Bitcoin sobe e atinge máxima em dois meses: veja o que esperar agora

O plano do Fed de acelerar o aperto quantitativo a partir de setembro pode trazer volatilidade aos mercados

CoinDesk

(iStock / Getty Images Plus)

Publicidade

O Bitcoin (BTC) mostrou sinais de recuperação depois que os dados econômicos dos Estados Unidos foram divulgados na quarta-feira (11). Após ver os números, parte do mercado criou expectativa de que a inflação desenfreada possa ter atingido o pico e de que o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) diminuirá o aperto de liquidez nos próximos meses.

De acordo com alguns analistas, no entanto, essas esperanças podem ser equivocadas, e aqueles que sonham com uma alta constante podem se decepcionar.

O índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) subiu 8,5% em julho em relação ao ano anterior, igualando o ritmo de junho, mas caindo abaixo da estimativa média de 8,7%, segundo os economistas consultados pela empresa FactSet. O núcleo da inflação, que exclui os preços de alimentos e energia, subiu 5,9%, em comparação com as expectativas de um aumento de 6,1%.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O Bitcoin subiu 6,5% para US$ 24.500 desde a divulgação dos dados do CPI. A criptomoeda atingiu uma alta de US$ 24.744 na manhã desta quinta-feira (11), seu preço mais alto desde 13 de junho.

O US Dollar Index, que acompanha o valor do dólar em relação às principais moedas, atingiu uma baixa de cinco semanas de 104,64 na quarta, e estava em 105 no momento da redação deste texto. Os futuros atrelados ao S&P 500 foram negociados em alta de 0,33%, sugerindo uma continuação do rali de ontem.

Armadilha para touros?

Jean Boivin, chefe da BlackRock Investment Institute, alertou os investidores para não perseguirem o rali, já que o núcleo da inflação oferece pouco espaço de manobra ao Fed.

Continua depois da publicidade

“Olhando para os dois últimos relatórios do CPI, o núcleo do índice ainda está em um ritmo anualizado de 6%. Ainda estamos esperando que o Fed reconheça o trade-off (escolha): seria necessário um crescimento esmagador para trazer a inflação de volta a 2%”, Boivin disse em um tópico no Twitter publicado após o lançamento do CPI.

“Esperamos que o Fed gire eventualmente, mas a rigidez do núcleo da inflação nos diz que o mercado se tornou excessivamente otimista sobre quando o Fed pode fazer isso. É por isso que achamos que há mais volatilidade pela frente, e que esse rali do mercado de baixa não é aquele para ser perseguido”, acrescentou.

Griffin Ardern, trader de volatilidade da empresa de gerenciamento de ativos cripto Blofin, disse que “espera-se que as pressões de liquidez diminuam no futuro distante, mas certamente não agora. E assim, com as pressões de liquidez ainda aumentando, o rali do mercado de criptomoedas parece uma armadilha para os touros (otimistas)”.

O banco central norte-americano tentou entregar essa mensagem aos mercados na quarta-feira, com o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, dizendo que o órgão está “muito, muito longe de declarar vitória” sobre a inflação. Kashkari falou que não viu nada que pudesse mudar a atual estratégia da entidade de aumentar as taxas para 3,9% até o final do ano e 4,4% até o fim de 2023. A taxa de referência está na faixa de 2,25% a 2,5%, o que significa que o Fed está apenas na metade do ciclo de taxas.

Noelle Acheson, chefe de insights de mercado da Genesis Global Trading, compartilhou uma opinião semelhante, dizendo que o CPI principal parece firme e o chamado pivô do Fed pode demorar meses. “Os dados de ontem não significam que o Fed vai afrouxar os aumentos das taxas, não até que eles vejam uma tendência de moderação do núcleo do IPC, que provavelmente está a meses de distância”, disse Acheson.

Leia também: 

Não se esqueça do aperto quantitativo

O encolhimento do balanço do Fed, ou aperto quantitativo (QT, em inglês) – muitas vezes referido como o irmão subestimado, mas potente, dos aumentos de taxas – parece ter saído de foco com as discussões de mercado centradas em aumentos de taxas.

O banco central está programado para acelerar o QT para sua velocidade máxima de US$ 95 bilhões por mês a partir de setembro.

“O aperto quantitativo é o elefante na sala e deve acelerar três vezes da taxa de julho para US$ 90 bilhões por mês em setembro”, disse Lewis Harland, pesquisador da Decentral Park Capital, ao CoinDesk. “Isso é importante, pois a taxa de mudança no balanço do Fed está correlacionada à taxa de mudança nos preços dos ativos de criptomoedas.”

Harland falou que o QT pode atuar como um fator macro fundamental para ativos de risco ainda este ano.

Fatores do mercado cripto podem oferecer suporte

A recente recuperação nos mercados de criptoativos é, pelo menos em parte, alimentada pelo otimismo sobre a tão esperada “Merge” (Fusão, em português) do Ethereum (ETH). A atualização provavelmente acontecerá no final do próximo mês e pode proteger o setor cripto de fatores macro de baixa.

“A reação do mercado de ações [ao CPI] pareceu mais emocional do que racional, mas a reação do mercado de criptomoedas – embora em parte um alívio – também está sendo impulsionada pela predominância de narrativas específicas do setor, como a Fusão, bem como o progresso notável em algumas plataformas de finanças descentralizadas (DeFi)”, disse Acheson.

Até onde as criptomoedas vão chegar? Qual a melhor forma de comprá-las? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir e receber a newsletter de criptoativos do InfoMoney

CoinDesk

CoinDesk é a plataforma de conteúdos e informações sobre criptomoedas mais influente do mundo, e agora parceira exclusiva do InfoMoney no Brasil: twitter.com/CoinDeskBrasil