Bitcoin vai subir ainda em 2022? Veja as perspectivas para a cripto até o fim do ano

Especialistas não acreditam numa recuperação de curto prazo por conta do Fed, mas seguem otimistas com os ativos digitais

Rodrigo Tolotti

(Andre Francois Mckenzie/Unplash)

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O investidor que terminou 2021 otimista com o Bitcoin (BTC) após ele chegar a valer US$ 69 mil em novembro, tem sofrido bastante ao longo deste ano com crises internas do mercado de criptoativos – como o caso da plataforma Terra (LUNA) – mas principalmente por conta do complicado cenário macroeconômico. E as perspectivas não são muito positivas de que esse cenário irá se reverter até dezembro.

Em janeiro, a maior criptomoeda do mundo valia cerca de US$ 47 mil, mais que o dobro do que está hoje, rondando o nível dos US$ 19 mil. Nos últimos meses, os ativos digitais têm acompanhado principalmente o desempenho dos índices acionários, em especial o S&P 500 nos Estados Unidos, que têm caído.

Além disso o movimento de bancos centrais elevando juros como forma de combater a inflação para tentar reerguer as economias também tem pesado. E é isso que deve seguir como principal fator de peso para o mercado, segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney.

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“Acredito que o Bitcoin, assim como todos os ativos de risco, será bastante impactado e sofrerá com muita volatilidade à medida que o Fed segue aumentando a taxa de juros dos EUA, além das providências da política contracionista que estamos vendo em todo mundo para controlar a inflação global”, avalia Murillo Alves , head de criptomoedas da Hurst Capital.

Na última quarta (21), o Federal Reserve (banco central dos EUA) elevou os juros no país em 0,75 ponto percentual, para a faixa entre 3% e 3,25%, sinalizando ainda que deve subir mais as taxas e mantê-las altas por mais tempo. Isso mantém o clima de cautela no mercado, com investidores acompanhando de perto os próximos passos da autoridade monetária americana.

“Como todo ativo risco, o Bitcoin e os outros criptoativos têm sofrido muito com a deterioração do cenário macro e o aperto monetário nos países desenvolvidos. Porém, ao contrário de outros setores da economia, onde vemos que alguns fundamentos podem estar piorando, no caso de cripto os fundamentos estão cada vez mais fortes”, avalia Samir Kerbage, CTO da Hashdex, citando exemplos como a recente atualização Merge do Ethereum e o crescimento da rede lightning do Bitcoin.

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Segundo ele, mesmo assim se mantém um clima de medo e cautela no mercado, o que pode manter o Bitcoin oscilando na faixa entre US$ 15 mil e US$ 25 mil nos próximos meses. “Os investidores de curto prazo devem ficar de olho nas próximas decisões do Fed e os efeitos que elas terão na curva de inflação e atividade econômica. Isso vai ditar o ritmo de recuperação dos ativos de risco, incluindo o Bitcoin”, avalia.

Caio Villa, CIO da Uniera, levanta a possibilidade de, caso não ocorra nenhuma mudança de rota do Fed ou outra surpresa, o mercado pode ter um alívio no final de outubro ou começo de novembro, mas nada antes disso. “[O alívio] seria por questões mais macroeconômicas mesmo. Esse bear market que a gente está tendo atualmente é diferente dos outros bear markets que tivemos no passado, que era algo 100% [próprio] do mundo cripto. Esse está sendo mais afetado por eventos externos”, afirma.

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De olho no longo prazo

Para Pedro de Luca, head de criptomoedas da Levante Investimentos, o Bitcoin está próximo de um fundo atualmente e dificilmente deve perder o patamar de US$ 17 mil visto recentemente. “Ficaria surpreso se chegássemos a valores muito abaixo disso, mas também não tenho uma perspectiva muito grande de retomada por enquanto”, avalia.

Mas, se no curto prazo não existe uma visão muito otimista de recuperação dos preços, para o longo prazo os especialistas seguem apontando uma valorização do Bitcoin, que inclusive pode estar com uma boa oportunidade para quem quer comprar por conta das quedas recentes.

“Com esse cenário econômico atual, muita gente tira dos mercados de risco, até por isso é um ótimo momento para quem quiser entrar no mercado cripto, porque são oportunidades que dificilmente vamos ver nos mesmos níveis no futuro”, afirma Villa.

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Kerbage também avalia desta forma: “Para um investidor que tem uma carteira com horizonte de longo prazo, o momento que vivemos pode ser interessante para considerar uma alocação pequena e gradual ao longo das próximas semanas ou meses”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.