CFO da Azul: ‘A gente torce para que as condições melhorem para podermos oferecer tarifas mais baixas’

Ao InfoMoney, Alex Malfitani disse que a empresa está empenhada em reduzir custos e aumentar a produtividade; apesar de preços altos, demanda segue firme

Anderson Figo

O elevado preço do barril de petróleo no cenário internacional somado à desvalorização do real frente ao dólar, em comparação aos níveis pré-pandemia, devem continuar fazendo com que os preços das passagens aéreas se mantenham altos no médio prazo, segundo o CFO e co-fundador da Azul (AZUL4), Alex Malfitani.

“A gente gosta de tarifa baixa também. Com tarifa baixa, mais gente vai viajar. Mas hoje a gente não pode reduzir tarifa porque a gente está lidando com alguns vilões na parte da despesa que impossibilitam que a gente reduza tarifa. Pelo contrário, apesar de a gente já ter chegado no nível absoluto de Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] parecido com o que gente teve no terceiro trimestre de 2019, em termos de margem Ebitda [relação percentual entre receita líquida e Ebitda] a gente ainda está muito longe. Nossa margem em 2019 estava na casa dos 30% e hoje ela está na casa dos 20%”, disse o executivo.

Malfitani participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do terceiro trimestre de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

O CFO da companhia aérea disse que o que tem impedido a margem Ebitda da empresa de subir é o fato de o preço do barril de petróleo estar 140% acima do nível pré-pandemia, além de o custo do refino ter encarecido assim como o valor do dólar. Muitos custos do setor aéreo são dolarizados, como o financiamento de aeronaves, as peças, o seguro de aviação, além do querosene.

“A gente torce muito para que as condições melhorem para a gente poder oferecer tarifas mais baixas e, com isso, estimular ainda mais a demanda. E a gente também está fazendo nossa parte. A gente está trabalhando forte para reduzir nossas despesas, a gente aumentou muito a produtividade da nossa força de trabalho. Hoje, todas as áreas da Azul são mais eficientes e mais produtivas do que elas eram no pré-pandemia, através de tecnologia, revisão de processos, aeronaves maiores que permitem mais ganho de escala, tudo isso para tentar minimizar esse impacto dos vilões do custo e tentar oferecer a menor tarifa possível”, afirmou o CFO.

Entre julho e setembro deste ano, a Azul teve prejuízo líquido ajustado de R$ 527,3 milhões, 31,2% abaixo do prejuízo ajustado do mesmo período de 2021. O Ebitda totalizou R$ 925,1 milhões, um crescimento de 90,5% na comparação anual. A receita líquida somou R$ 4,376 bilhões, alta de 61%.

Malfitani falou ainda sobre investimentos, pagamento de dividendos, novos destinos e a retomada mais rápida do que o esperado da demanda por voos internacionais — inclusive com a possibilidade de anúncio de um novo destino internacional no próximo ano. Ele comentou também sobre o impacto da mudança de governo em 2023 no setor e como a companhia lidou com as novas regras de voos em Fernando de Noronha. Assista à live completa acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.