Brasil enfrentará um dilema com mercado na próxima reunião do Copom, diz Bradesco BBI

"Ou o país aumenta as taxas e se torna um outlier global ou não aumenta e agrava a crise de confiança", avalia o banco; analistas destacam setores da Bolsa que mais ganham neste cenário

Lara Rizério

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O Brasil enfrenta um dilema para o aporte de investimentos em seu mercado em setembro, aponta o Bradesco BBI, em meio ao iminente início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve na reunião do próximo dia 18 (reforçada pelos dados do relatório de emprego desta sexta-feira), enquanto o Copom (Comitê de Política Monetária) brasileiro encontra-se em um ambiente macro propício à elevação de juros.

“Ou o país aumenta as taxas e se torna um outlier (fora da curva) global ou não aumenta e agrava a crise de confiança”, avalia o banco.

Um início “explosivo” do ciclo de cortes de taxa do Fed pode apoiar uma potencial rotação dupla positiva nos mercados internacionais.

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Mas o Brasil pode ver outros mercados emergentes colhendo os benefícios, apontam os estrategistas do banco, enquanto é forçado a aumentar as taxas de juros e investidores estrangeiros se realocam em outros países.

Há apenas uma janela estreita para um aumento de taxa de juros “otimista” do Copom brasileiro para acalmar os temores do mercado, afirmam Ben Laidler e Thiago Pereira, estrategistas que assinam o relatório.

O BBI vê uma janela estreita para um “aumento otimista” do Copom, mas alerta que o histórico não favorece os investidores, dado o histórico de perdas em ciclos de aumento das taxas.

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“A história não está ao lado dos investidores, com perdas nos ciclos de aumento de taxa de dois dígitos, enquanto o mercado não está tão barato quanto parece, as expectativas de lucro estão muito altas e nosso índice de sentimento não é favorável”, avaliam. Atualmente, a Selic está em 10,5%.

Assim, no geral, o BBI mantém uma posição neutra em Brasil, focando em ações defensivas e exportadoras, enquanto observa que setores como de matérias-primas e produtos básicos têm se mostrado mais resilientes em um cenário de Selic alta.

A XP também revisitou sua análise do desempenho das ações brasileiras em vários ciclos de taxa de juros nas últimas duas décadas.

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Os principais destaques são: (i) setores defensivos, que tendem a ter um desempenho melhor durante ciclos de aumento de juros, com bancos, instituições financeiras e utilidade pública se destacando. Isso se mantém mesmo quando considerada a relação risco-retorno; (ii) qualidade e baixo risco, que também superam o Ibovespa quando os mercados estão precificando aumentos de juros; (iii) comparado a ciclos anteriores de aperto, telecom, saneamento e Bens de Capital estão com alto desempenho, enquanto fatores proprietários e óleo, gás e petroquímicos estão ficando para trás.

A equipe de estratégia da XP – formada por Júlia Aquino, Fernando Ferreira, Jennie Li e Felipe Veiga -, que assina o relatório, aponta que os mercados estão precificando um aperto na política monetária há quatro meses.

Como os estrategistas da XP esperam aumentos na taxa Selic adiante, a análise sugere que os setores-chave para se posicionar e superar o Ibovespa são aqueles que também consideram mais defensivos: bancos, instituições financeiras e utilidade pública.

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As Small Caps devem continuar desapontando, avaliam, pois esperam que os mercados continuem a precificar taxas mais altas, e as Large Caps tendem a se destacar nesse cenário. A XP, cabe destacar, revisou nesta semana sua projeção para o Ibovespa, vendo o índice a 155 mil pontos nos próximos doze meses.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.