C&A (CEAB3) tem salto de 8,5%, Petz (PETZ3) despenca 9% na Bolsa: os “dois mundos” das ações de varejo após os balanços

Papéis tiveram desempenho extremo após a divulgação dos resultados; por outro lado, entre as farmácias, movimento pós-balanço é parecido

Lara Rizério

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Diversas empresas do setor de consumo e varejo, de também segmentos variados de atuação, divulgaram seus resultados do segundo trimestre de 2022 (2T22) na noite de quarta-feira (10), também com desempenhos bastante variados na sessão pós-balanço.

Entre as principais variações, estiveram as ações da C&A (CEAB3), fechando com forte alta de 8,52%, a R$ 3,31, nesta quinta-feira (11), enquanto Petz (PETZ3) teve queda de 9,03%, a R$ 10,28, na sessão depois do resultado. Além delas, Soma (SOMA3), que divulgou números fortes para o período, teve ganhos mais modestos, mas ainda expressivos, de 2,96%, a R$ 12,17.

No varejo farmacêutico, por sua vez, há uma maior uniformidade na reação pós-mercado aos balanços: a Dimed, dona da Panvel (PNVL3), e a d1000 (DMVF3) tiveram altas respectivas de 2,19% (R$ 12,59) e 1,73% (R$ 4,70) na sessão após a publicação dos números. Confira as análises de resultados:

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 C&A (CEAB3)

À primeira vista, os resultados da C&A poderiam parecer fracos, uma vez que a companhia lucrou 97% menos na base anual, para R$ 2,1 milhões.

Contudo, os números foram bem avaliados pelos analistas. Destaque, conforme aponta a XP, para o crescimento de receita líquida de alta de 39% na base anual e de 29% ante o 2º tri de 2019 (a R$ 1,5 bilhão), impulsionada pelo desempenho das vendas mesmas lojas em com alta de 34% anual, pela recuperação do fluxo de clientes em loja, coleções assertivas e um mês de Maio mais frio e próximo do Dia das Mães.

Além disso, a companhia ressaltou que está cautelosamente otimista em relação ao segundo semestre do ano, dado que as eleições, o cenário macro e a Copa do Mundo no quarto trimestre podem ser ventos contrários à demanda.

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A Eleven também destaca a alta da receita e vendas mesmas lojas apesar do ambiente desafiador na linha de fashiontronics.

“Como ponto de atenção, destacamos os resultados mais fracos da operação financeira, que vieram negativos em R$ 10 milhões, fruto do cenário macroeconômico mais desafiador da alta do índice de inadimplência em +3,3 pontos percentual ano a ano no Bradescard”, avalia.

Diante de uma maior alavancagem operacional e despesas menores do que a Eleven esperava, a CEAB3 apresentou uma evolução importante de Ebitda ajustado, ficando 53% acima das estimativas da casa. “Por fim, muito embora a companhia tenha sido impactada pelas maiores despesas financeiras do trimestre e tenha apresentado uma retração de lucro líquido, o valor de R$ 2,1 milhões reportados nos surpreendeu de forma bastante positiva, pois esperávamos um leve prejuízo”, reforça a Eleven. A recomendação para o ativo é de compra, com preço-alvo de R$ 4,70.

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O Bradesco BBI aponta que este é um resultado da C&A muito mais forte do que o visto no 1T22 com evolução nas linhas de receita, custo e opex. “Isso deve começar a aliviar algumas das preocupações sobre a pressão que o investimento (opex e capex) vem exercendo no balanço da empresa. A empresa continua avançando em suas iniciativas estratégicas, com o comércio eletrônico apresentando forte crescimento e parâmetros de entrega decentes (50% das entregas em dois dias)”, aponta o BBI.

Já o C&A Pay atingiu 1,5 milhão de cartões apenas sete meses após entrar em operação. “Dito isso, não foi suficiente para entregar um lucro líquido expressivo no trimestre, o que reflete na nossa principal trava para a ação: projetamos perdas líquidas em 2023 e breakeven em 2024”, avalia, destacando recomendação neutra e preço-alvo de R$ 6 para o ativo.

Soma (SOMA3)

O Grupo Soma reportou resultados sólido no 2º trimestre de 2022 (2T22), com um forte crescimento de receita, expansão de margem bruta e alavancagem operacional, conforme destaca a XP. A dona das marcas Farm, Animale e Hering lucrou,de forma líquida, R$ 130,8 milhões no segundo trimestre de 2022, número 114% maior do que os R$ 61,1 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

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A receita líquida consolidada cresceu 40% anualmente na base proforma, com forte performance tanto do Soma ex-Hering (alta de 45%) quanto com Hering (alta de 37,5).

A XP destaca ser importante destacar que a empresa deu indicações positivas para i) Farm, que ainda tem muito espaço para ganhar market share, através da estrutura multimarcas da Hering e expansão de lojas; ii) Hering, com atualizações em diversas frentes e sinergias já começando a ser percebidas; iii) Animale, com aceleração do atacado e ampliação do sortimento e iv) Cris Barros, com normalização de estoques a partir de junho.

“No entanto, a empresa deu um tom mais cauteloso sobre a dinâmica da Farm Global para o segundo semestre, especialmente nos EUA, embora com resultados fortes em sua primeira pop up na Europa”, destacam os analistas. A XP reiterou recomendação de compra para o ativo, sendo a preferência no setor de consumo discricionário.

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A Eleven destacou que, em mais um trimestre de fortes resultados, o Grupo Soma conseguiu novamente entregar um resultado positivo, com bom crescimento de suas principais marcas e boa evolução na reestruturação da Hering.

Os analistas da casa atualizaram o preço-alvo para a companhia, incorporando um maior custo de capital e custo da dívida em nossa taxa de desconto. Com essas mudanças, a taxa saiu de 10,8% para 12,4% e o preço-alvo de R$ 23,00 para R$ 18,00. Contudo, a recomendação segue de compra.

Petz (PETZ3

A Petz registrou lucro líquido ajustado de R$ 32,7 milhões no segundo trimestre de 2022, um crescimento de 35,7% em relação ao mesmo período de 2021. Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 66 milhões no 2T22, um crescimento de 9,9% em relação ao 2T21.

Para a Genial Investimentos, os números vieram com surpresas tanto para o lado positivo quanto para o negativo, com um lucro mais alto do que o esperado e um Ebitda abaixo das expectativas.
“Analisando os resultados, fica evidente que durante o 2T22 os impactos da inflação e dos juros altos, além das altas das principais commodities encontradas na ração animal (principalmente milho, trigo e soja) afetaram a rentabilidade da companhia. Outro ponto negativo foi a alta do combustível, que acaba aumentando os custos de logística e transporte”, apontam os analistas da casa.
A Eleven destaca que a companhia apresentou um resultado em linha com as suas estimativas, com um forte crescimento de receita (alta anual de 33,3%, a R$ 674,3 milhões), entretanto com impactos em rentabilidade em função de seu plano de expansão e pressão inflacionária nas despesas.
Quanto à Zee.Dog, os analistas viram uma evolução de receita bruta de 15,85% ano a ano, resultado da forte performance do Zee.Now e da maturação de seus Hubs. “Entretanto, novamente, apresentou uma contribuição negativa de Ebitda no trimestre, embora a PETZ3 tenha indicado no resultado que espera uma evolução para os próximos trimestres em razão das sinergias da transação”, aponta.
Em uma visão consolidada de margem bruta, a companhia conseguiu manter uma estabilidade a/a, com os repasses dos custos compensando a maior participação do online e do segmento de alimentos.
A XP ressalta que, em relação à Zee.Dog, a companhia destacou uma dinâmica de crescimento desafiadora, especialmente para as operações internacionais, além de desafios de fornecimento no curto prazo. Por outro lado a Zee.Now mostrou indicadores positivos, atingindo o breakeven em maio devido a captura de sinergias, enquanto o lançamento da Zee.Dog Kitchen já tem feedbacks iniciais positivos.

