BRF (BRFS3) reporta prejuízo de R$ 956 milhões no 4T22 e projeta R$ 4 bilhões com venda de ativos

Companhia apontou que R$ 356 milhões do prejuízo não possuem efeito caixa, o que jogaria o resultado para R$ 601 milhões negativos no período

Rikardy Tooge

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A BRF (BRFS3), dona da Sadia e da Perdigão, reportou nesta terça-feira (28) prejuízo líquido de R$ 956 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 964 milhões de igual período de 2021.

A empresa aponta que cerca de R$ 356 milhões do montante, que envolve um acordo de leniência da companhia no âmbito da operação Carne Fraca, não possuem efeito caixa, o que jogaria o resultado para R$ 601 milhões negativos.

Nos dois índices, o resultado veio pior do que o consenso Refinitiv, que estimava um resultado líquido negativo em R$ 130,6 milhões.

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No ano, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 3,2 bilhões em 2022, revertendo o lucro líquido de R$ 517 milhões de 2021. Para tentar se recuperar do ano ruim, a empresa anunciou um plano robusto de desinvestimento, que poderá agregar até R$ 4 bilhões ao caixa no decorrer do ano.

“Seguimos com nosso plano de focar no nosso core business”, afirmou Miguel Gularte, CEO da BRF, em coletiva de imprensa. “[No caso da venda do] negócio de pet, fez todo o sentido de avaliar esse desinvestimento. São possibilidades muito interessantes”, acrescentou.

Nos cálculos de Fábio Mariano, CFO da companhia, a venda da operação de pet food, anunciada na tarde desta terça, com a negociação de ativos desconectados dos hubs de produção e créditos fiscais poderão levantar cerca de R$ 4 bilhões ao caixa. “Recebemos indicações de um valuation bem atrativo pela operação pet e outros ativos non core já estão no pipeline de desinvestimento”, reforçou.

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Na visão da BRF, o desinvestimento vai ajudar a companhia a diminuir a alta alavancagem, que encerrou 2022 em 3,75 vezes a dívida líquida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês). A ideia, reforça Mariano, é que os negócios ocorram ainda em 2023.

“O quanto antes, melhor. Mas vamos seguir as negociações sob um preço adequado e nas condições de mercado certas”, ressaltou o CFO da BRF.

Ainda no contexto de retomada dos indicadores, a companhia anunciou que conseguiu capturar cerca de R$ 210 milhões em eficiências na operação no último trimestre.

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Miguel Gularte afirmou que o montante parte de uma premissa conservadora e que balanço até o fim de dezembro de 2022 captou apenas poucos meses de sua implementação, iniciada em outubro do ano passado.

Outros números

No período, a BRF registrou receita líquida de R$ 14,8 bilhões no trimestre, com alta de 7,6% sobre igual período do exercício anterior. Em 2022, o faturamento líquido somou R$ 53,8 bilhões, com alta de 11,3% sobre 2021.

O Ebitda ajustado somou R$ 1 bilhão no quarto trimestre do ano passado, ante R$ 1,7 bilhão de 2021 uma queda de 38,8% no comparativo. No consenso Refinitiv, a expectativa era de uma geração de caixa de R$ 1,2 bilhão.

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Por outro lado, a BRF conseguiu diminuir em 15,8% sua dívida líquida, chegando a R$ 14,6 bilhões ao fim de 2022.

“Mais de 80% das dívidas são financiadas pelo mercado de capitais e o prazos estão bem alongados, o que nos traz mais tranquilidade”, disse Fábio Mariano, que apontou que o prazo médio de endividamento da companhia é de oito anos.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br