CBA (CBAV3) foca exterior com preço do alumínio em alta e fraca demanda interna; ações desabam após balanço

Após a divulgação dos resultados, as ações da empresa desabaram 14,3%, mesmo com analistas avaliando positivamente o resultado

Augusto Diniz

Detalhe de chapa de alumínio

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A CBA (CBAV3) mirou o mercado internacional com o preço em alta do alumínio e a demanda fraca no mercado interno ao longo do primeiro trimestre, segundo os executivos destacaram durante teleconferência nesta segunda-feira (9) para comentar os resultados do período.

No balanço do primeiro trimestre, a CBA reportou que reverteu prejuízo de um ano antes em lucro de R$ 426 milhões.

Após a divulgação dos resultados, as ações da empresa desabaram 14,3%, cotadas a R$ 12,49, mesmo com analistas avaliando positivamente o resultado.

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Assim, a CBA acompanhou o movimento das ações de commodities, como petróleo e mineração, além de siderúrgicas, que fecharam com fortes perdas, enquanto o Ibovespa se desvalorizou 1,79%.

Mais mercado externo

Sobre as vendas para o mercado doméstico, o CFO da CBA, Luciano Alves, disse a analistas ser “muito difícil prever” o que vem pela frente, porque existia um estoque de produto maior no mercado.

“A gente sente que houve uma reduzida”, disse. “No primeiro trimestre, a CBA virou para exportação quando sentiu que o mercado doméstico não estava respondendo na construção civil e alguma coisa do setor automotivo”, disse o CFO.

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“Daqui pra frente, vai depender muito do comportamento dessas variáveis. Mas a gente segue com a produção nas salas-fornos em plena capacidade e vai dividindo a produção com base nos mercados com demanda maior. Podemos ver esse ano alguma mudança de mix, mas não tanta mudança no volume total de produção”, ressaltou.

O segmento de primários da CBA registrou vendas de 52 mil toneladas no 1T22, uma queda de 15% em relação ao mesmo trimestre de 2021, devido à menor demanda de tarugos e lingotes liga dos segmentos de construção civil e automotivo, respectivamente, de acordo com relato da empresa.

Por outro lado, houve aumento nas vendas de vergalhões para o mercado de energia. Como forma de mitigar a queda de demanda no mercado interno, a CBA aumentou significativamente as exportações de tarugo, passando de 0,9 kt (quilotonelada) no 1T21 para 9,9 kt no 1T22.

Oferta de alumínio

Luciano Alves, CFO da CBA (CBAV3) comentou que este “é um momento de muita incerteza”. Segundo o executivo, a indústria já está há algum tempo em déficit, principalmente ocasionado na China. “Já estava com cenário de mercado em déficit e com consequência do conflito (Rússia-Ucrânia), intensificou-se a volatilidade”, disse.

No primeiro trimestre de 2022, o mercado global apresentou mais um déficit no total de 95 kt, comparado com déficit de 574 kt no 4T21 e um superávit de 254 no 1T21. Com o resultado do balanço desse trimestre, de acordo com relato da CBA, o mercado de alumínio teve 6 dos últimos 7 trimestres em déficit, evidenciando o desabastecimento de metal.

“Mais recentemente, o impacto maior foi na questão demanda. Não dá para prever muita coisa. Mesmo com uma queda da China, o que vai definir o balanço do mercado e, em consequência, os preços é como a oferta se comporta”, comentou Alves.

“A curto prazo, a maior preocupação é o que tem acontecido na China, que é o maior consumidor e maior produtor de alumínio do mundo, maios ou menos 55% a 60% da oferta e da demanda”, disse o executivo sobre o papel chinês no mercado.

Volatilidade

Na apresentação a analistas a companhia destacou que grande volatilidade no setor. Luciano Alves, CFO da CBA, explicou que a inflação na indústria já vem sendo impactada há algum tempo com aumento de preços do gás natural, soda cáustica e coque, que são componentes importantes de custos para a companhia.

“Em muitos desses insumos, você vê crescimento (de preço). Ainda teremos impacto se esses custos continuarem crescendo daqui para a frente”, ressaltou.

No balanço da CBA, o aumento no custo médio de produção do alumínio líquido foi de 26% no 1T22 em relação ao 1T21, tendo sido impulsionado pelo aumento do custo de produção de alumina (+30%), influenciado pelo aumento de preços de soda em 95% e de gás em 105%.

Além disso, o mesmo demonstrativo de resultado, apontou que o aumento do custo de produção da pasta anódica foi de 64%, influenciado pela elevação dos preços de coque em 84% e piche em 21%

O executivo ainda lembrou que quando se compra matéria-prima a um preço mais caro, tem se alguns meses de intervalo porque ainda tem o processo de produção e a venda. “Então, alguma matéria-prima que estamos comprando agora pode impactar em nossos custos em alguns meses”, ressaltou.

Luciana Alves comentou ainda do futuro do preço da soda cáustica e do coque, insumos importados em dólar: “Isso vai depender da variação do câmbio”.

Pressão de custos segue

O Ebitda ajustado consolidado da CBA no 1T22 atingiu recorde trimestral, com expressivo aumento de R$192 milhões, decorrente da elevação dos preços de venda praticados, com o aumento do preço do alumínio na LME (London Metal Exchange) e dos prêmios praticados pela CBA em todas as linhas de produtos.

Luciano Alves disse que a alta dos preços do alumínio beneficia margens, mas pressão de custos de insumos continua, em função de um mercado global mais volátil e com cadeias de suprimentos sob pressão.

Segundo a consultoria de análise de mercado CRU, o custo médio da indústria aumentou 10% em relação ao trimestre anterior, puxado principalmente pelos custos de energia e produtos de carbono.
A CBA, no entanto, vê caminho de normalidade nos próximos meses do prêmio do alumínio primário.

Análise do balanço da CBA

Para o Bradesco BBI, os resultados da CBA no 1º trimestre foram ligeiramente melhores do que o esperado devido aos custos mais baixos.

Custos de energia mais baixos e custos de pasta anódica achatada estão entre os que beneficiaram os resultado, “o que foi uma surpresa devido aos preços mais altos de coque e alcatrão de carvão”, segundo o BBI.

“O desempenho do volume ficou em linha, pois já esperávamos uma desaceleração na demanda, pois os clientes estocaram no final de 2021”, ressalta a análise, que sublinha o fato de haver muitos lados negativos.

“A partir do segundo trimestre, esperamos a normalização do volume de alumínio primário e uma sólida realização de preços, enquanto o impacto do hedge desaparece. Por outro lado, as pressões de custo devem permanecer elevadas, pois não esperamos uma pausa relevante nos preços das matérias-primas”, projeta.

O BBI mantém rating outperform (desempenho acima da média de mercado) e preço-alvo de R$ 25,00.

Resultados sólidos

Itaú BBA ressalta que os “sólidos resultados” do 1T22 da CBA ([ativo=CABV3]) vêm dos altos preços do alumínio

A CBA reportou um forte aumento do Ebitda no 1T22, com R$ 552 milhões, contra os R$ 360 milhões no 1T21. O Ebitda no segmento de alumínio totalizou R$ 616 milhões, com preços globais de alumínio mais altos, com 56% a mais ano a ano, que foram apenas parcialmente compensados por menores volumes (queda de 9% A/A).

A classificação da ação é outperform (desempenho acima da média de mercado), com preço-alvo de R$ 17,00.

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