Cogna (COGN3) tem salto de 113% do lucro ajustado no 1º tri; “Kroton quase gabaritou no balanço”, diz CEO

Ao InfoMoney, CEO Roberto Valério destacou alta da receita, margem Ebitda e de captação da empresa de ensino superior

Lara Rizério

NOVA EMPRESA: Kroton passa a se chamar Cogna, holding reunindo quatro companhiar
NOVA EMPRESA: Kroton passa a se chamar Cogna, holding reunindo quatro companhiar

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A Cogna (COGN3), grupo de educação dono da Vasta, Saber, Kroton, anunciou um lucro líquido ajustado de R$ 117,7 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), uma alta de 112,9% na base de comparação anual, informou nesta quinta-feira (11).

Segundo a companhia, o expressivo crescimento entre trimestres é resultado da combinação de: (i) aumento de 10,4% em resultado operacional; (ii) redução de 10,3% em despesas corporativas e; (iii) redução de 43,6% em itens não recorrentes.

Em termos não ajustados, a Cogna saiu de prejuízo líquido no 1T22 de R$ 13,1 milhões para lucro de R$ 54,386 milhões no 1T23.

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A receita líquida registrou ganhos, de 13% na mesma base de comparação, indo a R$ 1,33 bilhão, o quinto trimestre consecutivo de crescimento nesta linha do balanço para a companhia.

Acompanhando o movimento, esteve o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente, que avançou 12,6% e atingiu R$ 452,4 milhões, “o oitavo trimestre consecutivo de aumento de geração de valor da companhia”, conforme destacou em release de resultados.

Isso fez com que a margem Ebitda recorrente da companhia ficasse quase estável, alcançando 34%, uma leve baixa de 0,1 ponto percentual (p.p.) na base de comparação anual.

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Roberto Valério, CEO da Cogna, destacou ao InfoMoney que esse é o melhor primeiro trimestre da Cogna em quatro anos, desde que teve início a reestruturação do grupo. “A Cogna está crescendo forte, impulsionada pelas três empresas, tanto por Vasta quanto por Saber e Kroton”, afirmou.

A Kroton, de ensino superior, foi mais uma vez destacada pelo CEO: “no trimestre, a empresa praticamente gabaritou em todas as linhas”.

Valério cita alguns dados da Kroton que corroboram esse argumento. A empresa apresentou crescimento de 9,7% na base de alunos total versus 1T22, 100 mil alunos a mais que ao final do 1T22, alcançando o total de 1,128 milhão de alunos em graduação.

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Em Alta Presencialidade, a base de alunos cresceu 11,6%, alcançando 416 mil alunos versus 372 mil ao final do 1T22. Em Baixa Presencialidade, a base de alunos cresceu 8,6%, alcançando 713 mil alunos versus 656 mil ao final do 1T22.

O ticket médio de captação do 1S23 (primeiro semestre de 2023) foi superior ao do 1S22 nas duas modalidades: Alta Presencialidade e Baixa Presencialidade, uma vez que as variações de receita captada foram superiores às variações de volume de alunos captados. Também houve crescimento de ticket médio entre submodalidades, com variações de receita com performance superiores às de volume, com exceção do 100% online, que se manteve pela maior competitividade, aponta a empresa.

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Neste ponto, Valério também avalia que o setor como um todo está sendo mais racional, o que também ajuda a manter o ticket médio resiliente, apesar do cenário macro complexo.

“O foco da companhia em ampliar a base de alunos sem renunciar à qualidade de receita permitiu o crescimento de receita líquida de dois dígitos em Kroton pelos últimos 3 trimestres”, destaca o release de resultados. A receita em Kroton subiu 14,9% ano a ano, o terceiro trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos na linha do balanço e ampliando o histórico para 8 trimestres de melhora neste indicador.

A margem Ebitda recorrente e o Ebitda recorrente do segmento de ensino superior também cresceram no trimestre, “motivados pelo contínuo aumento de qualidade da receita, ampliação de margem bruta devido à alavancagem operacional do ensino digital e o crescimento da operação de medicina”, destacou a companhia. O Ebitda recorrente avançou 23,3% na base anual, indo para R$ 243,5 milhões, enquanto a margem foi para 36,4%, uma alta de 2,5 pontos percentuais.

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Valério também destacou a linha de Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) do 1T23, que ficou estável (+0,1%) versus o 1T22. Isso apesar do crescimento de 14,9% na Receita Líquida (ROL) entre os trimestres, resultando em redução da razão entre PCLD e ROL de 13,0% para 11,3%. Neste mesmo intervalo o índice de cobertura de alunos Kroton cresceu de 68,8% para 69,0%.

