Bom sinal para Ambev (ABEV3), alerta para varejo de moda: o que os dados além da deflação mostraram para as empresas

Bradesco BBI avaliou positivamente a inflação nos preços de cerveja, enquanto o Itaú BBA destacou como sinal negativo o aumento dos preços de vestuário

Lara Rizério

Pessoa pegando cerveja no supermercado (Foto: Getty Images)

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Os dados de preços de agosto medidos pelo IPCA (índice de preços ao consumidor) foram divulgados na última sexta-feira (9) e, apesar de apresentarem nova deflação, de 0,36%, esconderam medidas de núcleo e difusão ainda persistentemente altas. 

Em relatório, o Bradesco BBI destacou que os dados de inflação de cerveja aceleram significativamente em relação aos meses anteriores e em relação à inflação geral, bem como em relação à inflação de biscoitos e massas e alimentos processados. Os analistas do banco destacaram esperar que essa tendência continue em setembro, já que os varejistas trabalham completamente com os estoques de cerveja que tiveram preços mais baixos.

A cerveja no domicílio, comprada em varejistas, subiu 2,37% na comparação mensal, superando 10% nos últimos doze meses. Já a bebida fora do domicílio, comercializada em bares e restaurantes, subiu 1,71% na base mensal e 6,50% na comparação anual.

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Para os analistas do BBI, os dados dão uma leitura positiva para a Ambev (ABEV3), ação cuja recomendação pelos analistas é de compra, com preço-alvo de R$ 21. O BBI aponta que os investidores estão focados na recuperação das margens, que deve ser sustentada por preços mais altos da cerveja. Já as pressões de custo diminuem com o alumínio, que é usado para produzir latas, e que apresentou queda de 10% no último mês. O preço do petróleo, que afeta as despesas com fretes, recuou 7% no último mês.

“Como resultado, estimamos que os custos da cerveja caíram 2% na comparação com igual período do ano anterior, com base nos preços spot [à vista] de commodities”, aponta o BBI, enquanto houve inflação de cerveja.

Os analistas avaliam que a Ambev está negociando a um atraente múltiplo de preço sobre o lucro para os próximos 12 meses de 16 vezes, abaixo da média histórica de 23 vezes (no preço-alvo estimado para 2022, negociando a 21 vezes). “Nosso Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] está em média aproximadamente 10% acima do consenso para 2023 e 2024, pois refletimos o benefício de custos mais baixos de commodities e preços mais altos de cerveja”, avalia.

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Já o Itaú BBA destacou o cenário para as empresas de vestuário após o índice mostrar alta dos preços de 1,69% para o segmento, acima dos 0,83% esperados pelo banco na base mensal. Em doze meses, a alta supera os 17%. Além disso, dados mostraram paralelamente que a poupança das famílias aumentou 350 pontos-base no trimestre, para 8,9% no segundo trimestre de 2022 (2T22), superando a média de sete anos de 8,6%.

Para os analistas, a notícia não é positiva para as companhias de vestuário. Eles destacam que o mercado já esperava que os varejistas enfrentassem uma base de comparação difícil no segundo semestre de 2022 (2S22).

Contudo, acreditam que a inflação de vestuário acima do esperado  e a normalização da poupança das famílias (e aumento dos gastos em serviços, um dos principais impulsionadores do crescimento do PIB acima do previsto de 1,2% no 2T22) provavelmente se traduzirão em um cenário macroeconômico menos benigno para as vendas e para a lucratividade no setor no curto prazo – um ponto a ser monitorado de perto.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.