Brasil Pharma cai 15% após pedir recuperação judicial; petroleira vira para alta de 3% após cair 9%

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (10)

Lara Rizério

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Brasil Pharma (BPHA3, R$ 3,10, -15,07%)
As ações da Brasil Pharma abriram por volta do 12h em queda após o pedido de recuperação judicial. O pedido envolve a companhia em conjunto com nove sociedades do Grupo BRPH. A empresa vinha num processo de reestruturação societária e econômica, mas não encontrou no âmbito extrajudicial solução, como explica em fato relevante.

“Apesar desses esforços e dos avanços alcançados, a administração da Companhia ponderou que não foi possível encontrar, no âmbito extrajudicial, uma solução sustentável para a situação financeira do Grupo BRPH, concluindo que o ajuizamento da Recuperação Judicial Grupo BRPH é a medida mais adequada, neste momento, para (i) continuar avançando na recuperação e solução da crise financeira do Grupo BRPH, de forma organizada e com prazos e procedimentos preestabelecidos; (ii) manter a normalidade operacional da Companhia e suas subsidiárias, controladas e demais empresas do grupo; e (iii) resguardar o valor e preservar o caixa e capital de giro da Companhia e de suas subsidiárias, controladas e demais empresas do Grupo BRPH.”

Ainda na continuidade do processo de reestruturação das dívidas e obrigações, o Grupo BRPH afirma que negociará com seus credores “uma solução ampla e efetiva com o intuito de solucionar a crise financeira”, e que durante a recuperação judicial concentrará esforços para preservar suas atividades comerciais e operacionais e “assim cumprir com seus compromissos e obrigações.”

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A oferta pública de aquisição de ações (OPA) em curso, para saída da companhia do segmento especial Novo Mercado da B3, segue inalterada até o momento, ainda de acordo com o fato relevante divulgado na madrugada desta quarta-feira, 10. A ofertante na OPA é a controladora Stigma, e o valor por ação decorrente de laudo de avaliação realizado pelo Banco Modal, como informado em dezembro, é de R$ 0,14. “Em entendimentos com a Stigma II, a Companhia foi informada que eventuais impactos da Recuperação Judicial Grupo BRPH sobre a OPA estão sendo analisados e serão, caso existam, prontamente comunicados ao mercado e aos acionistas”.

Na noite desta terça-feira, 9, o presidente do conselho de administração da Brasil Pharma, Roberto Bocchino Ferrari, renunciou e a empresa informou que o cargo ficará temporariamente vago, devido ao impedimento de o atual vice-presidente do colegiado, Paulo Remy Gillet Neto, assumir, já que também acumula o cargo de diretor presidente.

CCR (CCRO3, R$ 16,26, -0,55%) e Ecorodovias (ECOR3, R$ 12,51, -1,11%)
O leilão de concessão do Trecho Norte do Rodoanel de São Paulo, marcado para esta quarta-feira será o primeiro de uma série de licitações programadas para 2018.  De acordo com o Bradesco BBI, a CCR é candidata natural ao leilão. “Desde 2012, a CCR adicionou cinco novas concessões dado que NovaDutra, ViaOeste e Rodonorte vão expirar nos próximos anos. A companhia levantou R$ 4 bilhões de ativos em fevereiro de 2017 com o plano de leiloar por novas concessões ou fazer aquisições. Os Governos federal e estaduais podem realizar leiloes de mais de R$ 100 bilhões em infraestrutura/transportes nos próximos anos, além da possibilidade de entrar em outros mercados como América Latina e EUA”, apontam. 

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Por outro lado, a inflação acima do esperado em dezembro apresentada pelo IBGE (IPCA de 0,44% versus estimada de 0,30%), apesar de ficar abaixo do piso da meta em 2017, faz as ações do setor sofrerem. As concessionárias possuem fluxos de caixa previsíveis por trabalharem com grandes projetos de longo prazo com valuations próprios. Cada projeto tem uma TIR (Taxa Interna de Retorno) estabelecida e a atratividade dos papéis dessas companhias é majoritariamente determinado pela diferença entre a Selic, que é a nossa taxa livre de risco, e essa TIR, que embute o risco do empreendimento. A lógica é que quanto menor a taxa de juros, maior a atratividade das concessionárias, uma vez que a diferença para os ganhos com investimentos no setor é menor e, para o investidor, fica mais atrativo correr o risco do investimento.