Vasta e Saber

Sobre as outras empresas do grupo, em Vasta, de educação básica, houve uma pressão de margem Ebitda recorrente, com queda de 3,6 p.p., para 31%, como já esperado e destacado pela companhia que iria acontecer. Valério aponta que houve um aumento de custo do papel e das gráficas (após o fechamento de várias delas durante a pandemia), mas projeta menor pressão com a reabertura do mercado de impressão.

“Conforme comentado no release do 4T22, a margem Ebitda recorrente de Vasta para o ano de 2023 será pressionada por: (i) aumento em investimento em Marketing e Vendas para reforçar crescimento de ACV (valor do contrato anual) para o ciclo comercial de 2024 e; (ii) reajuste represado e pontual de papel e custo de gráfica. Estes fatores não impactam a perspectiva de expansão de margem da Vasta em sua maturidade”, diz a Cogna em seu release de resultados.

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No 1T23, a receita cresceu 5,8% comparado ao 1T22 e atingiu R$ 402,8 milhões. No comparativo de resultados acumulados entre os ciclos de 2023 e 2022, a receita cresceu 16,6%, atingindo R$ 907,9 milhões. “A companhia alcançou os guidances de reconhecimento de ACV e receita líquida divulgados no 4T22 para o 1T23 e reforça a confiança no alcance do guidance de ACV de R$ 1,23 bilhão para 2023”, aponta a empresa.

Já sobre a Saber, de conteúdo de educação, a receita cresceu 30,8%, alcançando R$ 131,5 milhões.

A companhia destaca que o Programa Nacional de Livro e Material Didático (PNLD), o negócio de maior representatividade em Saber, entra em seu ciclo de crescimento no ano de 2023, após os resultados de 2022.

Isso devido a maior número de alunos (versus o ano passado) atendidos pelo calendário comercial do ano, que considera os segmentos escolares do ensino fundamental 1 (recompra integral) e 2 versus apenas o ensino fundamental 1 no ano de 2022. Valério saudou os ciclos de compras maiores e com projetos para o ensino básico mais claros.

O crescimento terá maior impacto positivo em Saber no segundo semestre de 2023. “Com isto, Saber se juntará as outras duas unidades de negócio em crescimento, Kroton e Vasta, para impulsionar o resultado consolidado da Cogna no ano de 2023”, destaca a empresa.

Ainda sobre os programas do governo, mas mais voltados ao ensino superior, Valério destacou não ter conhecimento de novidades sobre o FIES (programa de Financiamento Estudantil), mas vê o governo sendo mais vocal em querer estruturar um programa para o setor e ouvir as companhias.

Geração de caixa e endividamento no radar

Uma questão que ganhou destaque entre os analistas após o resultado do quarto trimestre de 2022 (4T22) foi justamente a queda de geração de caixa após o capex (investimento), que registrou queda na comparação anual.

Já no 1T23, a geração de caixa operacional pós Capex (GCO) foi de R$ 227,0 milhões, representando um crescimento de 27,4% em comparação a 1T22.

Houve redução de 12,5% em capex e investimentos em expansão no comparativo entre 1T23 e 1T22, “alinhado ao direcionamento estratégico da companhia de se tornar mais asset light, com redução no número de Campi Kroton”, apontou a companhia.

A Cogna obteve, ao final do 1T23, uma alavancagem (dívida líquida/ Ebitda ajustado) de 2,03 vezes, queda ante o número de 2,10 vezes do 4T22. “Este nível de alavancagem oferece considerável margem de segurança para o covenant de 3 vezes”, destacou Valério.

De acordo com o CEO, o crescimento consistente da geração de caixa operacional dos últimos anos tem permitido a Cogna direcionar esse capital para redução de despesas financeiras, através de ações de liability management, ou gestão de passivos.

Em abril de 2023, foi captado o financiamento incentivado de R$ 85 milhões com a FINEP, voltado para projetos de tecnologia com custo médio de aproximadamente de 63% do CDI.

Valério aponta que, no atual cenário de juros altos (com a Selic a 13,75%), a prioridade é para a redução de dívida, uma vez que gera despesa financeira. Sobre fusões e aquisições, ele avalia que pode até fazer uma operação pequena, mais focada e muito estratégica, mas não é a prioridade. “Para os próximos trimestres não temos muito mais expectativa do que reduzir a dívida”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.