Bitcoin fica estável em meio à crescente volatilidade do mercado de títulos

A volatilidade história de 90 dias do BTC caiu para o menor nível desde dezembro de 2020

CoinDesk

(André François McKenzie/Unsplash)

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As criptomoedas, incluindo Bitcoin (BTC), sempre foram criticadas por serem muito voláteis em relação aos mercados tradicionais e não confiáveis como meio de troca ou reserva de valor.

No entanto, o BTC manteve-se notavelmente estável em meio à alta volatilidade em quase todos os ativos tradicionais do mercado, incluindo títulos do governo dos Estados Unidos, que são amplamente considerados os mais seguros, de acordo com um artigo publicado na revista American Economic Review.

Com os preços presos entre US$ 18 mil e US$ 25 mil desde o início de julho, a volatilidade anualizada (volatilidade histórica) de 90 dias do Bitcoin caiu de 80% para 21%, a menor em 21 meses, de acordo com dados provenientes da plataforma de gráficos TradingView.

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Já a volatilidade implícita (expectativa de um preço futuro) de 90 dias da criptomoeda caiu para 63,7%, a menor em quatro meses, segundo a plataforma de rastreamento de dados Laevitas.

Enquanto isso, com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) empenhado em aumentar as taxas de juros para controlar a inflação, o índice de volatilidade de opções do mercado de títulos do ICE Bank of America Merrill Lynch saltou para 160 na semana passada, o maior desde o crash gerado pelo novo coronavírus em março de 2020.

Uma explicação para a relativa calma do Bitcoin é que a maioria dos macro traders sensíveis à política do Fed e à volatilidade tradicional do mercado deixou o mercado de criptoativos no início deste ano. E esse setor agora é dominado por “HODLers” – investidores que pretendem manter o BTC a longo prazo na esperança de que a cripto acabe evoluindo como ouro digital e um meio de troca.

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“Quanto mais investidores macro de curto prazo saem do mercado de criptomoedas, mais poder de preços eles cedem aos participantes de longo prazo com teses de investimento possivelmente diferentes”, escreveu Noelle Acheson, autora do boletim “Crypto is Macro Now”, aos assinantes em 4 de outubro.

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Os macro traders constroem um portfólio de vários ativos depois de avaliar as políticas do banco central e do governo e os dados econômicos em nível de país.

De acordo com Acheson, os macro traders invadiram o mercado de criptomoedas depois que os principais bancos centrais, incluindo o Fed, abriram comportas de liquidez após o crash de março de 2020.

“Eles realmente não se importavam com a resistência à apreensão e à censura; eles queriam o potencial positivo e, como os criptoativos eram tratados como veículos de alto risco, começaram a se comportar como tal”, observou Acheson.

E como essas entidades não acreditavam nos objetivos declarados do Bitcoin, elas provavelmente saíram do mercado nos estágios iniciais do aperto de liquidez do Fed.

O Fed iniciou seu ciclo de alta de juros em março. O BTC desabou 56% no segundo trimestre e o índice de ações de referência de Wall Street, o S&P 500, caiu 16%.

O coeficiente de correlação de 90 dias entre o Bitcoin e o S&P 500 aumentou de 0,5 para 0,94 no segundo trimestre, talvez um sinal de macro traders desinvestindo em criptoativos em meio à aversão ao risco no mercado de ações. A correlação de 90 dias caiu para 0,44 no mês passado e ficou perto de 0,7 no momento da publicação deste texto, ainda elevada, mas bem abaixo da alta do segundo trimestre de 0,94.

Acheson acrescentou que o recente aumento na correlação não significa necessariamente que os macro traders estão dominando o mercado de criptomoedas novamente, já que “praticamente todos os ativos continuam sendo atingidos pela incerteza macro e monetária”.

Isso é evidente pela ausência de grandes entradas e saídas de ETFs e produtos negociados em bolsa listados em toda a Europa, EUA e Canadá.

E se isso não for suficiente, os dados on-chain mostram um acúmulo contínuo, provavelmente por investidores de longo prazo. Os macro traders e instituições normalmente preferem se expor ao Bitcoin por meio de veículos de investimento alternativos, como os ETFs e futuros regulamentados liquidados em dinheiro.

“Enquanto isso, a acumulação continuou. A porcentagem de BTC que não se moveu em mais de um ano está agora em cerca de 65%, sua alta histórica”, escreveu Acheson.

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