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A visão dos analistas para a Petz é positiva, apesar do resultado misto. “Apesar dos desafios do cenário atual com inflação e juros em alta, ainda pensamos que no longo prazo a empresa tem capacidade de se consolidar cada vez no setor. A Petz segue firme na liderança do setor e por isso acreditamos valer a pena investir na empresa pensando em um longo prazo”, avalia a Genial, que segue com recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 19,00.

A Eleven avalia que a companhia tem demonstrado forte evolução em suas iniciativas estratégicas e está em excelente posição para continuar capturando share e consolidar seu ecossistema pet. Além disso, para o restante de 2022, a companhia segue com sua agenda estratégica de (i) integração das empresas adquiridas, (ii) expansão de lojas, com o guidance de abertura de 50 lojas para 2022 mantido e (iii) ampliação de ofertas e serviços, com destaque para a vertical de saúde, na qual a companhia tem avançado, com a abertura de hospitais.

“Mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 18,00, entendendo que a companhia vem executando o plano de crescimento com êxito, apoiado em sua expansão geográfica através do aumento de lojas físicas e estratégia de crescimento inorgânico, reforçando o objetivo de ser o melhor ecossistema Pet até 2025”, destaca.

A XP também tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 18, apontando ser interessante notar que a companhia reiterou seu guidance de abertura de lojas (50 novas lojas em 2022) e que o NPS está se mantendo em níveis sólidos, enquanto a Petix já deve ser capaz de produzir Zee.Pads a partir do quarto trimestre.

Panvel (PNVL3)

A Dimed, que controla a Panvel, reportou resultados fortes do 2º trimestre de 2022, com sólido crescimento de receita e melhora na rentabilidade, destaca a XP. O lucro líquido foi de R$ 27,9 milhões no segundo trimestre de 2022, cifra 15,8% maior do que a reportada na mesma etapa de 2021, informou a companhia nesta quarta-feira

A receita bruta cresceu 27% na base anual, impulsionada pela forte demanda por medicamentos isentos de prescrição e genéricos, combinados com a força do canal digital e expansão de lojas.

“Reiteramos nossa recomendação de compra e preço alvo de R$ 16 por ação, mantendo-a como nossa preferência no setor de farmácias”, destaca.

O Itaú BBA também reforçou a ação da companhia como sua top pick no segmento de farmácias, destacando que a empresa registrou o conjunto de vendas mais forte no segmento de drogarias.

A Genial apontou que, como esperado, a Panvel apresentou o resultado mais forte do setor. “Avaliamos os números como positivos e reiteramos recomendação de comprar para as ações da PNVL3, com preço-alvo de R$ 17”, destacam os analistas.

Os analistas da casa destacam que, neste trimestre, a companhia registrou o maior Same Store Sales (SSS – Vendas de Mesmas Lojas) do setor, a 19,2%, reflexo de um maior fluxo de compras e repasse imediato nos preços de medicamentos. Para fins comparativos, a RD e Pague Menos apresentaram um SSS de 18,1% e 4,6%, respectivamente. Alto nível de vendas digitais e crescimento de produtos de marca própria também foram destacados no balanço.

d1000 (DMVF3)

Também do segmento farmacêutico, está a d1000 que, segundo a XP, reportou resultados mistos referentes ao 2º trimestre de 2022 (2T22), tendo como lado positivo a forte recuperação de receitas e rentabilidade acima do esperado. O lucro líquido totalizou R$ 13 milhões (16% acima do esperado pela XP), enquanto o fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 3 milhões, resultado da desaceleração dos planos de expansão da d1000.

A receita bruta cresceu 34% na base anual, em linha com o esperado, devido a forte performance de vendas mesmas lojas (+31% A/A), impulsionadas pela recuperação do tráfego em loja, iniciativas comerciais e melhorias operacionais, além das reformas de lojas. Quanto a rentabilidade, a margem bruta permaneceu praticamente estável na base anual, com os ganhos oriundos do reajuste de preços regulatórios compensando o mix de vendas devido às iniciativas promocionais da companhia, avalia a XP.

Entre os pontos a notar, a venda média por loja alcançou R$ 617 mil por mês, superando a Panvel, destaca a XP. Já os produtos de marca própria alcançaram um recorde de 6% das vendas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.