Braskem (BRKM5) diz que Novonor segue empenhada em vender controle; ações caem quase 2% após balanço

Executivos da empresa afirmam que indústria petroquímica é cíclica e isso traz volatilidade ao processo de venda do controle

Augusto Diniz

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O diretor financeiro da Braskem (BRKM5), Pedro Freitas, disse nesta quarta-feira (9) que as negociações para a venda de fatia majoritária no capital da petroquímica seguem e descartou que esteja faltando empenho na conclusão, já que alguns interessados surgiram nos últimos meses e nada ainda foi definido.

Segundo ele, o “processo de troca de informação” entre os interessados prossegue. “As ofertas que a Braskem tem conhecimento foram divulgados no mercado”, afirmou, a analistas e investidores, durante teleconferência para comentar os resultados do segundo trimestre, com prejuízo 45% menor.

“A indústria petroquímica é cíclica e isso traz volatilidade ao processo”, disse. Freitas afirmou que o fato de a Petrobras (PETR4) ser um importante acionista na companhia, com propostas de transação que foram feitas a mantendo ou a retirando da estrutura acionária, faz com que a posição da estatal seja relevante no negócio.

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Semana passada, durante fala a analistas, executivos da Petrobras (PETR4) voltaram a sugerir interesse na aquisição de mais fatia na petroquímica. “Não é uma empresa (a Braskem) simples de avaliar, de transacionar. Mas a gente vê o engajamento da Novonor em seguir adiante com o processo”, garantiu Freitas.

Após a divulgação dos resultados, as ações da Braskem caíram 1,92%, cotadas a R$ 23,39, tendo variado ao longo da sessão entre R$ 23,01 e R$ 24,20. No ano, as ações da Braskem recuam 1,55%, em doze meses cedem 36,1% e, em agosto, perdem 7,91%.

Braskem (BRKM5) vê cenário difícil

Em entrevista ao InfoMoney antes da teleconferência de resultados, Freitas havia adiantado que os resultados da empresa refletiam um cenário global ainda desafiador, que dificilmente iriam se reverter no próximo trimestre. Durante a teleconferência, ele reafirmou os principais pontos.

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A Braskem viu seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuar 32%, em relação ao primeiro trimestre, pelo recuo no volume de vendas de resinas e principais químicos no Brasil. Na comparação anual, a queda do Ebitda foi de 82%.

A empresa citou ainda que ocorreu queda de volume de polipropileno na Europa em função da retração da demanda. Além disso, houve redução de spreads de PVC no Brasil, polipropileno na Europa e polietileno do México e a apreciação do real frente ao dólar de 5% no período.

Para o segundo semestre, no Brasil, a empresa prevê maior volume de vendas de resinas, mas queda para químicos. Na Europa e EUA, a previsão é de aumento de volume de vendas, mas com a manutenção dos spreads (ou seja, baixos). No México, há expectativa de maior fornecimento de etano, mas com queda do spread do polietileno.

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Período cíclico

“É importante termos claro quanto esse cenário é atípico. Cenário cíclico é comum na indústria, mas esse especificamente contempla algumas características que agravam”, disse Roberto Bischoff, CEO da companhia, a analistas, durante a teleconferência.

“Nós estamos observando a China com dificuldade de recuperar o ritmo de crescimento. Vemos os Estados Unidos de alguma forma enfrentando deterioração de demanda e a Europa que, apesar de alguns sinais mais positivos, ainda se vê impactada por efeitos de pressão inflacionária, inclusive por consequência da guerra Rússia-Ucrânia.”

Ademais, o executivo aponta que as novas fontes de capacidades de produção, que atrasaram a operação por conta da pandemia, pressionam ainda mais o mercado com alta oferta.

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Braskem reclama da importação

“Esses efeitos em conjunto têm impacto nos spreads petroquímicos, além de fazer com que produtos de outras regiões, especificamente América do Norte, Ásia e Oriente Médio, exportem seus produtos para os países em desenvolvimento (como o Brasil)”, afirmou Bischoff, sobre as importações.

O setor, inclusive, conversa com governo federal algumas medidas com relação a esse quadro, de compras externas, pontuaram os executivos. Para os spreads, Freitas comentou que a perspectiva de normalização deve acontecer somente em 2025.

O executivo prevê para ainda esse ano uma pequena melhora da demanda da China como efeito do pacote de incentivos daquele país.

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Freitas afirmou que, para 2024, a situação de oferta e demanda deve continuar apertada, mas com menor pressão de novas capacidades, que criaram condições de oferta muito grande.

“Talvez no segundo semestre do ano que vem apresente uma melhora, mas acho que a recuperação do spread e mudança de ciclo fique lá para 2025, 2026 e 2027, até um novo ciclo para a indústria”, destaca.

BRKM5: Análise balanço

Em relatório, o Morgan Stanley destacou que a contração do Ebitda se deve ao volume de vendas, principalmente vindo do Brasil. Além disso, o desempenho refletiu a natureza de excesso de oferta do setor petroquímico global, bem como o efeito da variação de estoque nas operações dos EUA

“Os spreads deprimidos, juntamente com as taxas de utilização mais fracas e a demanda lenta, levaram os resultados da Braskem (BRKM5) no 2T23 a mínimos históricos”, relata o banco.

Enquanto isso, o Bradesco BBI apontou que os resultados “mostraram, mais uma vez, como os ciclos do polietileno e do polipropileno estão em um jogo difícil para os produtores de resinas.”

Após os números, o BBI reduziu suas estimativas de volume e spread, “assumindo uma recuperação mais gradual até o meio do ciclo”.

Por fim, o Bradesco BBI manteve a classificação neutra para as ações, mas com redução de preço-alvo, de R$ 34 para R$ 28.