C&A: Após IPO, analistas recomendam compra da ação em meio a valuation atrativo e aposta na retomada

XP, Morgan Stanley e Bradesco BBI iniciaram cobertura para ação destacando que varejista deve retomar investimentos e reduzir diferença com rivais

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após um período de reestruturação interna e com uma abertura de capital que permitirá mais investimentos e expansão das lojas, a ação da C&A (CEAB3) conta com o otimismo das casas de análise que iniciaram a cobertura para ela durante a semana.

Em relatórios, o Bradesco BBI, a XP Investimentos e o Morgan Stanley recomendam compra para a ação da varejista, a terceira maior de vestuário do Brasil (atrás da Lojas Renner e com uma fatia de mercado quase igual à da Riachuelo), com preços-alvos respectivos de R$ 24 (o que representa um potencial de valorização de 35% frente o fechamento de quarta-feira), R$ 23 (upside de 29%) e R$ 20 (upside de 13%).

Conforme destaca o Bradesco BBI, a C&A oferece uma combinação atrativa de crescimento acelerado, um escopo significativo para a melhora do lucro e um valuation atrativo.

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Vale destacar que a varejista era líder de mercado até 2014, quando reduziu o seu investimento e começou a fechar lojas no momento em que o Brasil entrou em recessão. Neste meio tempo, a Lojas Renner chegou ao primeiro lugar, posição que vem fortalecendo desde então,  Agora, seguindo o IPO (Initial Public Offering), a expectativa é de que a C&A acelere a sua abertura de lojas, voltando ao nível entre 20 e 25 lojas ao ano (ante uma quase estabilidade entre 2014 e 2019).

Neste cenário, conforme aponta a XP Investimentos, em relatório elaborado por Mariana Vergueiro e Pedro Fagundes (confira na íntegra clicando aqui), a companhia está pronta para voltar a investir de forma significativa na operação.

“O plano de expansão de lojas deve contribuir para a aceleração do crescimento, enquanto a atualização do modelo logístico e lançamento da operação de crédito própria devem fortalecer os pilares estratégicos da C&A e reduzir a defasagem de investimento em relação aos concorrentes”, afirmam Mariana e Fagundes.

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De acordo com projeções do analista Richard Cathcart, do Bradesco BBI, a aceleração na abertura de lojas deve fazer com que o crescimento da receita passe de uma variação positiva entre 4% e 5% em 2019 para 9% em 2020 e 15% entre 2022 e 2024, colocando C&A entre as companhia com maior crescimento de receita da cobertura do banco. Isso deve, consequentemente, levar a uma recuperação de participação de mercado e crescimento de lucros.

Para a recuperação de mercado, o Morgan reforça que a C&A possui um forte reconhecimento de marca, locais privilegiados para as lojas nos shoppings e uma estética divertida/colorida de fast fashion. “Agora vemos a empresa como bem posicionada para reinvestir em iniciativas de crescimento de forma a diminuir a sua diferença com a Renner”, avaliam os analistas do banco.

Com relação às semelhanças e diferenças com os seus concorrentes, a XP reforça que, apesar do posicionamento similar, a Renner consegue capturar uma consumidora de classe social mais elevada e que, no geral, seus produtos têm preços-médio 10-15% acima da C&A e da Riachuelo.

Com relação às estrangeiras, apesar dos analistas reconhecerem que o tema da entrada das marcas de fora é relevante para o segmento, a presença delas no Brasil ainda é reduzida. “Como exemplo, a marca Forever 21, presente em território brasileiro desde 2014, detém apenas 30 lojas e vem apresentando dificuldades na operação. Além disso, a varejista inglesa Top Shop também apresentou dificuldades e fechou suas lojas no Brasil em 2017″, afirma Mariana e Fagundes.

Reestruturação

O Bradesco BBI também apontou que, além da abertura de novas lojas, a expectativa é de que a companhia invista em mais e-commerce e distribuição, estimando que iniciativas de distribuição adicionem entre 0,5% e 1% de crescimento de volume por ano pelos próximos 5 anos, assim como contribuindo com um ganho de margem bruta de 150 pontos-base. “Cada 50 pontos-base de margem bruta no varejo (nos próximos quatro anos) adiciona R$ 1 ao nosso valuation”, apontou o analista do banco.

Enquanto isso, o investimento no e-commerce será focado em iniciativas de omni-channel, o que coloca a companhia em uma posição forte para capitalizar em um cenário de economia mais forte.

A XP reforça que a sua preferência é justamente é para segmentos com desempenho de vendas que, em termos reais, tenha sido inferior ao do setor varejista como um todo nos últimos anos, o que é justamente o caso de vestuário.

Neste cenário, apontam os analistas, a C&A está em alguns aspectos defasada frente os competidores – mas também com grande potencial de melhora.

Isso porque a companhia fez um bom trabalho de reestruturação, que trouxe melhora na margem bruta e redução da diferença de desempenho entre as lojas. Contudo, o período de reestruturação trouxe distanciamento entre a C&A  e seus concorrentes, tanto em termos de vendas quanto de investimentos em operações.

“Capitalizadas, a Riachuelo e principalmente a Renner continuaram a investir nas operações, apesar do cenário econômico desafiador, mantendo o plano de expansão de lojas e executando grandes projetos, como o de logística”, afirmam.

Operação de crédito: uma das maiores desvantagens

Mariana e Fagundes também apontam que a maneira como a operação de serviços financeiros da C&A está estruturada é uma das principais desvantagens da C&A em relação aos concorrentes e explica (ainda que parcialmente) o desempenho de vendas mais fraco.

Atualmente, a companhia atua em parceria exclusiva com a Bradescard (do Bradesco), oferecendo aos clientes serviços financeiros (como cartão de crédito). Com políticas de concessão de crédito mais conservadoras, a penetração dos cartões bandeirado e próprio nas vendas da C&A é de apenas 23% e se compara a 44% e 45%, respectivamente, para Renner e Riachuelo.

“A oferta de serviços financeiros pelas varejistas de vestuário é um fator que contribui de forma significativa para as vendas, principalmente para as companhias cujo público-alvo é uma consumidora de classe social B-C que, no geral, é mais sensível ao acesso à crédito”, avaliam os analistas.

Ciente destes obstáculos, a diretoria da C&A planeja lançar um cartão próprio digital de forma independente; o processo de estruturação desse produto está previsto para acontecer ao longo do primeiro semestre de 2020.

Apesar de ver  o potencial dessa operação, a XP ressalta dois riscos relacionados a essa iniciativa: “Primeiro, é preciso a aprovação do Bradesco para que a C&A dê inicio a essa operação, em função da cláusula de exclusividade. Caso o Bradesco não aprove, a C&A tem a opção de recomprar a operação de serviços financeiros como um todo, mediante pagamento de multa estabelecida no contrato. O segundo é o risco inerente a uma operação de serviços financeiros, em que a qualidade dos créditos concedidos é fator importante na rentabilidade”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.