Voltando ao noticiário sobre os leilões, os governos federal e Estaduais querem destravar alguns programas para reforçar o caixa no fim de mandato. Mas eles terão de enfrentar obstáculos pela frente, como o timing apertado por causa das eleições e a busca de solução para as concessões que estão para vencer, para as que foram retomadas e para aquelas com problema de desequilíbrio econômico.

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 Especialistas afirmam que as pendências relacionadas às concessões já feitas devem concentrar as atenções dos investidores e devem calibrar o apetite no setor. Além disso, a grande oferta de ativos à venda pode representar concorrência para as novas licitações. “Vejo pouco investimento em obras novas e muito apetite por compras de ativos em operação. Enquanto esse estoque não for reduzido, o apetite por projetos greenfield (construção a partir do zero) será menor”, afirma o coordenador do Comitê de Rodovias da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Gabriel Galipolo, presidente do Banco Fator.

 No caso do Rodoanel de SP, no entanto, ele vê concorrência, já que o governo paulista conseguiu eliminar uma série de entraves relacionados aos riscos da obra, que é realizada pelo Estado. A iniciativa privada apenas vai operar e manter a rodovia em ordem. Segundo fontes do mercado, a disputa deve ficar entre CCR (CCRO3), EcoRodovias (ECOR3), AB Concessões, do grupo italiano Atlantia, e Arteris, da Brookfield.

Marcado para esta quarta-feira na B3, em São Paulo, o leilão tem lance mínimo de R$ 462,3 milhões. Vence quem fizer a maior oferta de outorga pela concessão do trecho. O que está em disputa são 47,6 quilômetros do último segmento do Rodoanel, que tem interligação com os trechos Oeste (operado pela CCR) e Leste, administrado pela SPMar, concessionária responsável também pelo Trecho Sul.

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  Ainda no primeiro trimestre, o governo federal espera conseguir licitar a Rodovia de Integração Sul, no Rio Grande do Sul (BR-101/290/386/448). O trecho de 473,4 km prevê investimentos de R$ 8,5 bilhões durante o período de concessão. Mas, nesse caso, o governo depende do Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda avalia o processo. Os demais trechos devem ficar para o último trimestre, o que pode ser prejudicado pelo calendário eleitoral. “O humor do investidor está positivo, mas ele precisa de regulação para tomar suas decisões”, diz o sócio da BF Capital, Renato Sucupira, usando o setor de transmissão de energia como exemplo de atratividade de investimentos após mudanças nas regras.

Os Estados também têm planos de novas concessões. Sem dinheiro para tocar os projetos de ampliação e manutenção, os governos de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo planejam conceder mais de 5 mil km de rodovias. O volume dos projetos estaduais equivale a praticamente o dobro das novas rodovias que estão no radar das concessões federais. “Mas devemos considerar que esse é um ano de eleições. Se os editais não saírem até abril, as licitações ficam mais difíceis de serem feitas”, diz Francinett Vidigal, da VAE Consultores.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 44,38, -0,47%)

O Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina por valor de mercado, está avaliando se deve emitir mais títulos perpétuos internacionalmente para liberar capital, de acordo com Caio David, CFO, em entrevista à Bloomberg. “É mais eficiente do ponto de vista dos acionistas ter tanta dívida subordinada quanto possível”, disse ele.

O Itaú pode ter até 150 pontos base de seu capital de Nível 1 composto por dívida perpétua. O banco emitiu títulos deste tipo em 2017, representando apenas 60 desses pontos base. O Itaú poderia voltar, no futuro, ao mercado de dívida perpétua, dependendo das condições, disse David, sem especificar um cronograma para a emissão.

