BRF (BRFS3) posterga meta de Ebitda de R$ 10 bi em um ano, mas avalia que “pior ficou para trás”

Processadora brasileira de frango e aves disse que a imensa pressão de custos não impedirá a empresa de atingir metas

Equipe InfoMoney

Planta da BRF (Divulgação)

Publicidade

SÃO PAULO – Um ano após a divulgação das suas metas para 2030 – que incluíam crescimento em alimentos processados, suínos, segmento pet, proteína vegetal, e maior internacionalização – a BRF (BRFS3) revisita a sua estratégia de crescimento , com algumas mudanças no radar.

A companhia, dona das marcas Sadia e Perdigão, divulgou na noite da véspera sua revisão de guidance para a “Visão 2030”. Segundo as previsões da BRF, serão investidos aproximadamente R$ 55 bilhões até 2030, além de buscar atingir uma receita maior que R$ 100 bilhões.

No período de 2021 a 2024, a empresa estima atingir uma receita líquida de R$ 65 bilhões e crescer o Ebitda em duas vezes em relação aos últimos 12 meses terminados em 30 de setembro de 2020, atingindo R$ 10 bilhões. Essa marca foi atrasada em um ano frente as previsões anteriores da companhia. Nos últimos 12 meses, o Ebitda reportado foi de R$ 5,6 bilhões.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Para a Ativa Investimentos, a postergação da meta de atingir Ebitda de R$ 10 bilhões em 2023 para 2024  é negativa, sinalizando menor otimismo da administração da BRF, apesar de acreditar que a maior parte da escalada de custo já ficou pra trás. O Credit Suisse, contudo, avalia que a mudança não decepciona, pois as ações não valorizam no plano anterior, vistas como muito ousadas.

Já para entre 2025 e 2027, a projeção da BRF é de crescer a receita líquida e o Ebitda em cerca de 2,5 vezes em relação aos últimos 12 meses, além de aumentar a receita no mercado brasileiro em mais de 60%.

Entre 2028 e 2030, as previsões da companhia são de chegar a uma receita líquida maior de R$ 100 bilhões, e crescer o Ebitda em mais de 3,5 vezes. Com relação às margens, projeta-se uma margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) acima de 15% e margem líquida média de 6%, com um Retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) de 16%.

Continua depois da publicidade

Para a Levante, após um cenário no mínimo desafiador em 2021, em que a alta dos preços das commodities afetou consideravelmente as margens da companhia, a BRF acredita que o pior já ficou para trás, e terá melhores resultados nos próximos anos.

Outro ponto relevante no guidance da companhia é o limite de alavancagem financeira líquida de até 3 vezes. Ao fim do terceiro trimestre de 2021, esse número estava em 3,06 vezes.

Visão positiva da empresa apesar dos desafios

A processadora brasileira de frango e aves disse que a imensa pressão de custos não impedirá a empresa de atingir metas como registrar receita líquida de R$ 65 bilhões até 2024.

A BRF e outros processadores de alimentos enfrentaram uma pressão inflacionária sem precedentes sobre os custos este ano, quando os preços do milho, farelo de soja e embalagens mais que dobraram, destacou o CEO Lorival Luz durante apresentação da empresa nesta quarta-feira.

Embora os preços mais altos dos insumos tenham pressionado as margens de lucro, a venda de mais alimentos processados ​​no Brasil e em mercados de exportação como o Oriente Médio, que têm maior valor agregado, será fundamental para aumentar as receitas e restaurar as margens. “A equipe sabe como lidar com as adversidades”, avaliou.

Chamando o atual ambiente operacional de “hostil”, ele disse que a empresa exploraria “vias de crescimento” que incluem investir na produção de carnes cultivadas e abandonar um modelo de negócios baseado na venda de produtos commoditizados, como frango fresco.

No entanto, a BRF, que responde por 9% das exportações globais de frango, disse que recebeu 26 novas licenças de exportação de carne este ano, o que lhe permite permanecer um dos maiores fornecedores para mercados lucrativos como Oriente Médio e China.

A BRF afirmou que também está empenhada em expandir a capacidade de produção de rações para animais de estimação no Brasil, visto que a empresa pretende ser o segundo maior player neste segmento até 2025.

A companhia destacou em apresentação que, neste primeiro ano de Visão 2030, foram realizados investimentos nas unidades produtivas no Brasil, que já resultaram em um aumento de 30% na produção de itens de alto valor agregado, alta de 20% em pratos prontos, além de 25% em suínos. Em inovação de produtos, a BRF ampliou o portfólio de proteínas alternativas, chegando a 10 produtos em sua linha plant-based. Um dos destaques, apontou a companhia, foi o Veg Frango 100% Vegetal, da linha Sadia Veg&Tal, o primeiro frango plant-based carbono neutro do Brasil.

Outra avenida de crescimento destacada pela empresa é a de pratos prontos, que em 2021, já levou mais de 20 novos itens para as gôndolas.

Em pet food, a BRF tornou-se um dos três maiores players do mercado brasileiro, por meio das aquisições do Grupo Hercosul e da Mogiana, aumentando em 15 vezes sua capacidade produtiva, apontou.  No segmento de naturais, o que mais cresce entre as rações, a companhia lidera com as marcas Guabi Natural e Biofresh.

No mercado internacional, ela fez investimentos nas unidades produtivas de Damman, na Arábia Saudita, e na planta de Bandirma, na Turquia, seguindo como líder no mercado halal. “Foram 45 lançamentos em 2021 e mais de 20% da receita internacional é de produtos de alto valor agregado, o que reforça a importância de ter um portfólio robusto e marcas locais fortes”, apontou Patricio Rohner, vice-presidente de Mercado Internacional da BRF.

Apesar da visão positiva da gestão da empresa, a maior parte dos analistas, segundo compilação da Refinitiv, está cautelosa com relação às ações BRFS3. De 12 casas que cobrem o papel, 8 estão com recomendação neutra e 4 com recomendação de compra, ainda que o preço-alvo médio seja de R$ 28,58, uma alta de 40% em relação ao fechamento da véspera.

Entre os otimistas está o Bradesco BBI, que na última semana destacou a companhia como  primeira escolha no setor, com preço-alvo de R$ 32, dada a redução de custos e possível fusão e aquisição – em meio às especulações sobre uma possível compra pela Marfrig (MRFG3), cuja ação foi reduzida a neutra pelo BBI no mesmo relatório.

Na sessão desta quarta, contudo, os ativos BRFS3 registravam baixa de 1,32%, a R$ 20,17, por volta das 14h (horário de Brasília), enquanto os papéis MRFG3 avançavam mais de 4%. No radar da Marfrig, o Bank of America elevou nesta quarta a recomendação para as ações de neutro para compra, assim como o seu preço-alvo, que passou de R$ 29,50 para R$ 34.

Os analistas do banco elevaram a projeção para o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em 15,5%, para R$ 8,8 bilhões. Eles apontam que estão construtivos sobre o ciclo de carne bovina nos EUA apontando que, apesar da projeção de queda das margens na comparação anual, a baixa deve ser gradual. Além disso, uma potencial compra da BRF (BRFS3) teria um risco menor para o balanço da companhia após o sell-off dos ativos da BRF e um melhor Ebitda da Marfrig.

(com Reuters)

Analista da Rico Corretora ensina ferramentas práticas a extrair lucro do mercado financeiro de forma consistente. Inscreva-se Grátis.