8% no ano devido principalmente a uma boa temporada de captação no primeiro semestre, tendência a qual esperamos que se repita na segunda metade do ano.
“O processo de integração da Laureate deve continuar a pressionar as taxas de evasão, mas acreditamos que esse efeito deverá ser mitigado gradualmente e aliviará a pressão sobre as bases de alunos”, afirma. A XP espera que a margem Ebitda caia significativamente no ano,, de 42,2% para 32,6%, principalmente devido à base de comparação difícil, já que o 3T21 apresentou reversões de PCLD e de earn-outs, empurrando as margens para cima.
“Embora a empresa tenha sido muito disciplinada em suas iniciativas de gestão de passivos, esperamos que as despesas financeiras continuem corroendo a lucratividade”, aponta.
O BTG também vê uma base de comparação difícil, sendo o primeiro trimestre com a mesma base de comparação anual desde a consolidação da Laureate. O lucro líquido ajustado deve continuar pressionado devido aos piores resultados financeiros (-R$ 166 milhões, vs. -R$ 145 milhões no 3T21), chegando a R$ 13 milhões, versus R$ 59 milhões no 3T21, projeta.