Bolsa está mais barata que em 2008, mesmo com empresas mais saudáveis, diz sócia da Dahlia

Sara Delfim participou da Expert XP e diz que retorno da renda fixa impede Bolsa de deslanchar

Mitchel Diniz

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A opinião de que a Bolsa brasileira está barata vem sendo compartilhada há tempos por analistas e gestores. A informação parece já ter sido incorporada pelos investidores, mas a gravidade do dado ainda chama atenção. “A Bolsa está no nível de valuation mais baixo que já vi”, dispara Sara Delfim, sócia-fundadora e membro do time de gestão da Dahlia Capital. É a fala de quem acompanhou de perto crises agudas que derrubaram os preços das ações ao longo das duas últimas décadas.

Sara usa como exemplo a crise do subprime de 2008, que elevou a inflação e juros no Brasil, fazendo o dólar disparar também. “Foi sem precedentes o que aconteceu. Exportadoras quebraram com o dólar forte, pois tinham dívida em moeda americana, custos em dólar, não tinham investimentos em logística”, lembra a gestora. Pensar que a Bolsa e empresas de diversos portes e setores estão sendo negociados em níveis ainda mais baixos ‘não faz sentido’”, diz a gestora.

“Hoje, apesar das empresas mais fortes, gerando caixa e pagando dividendos, estamos em um nível de valor mais baixo que 2008”, aponta Sara, usando o exemplo da Petrobras (PETR3;PETR4). Na semana passada, a petrolífera anunciou o pagamento de dividendos de R$ 6,73 por ação, totalizando R$ 87,8 bilhões.

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“Após o pagamento dos dividendos, a Petrobras vai ser negociada ao preço de uma petrolífera na Argentina. A empresa está mais barata do que quando não havia lei de estatais, governança e política de preços”, observa Sara. Na visão da sócia da Dahlia Capital, essa distorção é explicada pelos juros mais altos da economia brasileira em cinco anos. “O que prejudica a Bolsa é o CDI a 14%, sem risco”, afirma.

Sara participou do painel “Descobrindo as vencedoras da Bolsa” na Expert XP, junto com Danniela Eiger, head de Varejo e co-Head de equity research. A discussão foi mediada pelos apresentadores do Stock Pickers, Henrique Esteter e Lucas Collazo. A  Expert XP é realizada em São Paulo (para acompanhar as palestras online ou presencialmente acesse aqui).

Bolha de luxo

Na visão de Daniella, a Bolsa está vivendo vivendo uma bolha de ativos de luxo. “As varejistas de alta renda são outro mundo, não param de crescer, trimestre em cima de trimestre”, explica. Com foco em um público de poder aquisitivo mais alto, essas empresas têm ido na contramão de varejistas de clientela mais ampla e suscetível à alta dos preços.

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Para Sara, ainda assim, essas empresas estão descontadas. “A Iguatemi negocia o metro quadrado a R$ 14 mil, enquanto só a licença para construir custa R$ 17 mil. Tem muita distorção. O micro das empresas está muito bom, elas têm pouca dívida e quando tem, são dívidas em reais. Estão pagando dividendos”, explica.

A gestora explica que a Dahlia tem “um pouco de exposição” em empresas de consumo de alta renda e está “namorando” varejistas que praticam tíquetes mais baixos. “Talvez seja a hora de migrar do consumo de alta renda para o consumo da classe média. Os agentes de mercado estão começando a antecipar esse movimento e tem probabilidade de acontecer”, afirma Sara.

Cautelosamente otimista

Sara diz que a Dahlia segue com carteira diversificada e está “cautelosamente otimista”. O foco são ações de qualidade e defensivas, mas com perspectiva de crescimento e pagamento de dividendos. “O setor mais representativo é o elétrico”, diz a gestora, dando destaque para Eneva (ENEV3). “É uma empresa de gás, em transição energética, que vem descobrindo novas reservas”, diz Sara. A gestora diz que prioriza empresas com maior liquidez.

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Ainda sobre a carteira, a Dahlia tem uma pequena posição em commodities (mais petróleo). “Temos posição em commodities que, se der ruim, não machuca”, afirma.

Na carteira da XP, entre as ações mais “blindadas”, segundo Daniella, estão Assaí (ASAI3) e Localiza (RENT3). “São empresas que, independentemente do que vier, estarão protegidas. Ações sempre têm risco, mas pensando no ‘micro’, são boas escolhas para serem feitas”, diz a analista.

Por outro lado, ela ainda recomenda cautela com ações de tecnologia. “A gente ainda não recomenda a compra desses papéis. Ainda há muitos desafios de base e de conjuntura”, afirma.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados