BK Brasil tem mais um trimestre afetado pela pandemia e ação cai 3,85%, mas analistas veem bons sinais de melhora

Números apontam nível de resiliência vindo do digital, além de uma melhora sequencial na lucratividade ao longo do trimestre

Lara Rizério

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O Burger King Brasil (BKBR3voltou a registrar prejuízo líquido no segundo trimestre de 2021, no valor de R$ 97,1 milhões, 48% menor na comparação com o mesmo intervalo de 2020, quando perdeu R$ 186,8 milhões. Apesar dos impactos ainda sentidos pela pandemia entre abril e junho, o grupo comemora “progresso expressivo” não só em relação ao mesmo período do ano anterior, mas na melhora operacional significativa do primeiro para o segundo trimestre de 2021.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês)foi de R$ 3,1 milhões de abril a junho, desempenho que ajudou a reverter o indicador negativo do mesmo período do ano passado, de R$ 96,3 milhões.

A rede de fast-food também apresentou aumento de 94% na receita operacional líquida no último trimestre, somando R$ 567,9 milhões frente aos R$ 292,7 milhões no encerramento do segundo trimestre de 2020. Quando comparada ao desempenho de janeiro a março deste ano, a receita operacional líquida subiu 1%.

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Após o balanço, as ações da companhia registraram queda nesta sexta-feira, fechando com baixa de 3,85%, a R$ 10

Contudo, a avaliação no geral é positiva para o balanço. O Itaú BBA avaliou os resultados divulgados pelo Burger King Brasil como positivos e acima do esperado. O banco diz que as margens brutas representaram uma surpresa positiva por conta de mais promoções e gestão de receitas. Além disso, a empresa publicou um Ebitda positivo, frente à expectativa de prejuízo feita pelo Itaú. Contudo, o banco mantém recomendação market perform (perspectiva de valorização dentro da média do mercado) e preço-alvo para 2021 de R$ 13.

Para o Credit Suisse, os números mostraram um nível interessante de resiliência vindo do digital, que aproximam a empresa e o fluxo de caixa operacional próximo do ponto de equilíbrio (em que os custos são iguais aos ganhos), mesmo em um cenário de pandemia.

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O nível de vendas líquidas do trimestre ficou em R$ 568 milhões, cerca de 1% de alta na base trimestral, mas ainda 16% abaixo do nível registrado no segundo trimestre de 2019. Já as vendas no digital responderam por 33% do total e avançaram 75% na comparação anual.

Já o Ebitda chegou a R$ 3 milhões, cerca de R$ 40 milhões acima dos níveis do primeiro trimestre, puxados por um avanço sequencial de margem bruta somado com uma melhor alavancagem operacional. “O começo de julho já mostrou um numero de vendas de 93% do patamar pré-pandemia e acreditamos que o mercado deve reconhecer os avanços da empresa”, aponta o Credit, que elevou o preço-alvo de R$ 12 para R$ 13 por ação e reiterando recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), esperando que o BK se beneficie deste movimento para digital.

Os analistas veem a ação negociando a cerca de 20% de desconto para a média histórica e ainda avaliam que a potencial aprovação do negócio com a Dominos e a reabertura devem aparecer como fatores positivos nos próximos trimestres.

O Bradesco BBI ressalta que a Covid-19 continua prejudicando os números do BK, embora tenha havido uma melhora
sequencial na lucratividade ao longo do trimestre.

Para os analistas, o terceiro trimestre pode apresentar uma melhora adicional, uma vez que a receita parece estar aumentando, conforme mostrado na curva de vendas reportada (93% dos níveis pré-COVID na primeira semana de julho, versus entre 50-60% na primeira semana de abril). Isso deve trazer de volta alguma alavancagem operacional e aliviar a pressão sobre as margens.

Além disso, muitos pequenos pontos de venda independentes fecharam em 2020, 16% do total de pontos de venda Quick Service Restaurants (QSR) no Brasil, de acordo com a Euromonitor, o que deixa espaço para grandes empresas ganharem participação de mercado no processo de recuperação à medida que o programa de vacinação evolui no Brasil.

Com a melhoria das margens, estrutura de despesas gerais, com vendas e administrativas mais enxuta e oportunidades de crescimento em potencial pós-Covid, os analistas acreditam que as perspectivas para o BK estão melhorando. “Dessa forma, aumentamos nossas estimativas de receita em 5 a 7% para 2022-23”, apontam.

Os analistas também elevaram o preço-alvo para  R$ 13 conforme rolamos de 2021 2022, mas mantiveram recomendação neutra uma vez que destacam que o valuation é justo, a recuperação da margem total será um desafio e com a avaliação de que o McDonald’s pode ter um desempenho superior no curto prazo.

Já o Morgan Stanley diz que o Burger King Brasil é sua “top pick” (escolha preferida) no momento no setor. O banco diz que, após o segundo trimestre de 2021, os principais impactos materiais da pandemia ficaram para trás. No segundo semestre, o banco diz esperar que as vendas fechem perto dos níveis anteriores à pandemia, e que a estratégia de abertura de lojas seja retomada, levando a atenção dos investidores para o potencial de crescimento da empresa. O Morgan mantém recomendação overweight (perspectiva de valorização acima da média do mercado) para o Burger King Brasil, e preço-alvo de R$ 12.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.