Os acionistas se beneficiam do excesso de capital, que pode ser devolvido a eles sob a forma de dividendos ou usado para recomprar ações, o que reduziria o número de ações e aumentaria o dividendo pago por ação. Se o banco decidir cancelar as ações que compra, como o Itaú fez recentemente, as mesmas participações dos acionistas representarão uma maior fatia do capital total. Em 5 de dezembro, o Itaú definiu o preço de seus primeiros títulos subordinados perpétuos, com um total de US$ 1,25 bilhão a uma taxa fixa de 6,125 por cento ao ano, que será aplicável até o quinto aniversário da data da emissão; o cupom será definido novamente a cada cinco anos.

Em 15 de dezembro, o Itaú disse que cancelaria cerca de 32 milhões de ações com direito a voto que comprou em uma venda em bloco, em 14 de dezembro, da Fundação Antonio e Helena Zerrenner (FAHZ), um acionista da Ambev, por cerca de R$ 1,18 bilhão, de acordo com comunicado.

Empresas brasileiras, como a Rumo e a Rede D’Or São Luiz, estão considerando emitir novos títulos, considerando que o CDS 5 anos do Brasil chegou a cair para abaixo de 146 pontos base, no menor nível desde setembro de 2014. A JSL confirmou emissão de US$ 300 milhões com yield de 6,75% e vencimento em 2024.

Embraer (EMBR3, R$ 20,54, +1,53%)

O noticiário sobre as negociações da Embraer com a Boeing também segue movimentado. Segundo a Coluna do Broad, do Estadão,  Embraer contratou os bancos de investimento Citi e Goldman Sachs, deixando players locais de lado, para assessorá-la em suas conversas com a americana Boeing. As companhias estão negociando uma eventual parceria, mas o modelo do negócio ainda não foi revelado. Do lado jurídico, o contratado pela brasileira foi Paulo Aragão, do escritório BMA Advogados. Procurados, Embraer, Citi, Goldman Sachs e BMA não comentaram. 

Petrobras (PETR3, R$ 18,01, -0,61%;PETR4, R$ 16,87, -0,94%)

Apesar da nova alta do petróleo, no maior patamar desde 2014 com o WTI subindo quase 1% e chegando a superar os US$ 63 o barril, as ações da Petrobras registram queda, acompanhando o movimento de menor ânimo das bolsas mundiais.   

Em destaque no radar da companhia, entre as empresas que receberam perdão de parte de suas dívidas no ano passado estão algumas das maiores do País, como Petrobras, Ambev, BRF e JBS. Só a companhia dos irmãos Wesley e Joesley Batista – que estão presos desde setembro – anunciou, em outubro, que economizaria R$ 1,1 bilhão aderindo ao programa do governo.

Na Petrobras, foram três adesões que resultaram em uma economia de R$ 2,9 bilhões – 30% das dívidas renegociadas. Já a BRF teve um impacto positivo em seu resultado financeiro de R$ 220 milhões com a adesão. A Ambev não informou quanto economizou, apenas que pagaria R$ 3,5 bilhões – R$ 1 bilhão no ano passado e o restante em 145 parcelas mensais.

Segundo o Estadão, as companhias não comentam suas adesões, mas, segundo consultores da área, elas veem no Refis uma oportunidade para encerrar ações tributárias que correm na Justiça. “As empresas já contam com o fato de que o governo lançará, a cada três ou cinco anos, um programa de parcelamento de tributos. Elas enxergam nesse sistema uma política paliativa (ao complexo sistema tributário brasileiro) e uma oportunidade para limpar a casa”, diz o diretor executivo de contencioso tributário da EY (antiga Ernest Young), Murillo Villas.

A Petrobras anunciou a elevação em 1% preço do diesel e de 1,4% da gasolina, com preços que serão válidos a partir de quinta-feira (11).

