Bolsas caem após Fed indicar juros altos por mais tempo; decisão do BC da Inglaterra, repercussão do Copom e mais destaques

Investidores também aguardam pela divulgação de pedidos semanais de seguro-desemprego e dados de vendas de casas usadas nos EUA

Felipe Moreira

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Os mercados mundiais amanhecem negativos nesta quinta-feira (21), um dia depois que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) manteve as taxas de juros, mas sinalizou um novo aumento este ano, indicando juros altos por mais tempo.

Juntamente com as projeções dos juros, o Fed também aumentou acentuadamente as suas expectativas de crescimento econômico para este ano, prevendo-se agora que o produto interno bruto (PIB) dos EUA aumente 2,1% este ano.

Assim como fizeram em junho, as autoridades do Fed ainda veem a taxa de juros de referência do banco central atingindo o pico este ano na faixa de 5,50% a 5,75%, de acordo com a mediana das projeções, apenas 0,25 ponto percentual acima da faixa atual.

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Mas, a partir daí, as projeções trimestrais atualizadas do Fed mostram que os juros cairão apenas 0,5 ponto percentual em 2024, em comparação com 1 ponto percentual total de cortes previsto na reunião de junho.

Após o Fed, hoje é a vez do Banco da Inglaterra, com previsões quase unânimes de um aumento de um quarto de ponto. A decisão será anunciada às 8h (horário de Brasília).

De volta aos EUA, investidores esperam pela divulgação de pedidos semanais de seguro-desemprego e dados de vendas de casas usadas.

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No Brasil, Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu por mais um corte de 0,50 ponto percentual nos juros básicos da economia. Assim, a Selic passou de 13,25% para 12,75% ao ano.

O Copom ainda afirmou que, se o cenário esperado for confirmado, novos cortes de mesma magnitude na Selic devem ocorrer nas próximas reuniões.

O comunicado voltou a incorporar alerta sobre a questão fiscal e apresentou projeções piores da autoridade monetária para a inflação.

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Apesar de não ter havido surpresa em relação à magnitude do corte, com todos os 48 economistas consultados em pesquisa da Reuters esperando redução de 0,50 ponto na Selic neste mês, analistas observaram viés mais duro no tom do comunicado.

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“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado em que anunciou o corte de 0,50 ponto percentual.

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1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em baixa, enquanto os rendimentos do Tesouro dos EUA sobem nesta manhã de quinta-feira, à medida que os investidores digeriam a decisão do Fed de manter a taxa de juros inalterada.

A medida era amplamente esperada, mas o banco central americano disse que ainda espera mais um aumento antes do final do ano e menos cortes do que o indicado anteriormente no próximo ano.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

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Ásia

Os mercados asiáticos fecharam em queda generalizada, depois de o BC dos EUA ter mantido a sua taxa de referência, mas disse que irá aumentar as taxas de juro mais uma vez este ano.

As projeções mostraram que o banco central espera aumentar as taxas para uma mediana de 5,6% até o final de 2023, acima da faixa atual entre 5,25% e 5,5%.

O Comité Federal de Mercado Aberto (Fomc), que fixa as taxas, projetou dois cortes nas taxas em 2024, dois a menos do que a previsão de junho. Isso colocaria a taxa de fundos em torno de 5,1%.

Europa

Os mercados europeus operam com baixa no meio de uma série de decisões sobre taxas de juro por parte dos bancos centrais de Inglaterra, Turquia, Suécia, Suíça e Noruega.

O banco central da Noruega optou por aumentar a sua taxa diretora para 4,25%, conforme previsto pelos analistas, acima dos 4% face à inflação rígida.

O banco revisou sua previsão da taxa diretora desde junho e agora indica que a taxa ficará em torno de 4,5% ao longo de 2024.

Já o Banco Suíço encerrou a sua série de cinco aumentos, mantendo as taxas de juros em 1,75%.

O banco central da Suécia, por sua vez, aumentou as taxas de juros pela oitava vez consecutiva na quinta-feira, elevando a taxa principal para 4%.

Commodities

Os preços do petróleo ampliam as perdas da véspera e operam com baixa nesta manhã, com investidores repercutindo o anúncio do Fed de mais aumento de juro este ano.

As cotações do minério de ferro na China também fecharam no vermelho, enquanto investidores buscavam detalhes da promessa da China de acelerar a implementação de mais políticas para consolidar sua recuperação econômica, com o setor imobiliário do país mantendo-os cautelosos.

Bitcoin

2. Agenda

O Banco da Inglaterra ocupará o centro das atenções, com previsões quase unânimes de um aumento de um quarto de ponto, mas menos consenso sobre o que acontecerá em seguida.

