Bolsas caem com temores de altas de juros mais agressivas pelo Fed; falas de Lula sobre BC e mais assuntos do mercado hoje

Após tom mais duro de Bullard na véspera, mercados aguardam por mais falas de dirigentes do Fed durante a sessão de hoje

Felipe Moreira

Publicidade

Os mercados mundiais amanhecem em baixa nesta sexta-feira (17), com investidores preocupados que o Federal Reserve (Fed) possa promover altas de juros mais fortes, após falas de integrantes da autoridade monetária, outro índice de inflação acima do previsto e um declínio nas reivindicações de seguro-desemprego, mostrando que a economia está se mantendo firme em meio aos aumentos das taxas de juros do BC americano.

O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,7% em janeiro, segundo dados dessazonalizados e divulgados na quinta-feira (16). Em uma base não ajustada, o índice de demanda final aumentou 6,0% nos 12 meses encerrados em janeiro de 2023. O consenso Refinitiv apontava para uma alta menor, de 0,4% no mês e de 4,9% no ano.

Já os pedidos de seguro-desemprego caíram a 194 mil na semana, abaixo da expectativa de 200 mil.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ibovespa hoje: acompanhe o que movimenta Bolsa, Dólar e Juros Ao Vivo

Além disso, presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse na véspera que apoiou um aumento de 50 pontos-base na taxa de juros na reunião anterior do banco central e não descarta um aumento dessa magnitude na próxima reunião do Fed.

No Brasil, às vésperas do feriado de Carnaval, a agenda econômica está esvaziada e investidores devem repercutir os resultados trimestrais da mineradora Vale (VALE3). Após a sessão desta sexta, a Bolsa brasileira só reabre às 13h da Quarta-Feira de Cinzas.

Continua depois da publicidade

O noticiário envolvendo as disputas entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central segue no radar, mesmo após a especulação do mercado financeiro de que o governo poderia eventualmente elevar a meta de inflação em uma tentativa de criar espaço para a redução da taxa de juros não ter se concretizado no encontro do Conselho Monetário Nacional (CMN) da véspera.

Após aliados terem se mobilizado para dizer que a autonomia do BC não está sendo discutida pelo governo, apesar das críticas ao nível da taxa de juros, Lula voltou a sinalizar ontem que pode discutir o assunto, caso as ações da autoridade monetária não contribuam para melhorar a economia. “Isso nunca foi, para mim, uma questão de princípio. O que eu quero saber é o resultado. Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo. Mas se não melhorar, nós temos que mudar”, declarou Lula, em entrevista à CNN Brasil.

1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam com baixa nesta manhã de sexta-feira, com investidores digerindo fortes dados econômicos dos EUA e comentários mais agressivos de dirigentes Federal Reserve na véspera.

Os investidores estarão atentos às falas de membros do Fed em busca de mais dicas sobre a magnitude dos próximos aumento de juros do banco central americano. O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, falará sobre o mercado de trabalho durante esta manhã de sexta-feira. A governadora do Fed, Michelle Bowman, participará de uma discussão na conferência de crédito da Tennessee Bankers Association.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam com baixa na sessão de hoje, também refletindo os temores de aumentos de juros mais agressivos nos EUA, após dados econômicos mais fortes que o previsto da véspera.

Na frente econômica, o Ministério das Finanças da Coreia do Sul espera que a economia do país cresça 1,6% , abaixo dos 2,6% de 2022 “devido à deterioração das condições externas”.

O déficit comercial da Coreia do Sul em janeiro atingiu um recorde de US$ 12,69 bilhões, marcando o 11º mês consecutivo de perdas. Os preços ao consumidor subiram 5,2% em janeiro na base anual.

O produto interno bruto da Tailândia, por sua vez, cresceu 1,4% no quarto trimestre de 2022 em base anualizada, bem abaixo dos 4,6% registrados no mesmo período do ano anterior.

Europa

Os mercados europeus operam no vermelho, com investidores ainda avaliando o impacto da inflação e dos dados de produção dos EUA e do Reino Unido e os dados da temporada de resultados corporativos.

O banco alemão Allianz reportou reportou lucro líquido atribuível aos acionistas de 2,007 bilhões de euros (US$ 2,13 bilhões) nos três meses até dezembro, em comparação com um prejuízo de 292 milhões de euros no ano anterior. Os lucros ficaram um pouco abaixo das expectativas dos analistas de 2,034 bilhões de euros, segundo a Reuters.

Por outro lado, as ações da Air France-KLM sobem mais de 7%. A companhia aérea divulgou lucro líquido de 496 milhões de euros no quarto trimestre de 2022, revertendo prejuízo de 126 milhões de euros apurado no mesmo período de 2021.