Vale (VALE3, R$ 42,73, -0,79%)

As ações da Vale têm um novo dia de baixa na bolsa, mas ainda acumulam ganhos de 7,5% no ano. Os papéis acompanham um dia de quase estabilidade para o minério de ferro, com o contrato futuro negociado em Dalian em baixa de 0,09%, a 557,5 iuanes. 

Azul (AZUL4, R$ 26,71, -0,37%)

A Azul teve um aumento de 15,4% na demenda, medida em passageiros-quilômetro transportados (PRPK, na sigla em inglês), em dezembro de 2017 na comparação anual. A oferta total, medida em assentos-quilômetro disponíveis (ASK, na sigla em inglês), subiu 13,1% na mesma base. A taxa de ocupação global das aeronaves avançou 1,7 ponto percentual no último mês de 2017, para 83,1%. Os números foram considerados fortes pelo Itaú BBA, que introduziram um novo preço-alvo (para 2018) para os ativos da companhia, a R$ 40,00. 

CSN (CSNA3, R$ 10,08, -1,37%)

Apesar de ter a recomendação elevada pelo Morgan, a CSN registra queda após ganhos de 38% em 12 pregões. A siderúrgica teve a recomendação elevada de underweight (exposição abaixo da média do mercado) para equalweight (em linha com a média) pelo Morgan Stanley, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 7 para R$ 9,60. 

Rumo (RAIL3, R$ 12,23, -0,97%) e QGEP (QGEP3, R$ 10,90, -0,82%)

Duas ações que subiram forte em 2017, mais de 100%, a Rumo e a QGEP tiveram a recomendação reduzida para neutra pelo UBS, com preços-alvo respectivos de R$ 14,40 e R$ 12. Logo no início do pregão, as ações QGEP3 chegaram a cair 8%, mas amenizaram. 

Sobre a QGEP, os analistas Luiz Carvalho e Julia Ozenda apontaram que a redução de recomendação ocorreu principalmente pelo valuation, em meio à alta de 90% desde que a companhia anunciou a venda de 10% em Carcará para a Statoil. De qualquer forma, eles apontam acreditar que a companhia tem um balanço sólido e uma geração de caixa previsível de Manati, mas esses fatores já estão precificados. 

PetroRio (PRIO3, R$ 94,01, +2,82%)

Após desabar 10,61% na véspera, as ações da PetroRio iniciaram a sessão com mais uma derrocada, chegando a ter baixa de 9,22%. Mas, ao longo do pregão, os papéis amenizaram a queda e agora operam em alta. Ontem, dois comunicados foram divulgados pela companhia, um com os dados operacionais de dezembro e do ano, com uma produção médio no Campo de Polvo de 6.856 barris por dia e de 540.775 em Manati no último mês de 2017 e outro sobre posição acionária. O Morgan Stanley informou à companhia deter de forma agregada, por meio de suas subsidiárias, 663.702 ações ordinárias de emissão da Companhia, correspondentes a 5,0% do capital social, informando ainda que não objetiva alterar a composição do controle ou estrutura administrativa da companhia. O banco também comunicou ter atingido uma exposição econômica vendida, por meio de instrumentos financeiro derivativos, referenciados em 418.091 ações ordinárias de Companhia, o que representa 3,2% do número total de ações ordinárias.

Segundo um gestor ouvido pelo Infomoney,  pelo fato relevante, poderia-se conjecturar que o banco estaria atuando como formador de mercado em opções, pois ele está comprado em ações (5%) e vendido via derivativos (3%). “Essa é uma posição clássica de delta hedge que deveria ter impacto neutro no mercado. Mas, aparentemente, as opções ‘saíram do dinheiro’ – em que o exercício não compensaria se estivesse no momento de seu vencimento – e ele está com diversas ações em carteira que precisarão ser vendidas de hoje até o vencimento destas opções”, avalia. Outra questão é que o mercado pode ter sentido que a ação subiu “artificialmente” nos últimos dias porque o Morgan sozinho comprou 5% do total de papéis. 

(Com Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.