Binance reforça dominância no mercado cripto e começa a levantar questões antitruste

Exchange realiza cerca de 53% de todas as negociações de criptomoedas e movimenta cerca de 30% do valor do mercado

CoinDesk

Changpeng "CZ" Zhao, CEO da Binance (Antonio Masiello/Getty Images)

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Embora a FTX e a Coinbase tenham maior mindshare, isto é, presença na mente dos consumidores, no mundo pela forte presença nos Estados Unidos, o volume diário de US$ 44 bilhões da Binance supera de longe qualquer outra exchange de criptomoedas.

A Binance realiza cerca de 53% de todas as negociações de criptomoedas nos mercados à vista e de derivativos por número de transações e movimenta cerca de 30% do valor do mercado.

Além disso, a empresa também é muito mais do que apenas uma exchange. Ela possui a blockchain BNB Smart Chain, cujos validadores ela supostamente controlaria, a stablecoin BUSD, que tem preferência em sua plataforma; um grande peso na governança no protocolo Uniswap (UNI), um dos maiores do mundo DeFi; e ainda financia a indústria de mineração de criptomoedas.

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Com isso, surge a pergunta: a Binance está se tornando dominante demais?

A Binance não é a única exchange que tem produtos que vão além de seu negócio principal. O CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, por exemplo, apesar de comandar uma porcentagem menor do volume diário de negociação, espalha sua influência por toda parte, resgatando empresas do setor em meio ao “inverno cripto”.

DNA libertário

A indústria de criptomoedas tem um “DNA libertário” correndo em suas veias – o que não é ruim. A criptomoeda se tornando uma classe de ativos de trilhões de dólares colocou os reguladores em modo alerta, destacando que eles devem examinar e adotar novas tecnologias em vez de descartá-las e exigir grande regulamentação.

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Mas, ao mesmo tempo, monopólios tendem a se formar em certos setores onde há economias de escala, como o mercado de trading. Espera-se que o ritmo de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) de criptomoedas acelere no momento atual, dado a queda dos mercados.

De forma geral, o mercado corrige naturalmente os monopólios. A Microsoft, por exemplo, não está nem perto da dominância que tinha durante o caso antitruste do final dos anos 1990.

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No mundo da Web 2.0, os reguladores não estão muito interessados em processos antitruste por conta de alegações de comportamento monopolista. Ações da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos e dos estados alegando que a Meta (ex- Facebook) estava envolvida em práticas monopolistas, por exemplo, foram descartadas. Como resultado, houve pedidos para reformar as leis antitruste – o que ainda levará anos para conclusão no Congresso.

O mesmo acontecerá entre as criptomoedas? Haverá algum desafio para a Binance?

Quando a Binance anunciou que estava restringindo em sua plataforma o acesso a três stablecoins que competem com as suas, a Circle, emissora da USD Coin (USDC), não se abalou. O CEO da Circle, Jeremy Allaire, afirmou via Twitter que a USDC seria a vencedora, pois aceleraria a migração do Tether (USDT), que é um token non grato nos EUA.

“Embora otimizar a liquidez do dólar na maior exchange do mundo possa trazer benefícios, o paradigma levanta potenciais questões de conduta de mercado”, disse a Circle na ocasião.

Portanto, há indícios de ingredientes antitruste, mas como o USDC, concorrente do BUSD, por enquanto, continua sendo um beneficiário, não há um caso a ser feito – ainda.

Mas o que acontece quando a Binance reunir todas as entidades separadas que possui e fazer algo em que todos os seus concorrentes são bloqueados de um mercado específico? Nesse ponto, pode ser relevante revisitar a questão de saber se a Binance se tornou muito dominante.

CoinDesk

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