Com a economia do Reino Unido tendo encolhido no ritmo mais rápido em sete meses no início do terceiro trimestre e o mercado de trabalho mostrando sinais de desaceleração, é possível que a medida seja a última. O presidente Andrew Bailey disse no início deste mês que as taxas estão provavelmente “próximas do topo do ciclo”.

No mesmo dia, os formuladores de políticas do Banco Nacional Suíço liderados pelo presidente Thomas Jordan podem implementar outro aumento da taxa para conter a inflação, que atualmente está abaixo da meta. Se o fizerem, também pode ser a última medida no ciclo atual de aperto.

Fora isso, investidores ficarão de olho também na divulgação dos novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA, às 9h30, e na venda de casas usadas, às 11h00.

EUA

9h30: Pedidos de seguro-desemprego semanal

9h30: Saldo de conta corrente trimestral

11h: Vendas de casas usadas

Inglaterra

8h: Banco da Inglaterra decide taxa de juros

Zona do Euro

11h: Prévia da confiança do consumidor

3. Noticiário econômico

Copom reduz Selic em 0,50 p.p para 12,75% e indica futuros cortes de mesma magnitude

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu por mais um corte de 0,50 ponto percentual nos juros básicos da economia. Assim, a Selic passou de 13,25% para 12,75% ao ano. A decisão veio em linha com o esperado.

O comitê afirmou entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025.

O Copom ainda sinalizou que novos cortes de mesma magnitude na Selic devem ocorrer nas próximas reuniões.

Para o head de pesquisa macroeconomica da Kínitro Capital, João Savignon, o comunicado veio em linha com as expectativas, mas chamou atenção para o debate sobre a importância da execução das metas fiscais.

“Isso tornou o comunicado ligeiramente mais hawkish (duro), pois, mesmo não sendo explícito, pode ser interpretado como mais um condicionante para o Copom acelerar o ritmo de cortes de juros à frente”, disse.

BC dá “bom sinal” ao confirmar novas quedas na Selic, diz secretário

Ministro interino da Fazenda durante a viagem de Fernando Haddad a Nova York, o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu um bom sinal ao confirmar que continuará a reduzir a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 0,5 ponto percentual. Segundo ele, o comunicado emitido logo após a reunião traz previsibilidade para os agentes econômicos.

“Com a sinalização de que essa queda vai seguir nas próximas reuniões, isso dá uma tranquilidade grande para o mercado, uma boa sinalização”, disse Durigan ao comentar a queda da Taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano.

4. Noticiário político

STF retoma julgamento sobre o marco temporal de terras indígenas

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta  o julgamento sobre a constitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

A discussão sobre o tema deve iniciar às 14 horas. O ministro Luiz Fux deve começar a sessão com o seu voto. Além do dele, ainda faltam os votos dos ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Rosa Weber.

Na quarta-feira, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o marco temporal para demarcação de terras indígenas. Com o voto do ministro, o placar da votação é de 5 votos a 2 contra a tese.

CPI do MST

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vota, nesta quinta, o parecer final do relator Ricardo Salles (PL-SP). A sessão está marcada para as 8h.

A comissão do MST foi instalada em maio, motivada pelas invasões que o movimento fez neste ano. Entre janeiro e abril, por exemplo, foram feitas 33 invasões de imóveis rurais pelo Brasil, número que supera o total de ações em cada um dos últimos cinco anos.

5. Radar Corporativo

Copel (CPLE6)

O Conselho de Administração aprovou na véspera a distribuição de Juros sobre o Capital Próprio (JCP), no montante de R$ 958 milhões, sendo R$ 456,9 milhões, com pagamento a ser realizado em 30 de novembro.

Os R$ 501,1 milhões restantes serão pagos até o final de junho de 2024, em data a ser fixada pela Assembleia Geral Ordinária realizada em 2024.

Terão direito aos proventos os titulares de ações e UNITs da Copel com posição em 29 de setembro de 2023, de modo que serão negociadas sem proventos (ex-proventos) a partir de 02 de outubro de 2023.

Cemig (CMIG4)

A diretoria da Cemig aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio no valor de R$ 417,9 milhões, equivalente a R$ 0,18 por ação, a ser compensado com o dividendo mínimo obrigatório do exercício de 2023.

A data de corte será dia 25 de setembro, e as ações passam a ser negociadas “ex-direitos” a partir do dia 26 deste mês.

O pagamento será efetuado em duas parcelas iguais, sendo a primeira até 30 de junho e a segunda até 30 de dezembro, do próximo ano.

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)