Commodities

As cotações do petróleo operam com baixa na sessão de hoje, uma vez que dados econômicos fortes dos EUA aumentaram a preocupação de que o Fed continuará com sua política monetária rígida para combater a inflação, o que pode afetar a demanda por combustível mesmo com o crescimento dos estoques de petróleo.

Os preços do petróleo oscilaram nas últimas semanas entre os temores de uma recessão atingindo os Estados Unidos em meio aos aumentos das taxas de juros e as esperanças de uma recuperação da demanda na China, o maior importador mundial de petróleo.

Bitcoin

2. Agenda

A semana termina sem a divulgação de indicadores relevantes tanto aqui quanto no exterior. Com isso, as atenções voltam para falas de dirigentes do Fed ao longo do dia.

Brasil

8h30: Fernando Haddad, ministro da Fazenda, se reúne com Ministro da Casa Civil

9h30: Haddad tem reunião com presidente Lula

10h: Roberto Campos Neto, presidente do BC tem reunião com Ricardo Denadai, CEO e Economista-chefe, Fabrício Taschetto, CIO, e Werther Vervloet, Economista da ACE Capital (fechado à imprensa)

13h: Campos Neto tem reunião com representantes da Meta Financial Technologies e do WhatsApp (fechado à imprensa)

15h: Haddad tem reunião com Conselho Diretor do Instituto do Aço

16h: Haddad se reúne com Coalizão indústria

EUA

10h30: Bens importados

10h30: Discurso do diretor do Fed, Thomas Barkin

15h: Contagem de sondas Baker Hughes

3. Noticiário econômico

Planejamento publica programação orçamentária e financeira

O governo publicou na quinta, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), o Decreto de Programação Orçamentária e Financeira do Poder Executivo. A norma propõe que dos R$ 194,8 bilhões previsto no Orçamento para bancar as despesas discricionárias, R$ 66,6 bilhões poderão ser empenhados até março.

Segundo o Ministério do Planejamento, o decreto não faz limitação de empenho, nem bloqueia ou contingencia a despesa de nenhum ministério ou órgão. Um bloqueio ou contingenciamento só ocorrerá, informou a Pasta, a partir do primeiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, previsto para 22 de março.

Segundo o Broadcast/Estadão, a equipe econômica trabalha para segurar as despesas no primeiro trimestre do ano e sinalizar o compromisso com a redução do déficit das contas públicas para pelo menos 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023.

O limite de R$ 66,6 bilhões representa o quanto o governo pode gastar até março em relação ao total de despesas previstas no Orçamento para todo o ano.

4. Noticiário político

Lula volta a sinalizar que pode discutir autonomia do BC e diz que meta de inflação não pode ser razão para subir juros

Após aliados terem se mobilizado para dizer que a autonomia do Banco Central não está sendo discutida pelo governo, apesar das críticas ao nível da taxa de juros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a sinalizar ontem, em entrevista, que pode discutir o assunto, caso as ações da autoridade monetária não contribuam para melhorar a economia.

“Isso nunca foi, para mim, uma questão de princípio. O que eu quero saber é o resultado. Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo. Mas se não melhorar, nós temos que mudar”, declarou Lula, em entrevista à CNN Brasil.

“Eu não me preocupo com a autonomia do Banco Central. Vamos ver qual é a utilidade que a independência do Banco Central teve para este País. Se trouxe para o País uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum”, emendou o presidente, ao dizer que o BC tem compromisso com a sociedade e com o Congresso.

O petista também afirmou que a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), não pode ser a razão pela qual o Banco Central aumenta a taxa Selic. Ele também disse que o País não tem, no momento, inflação de demanda.

5. Radar Corporativo

Vale (VALE3)

A Vale (VALE3) divulgou seus resultados do quarto trimestre (4T22), registrando um lucro líquido (atribuído aos acionistas) de US$ 3,724 bilhões, ante um número de US$ 4,455 bilhões no terceiro trimestre de 2022 e de US$ 5,427 bilhões no quarto trimestre de 2021, baixa anual de 30,4% e mensal de 16,4%. A projeção Refinitiv era de um lucro de cerca de US$ 2,5 bilhões para a mineradora.

Junto com os resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22), a Vale (VALE3) anunciou que o seu Conselho de Administração aprovou a distribuição de dividendos no valor total bruto de cerca de R$ 8,13 bilhões, correspondente ao valor total de R$ 1,827646133 por ação, apurados conforme o balanço de 30 de setembro de 2022.

Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner (LREN3) divulgou seus resultados do quarto trimestre (4T22) nesta quinta-feira (16), registrando um lucro líquido de R$ 481,8 milhões, alta de 15,9% na base anual. A projeção Refinitiv era de um lucro de cerca de R$ 515,81 milhões para a varejista de moda.

As vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) caíram 2,5% no quarto trimestre de 2022 ante crescimento de 18,9% do quarto trimestre de 2021. 

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)