Bitcoin registra alta “saudável” e pode atingir de US$ 100 mil a US$ 245 mil, apostam especialistas

Para analistas, baixa alavancagem do mercado aponta que Bitcoin ainda poderia disparar cerca de 250% no ciclo atual

Paulo Barros

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SÃO PAULO – O Bitcoin (BTC) se aproxima de US$ 70 mil após nova máxima histórica de US$ 68.800 na madrugada desta terça-feira (9), somando quase 60% ao preço de fechamento de setembro em meio ao otimismo no longo prazo que leva investidores a comprarem e estocarem criptomoedas – ninguém parece estar disposto a vender pelos patamares atuais.

A demanda é impulsionada por motivos variados, que vão desde a noção de ciclos de mercado e diversificação de portfólio, (Tim Cook, da Apple, confessou hoje que possui cripto sob essa justificativa), até a ideia de que a moeda digital pode ser uma proteção contra a inflação.

Independentemente das razões, hedge funds e fundos de pensão americanos abraçam as criptomoedas se aproveitando de novos veículos de investimento, como os primeiros ETFs de futuros de Bitcoin dos EUA. Para Vikram Pandit, presidente do conselho da Orogen Group e ex-CEO do Citigroup, todas as grandes instituições financeiras em breve irão considerar a negociação de criptomoedas.

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Segundo relatório da Coinshares, a última semana foi a 12ª de saldo positivo de investimentos em produtos de criptomoedas, com US$ 174 milhões. No entanto, ao contrário do que o sucesso do ETF da ProShares indica, não é o mercado de futuros que vem liderando o volume de investimentos em cripto.

“É uma subida estável, o driver dela foi um spot [à vista] no próprio Bitcoin, não foi uma alta artificial de derivativos, ou de futuros”, crava Ray Nasser, CEO da mineradora Arthur Mining.

“O funding está baixo, o crescimento é mesmo do spot, o que é muito mais saudável”, explica o trader Hugo Xavier, cofundador da HM Trading, especializada em mercado de balcão e market making para clientes institucionais. “É muito caro manter uma posição em futuros por muito tempo, a pessoa acaba saindo”, diz.

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O funding é o juro cobrado por corretoras para manter uma posição comprada, ou seja, uma posição aberta por um trader que aposta na alta. No mercado de futuros, este tipo de operação é usada comumente com alavancagem para aumentar o tamanho do possível lucro por meio do empréstimo de ativos.

O problema é que, quanto mais pessoas tomam empréstimo para abrir esse tipo de posição, maior é a comissão diária cobrada pela corretora. O cenário acaba encorajando o trader a fechar a posição (vender Bitcoin) para embolsar o lucro antes que ele seja corroído pelos juros. Quando há muitos traders posicionados em futuros, maior tende a ser a volatilidade provocada por fechamentos de posições.

Em relatório recente, analistas do Morgan Stanley afirmaram que mercados de alta e baixa serão comuns para as criptomoedas enquanto a alavancagem for alta. Ainda assim, o banco diz perceber que “o interesse dos investidores institucionais em participar do momento de alta dos preços está crescendo”.

Um dos motivos pode ser justamente a redução da alavancagem. A taxa de juros anualizada do Bitcoin está baixa, entre 17% e 18%, cerca da metade dos 35% a 40% de abril, quando a criptomoeda atingia o então topo histórico de US$ 66 mil.

A menor quantidade de posições abertas em futuros hoje já seria resultado do aperto regulatório a exchanges de criptomoedas como Binance e FTX, que reduziram a alavancagem disponível e restringiram operações para contas não verificadas, limitando o acesso principalmente ao usuário de varejo.

Bitcoin a US$ 245 mil?

Os números do Bitcoin também ajudam a levar otimismo para o restante do mercado. Somadas, as criptomoedas rompem pela primeira vez o patamar de US$ 3 trilhões após pressão de compra por usuários asiáticos durante a madrugada. Para especialistas, o cenário mostra que as restrições mais recentes impostas pela China surtiram pouco efeito.

Já o combate à mineração no país foi resolvido com a mudança de mineradores para outros países, como os EUA. Para Tasso Lago, fundador da Financial Move, tudo leva a crer que as projeções otimistas que colocam o Bitcoin a US$ 100 mil até o final do ano são plausíveis.

“O motivo é o ciclo de mercado. A gente está vivendo um momento de muitas incertezas e o mercado de criptomoedas age em ciclo. Após setembro do ano passado, tivemos período de alta, um período de retração e agora mais uma onda de alta. Estamos na última onda de alta desse ciclo”, afirma.

Lago aponta ainda que, no Brasil, onde o Bitcoin também atingiu nova máxima de cerca de R$ 380 mil, o investidor está indo na contramão do que se esperaria de um momento de alta da Selic, saindo da bolsa e, em lugar de reduzir o risco, caminha para as criptomoedas.

Já o trader da HM Trading considera não só que os US$ 100 mil estão na mesa, como não descarta projeções de US$ 98 mil em novembro e US$ 135 mil em dezembro feitas pelo analista conhecido como PlanB, criador de um modelo que prevê o Bitcoin a US$ 1 milhão – ele que acertou o fechamento de agosto, de US$ 47 mil, os US$ 43 mil de setembro e cravou US$ 61 mil em outubro em “erro” de 3%. “É completamente possível”, diz o trader.

O piso de US$ 100 mil é consenso entre vários especialistas, mas Nasser vai além e prevê disparada de outros 150% em 2022, para US$ 245 mil, se apenas 5% dos investidores institucionais alocarem 1% em Bitcoin. “Fizemos um chão muito firme de US$ 60 mil, e o movimento do BTC só tende a crescer”, pontua.

Os mercados não regulados de derivativos de Bitcoin apontam na mesma direção e, pela primeira vez em meses, contam com um desequilíbrio nos contratos em aberto de opções. Se antes havia equilíbrio entre calls (compras) e puts (vendas), o cenário até o final do ano é amplamente dominado por quem aposta na alta: são US$ 4,3 bilhões de calls e US$ 1,7 bilhão de puts com vencimento em dezembro.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos