BHIA3: Casas Bahia segue com plano de transformação, mas superou Magalu no 2º tri?

Houve prejuízo, mas também evolução operacional no período, afirmam analistas

Lara Rizério

(Djalma Vassão/FotosPublicas)
(Djalma Vassão/FotosPublicas)

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A Casas Bahia (BHIA3) divulgou na noite de quarta-feira (13) um prejuízo líquido de R$ 555 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de R$ 37 milhões apurado um ano antes, em resultado penalizado por juros elevados e por uma base de comparação “ruim”.

O desempenho negativo veio apesar de evolução operacional no período, no qual o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 26,5% no comparativo anual, para R$ 572 milhões, conforme relatório de resultados.

Para a XP Investimentos, os resultados foram aproximadamente em linha, com crescimento moderado da receita, melhora na rentabilidade devido ao controle de SG&A (despesas com vendas, gerais e administrativas) e fluxo de caixa livre positivo, embora ainda com prejuízo líquido devido a resultados financeiros pesados.

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Para os analistas Danniela Eiger, Pedro Caravina e Laryssa Sumer, embora o plano de transformação da empresa esteja evoluindo bem, continua vendo o cenário macro fraco como um desafio para suas categorias principais. Além disso, apesar da recente conversão de debêntures que deve proporcionar um alívio importante, os resultados financeiros devem continuar pressionando o lucro líquido em meio a juros elevados. “Mantemos, assim, nossa recomendação neutra”, aponta.

O varejo físico desacelerou enquanto e-commerce acelerou, principalmente por conta das bases de comparação. O GMV (volume bruto de mercadorias) total consolidado cresceu 7,6% ano a ano, contra estabilidade do Magazine Luiza (MGLU3), impulsionado pelas lojas físicas – Vendas Mesmas Lojas (SSS) em +7% – que desaceleraram em relação ao 1T devido a bases de comparação mais normalizadas. Já o online acelerou (GMV +10%), apoiado pelo desempenho tanto do 1P (estoque próprio, +7%) quanto do 3P (marketplace, +16%), também por conta da normalização das bases.

Enquanto isso, o mix de canais (3P com +1,20 pontos percentuais de vendas) aliado a uma taxa de take rate estável levou as vendas líquidas a crescerem 6%.

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A Genial Investimentos também aponta que, no campo operacional, o trimestre foi consistente e superou o resultado do Magazine Luiza no mesmo período, tanto em margens, quanto em crescimento. Parte desse desempenho superior vem acompanhado de um uso mais intenso do crédito. No 1T25, a carteira crescia 17% anualmente; já neste trimestre, a alta foi de 11,3% ano a ano, reflexo de uma postura mais cautelosa diante das previsões do mercado de que o segundo semestre poderia trazer um cenário significativamente pior.

Mesmo com essa desaceleração no ritmo, a taxa de atraso acima de 90 dias (over-90) recuou de 8,5% no 1T25 para 8,4% no 2T25, patamar alinhado à média histórica dos últimos quatro anos, avalia a Genial.

“Vale lembrar que, no início do ano, a companhia realizou liquidações agressivas nas lojas físicas para competir com o Magalu, o que impulsionou as vendas e elevou temporariamente a concessão de crédito em janeiro. Esse crédito já completou o ciclo para entrar no cálculo do over-90 e, ainda assim, o indicador mostrou leve melhora, sinal de que a originação foi bem executada”, aponta a Genial.

O que pesou – e não há novidade para quem acompanha o case, diz a Genial – foi o resultado financeiro. Com a alavancagem ainda elevada e uma Selic de 15% no período, a linha de despesas financeiras continuou sendo o “calcanhar de Aquiles”, levando o prejuízo líquido a R$ 555 milhões (-6,3% versus a estimativa da Genial).

Para os analistas da casa, comparando com o 1T25, o trimestre mostra avanços claros: margem Ebitda levemente maior, geração de caixa mais robusta e uma estrutura de capital menos pressionada. Esses fatores abrem espaço para um 3T25 que, em tese, pode repetir ou até superar a performance operacional recente, avalia a casa, que tem recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 4.

A XP ressalta que o controle de SG&A e fluxo de caixa livre positivo foram destaques. A margem bruta caiu 0,60 ponto percentual, devido ao mix de canais, menor penetração de serviços e maior participação de smartphones, embora o forte controle de SG&A (-3% ano a ano) tenha levado a margem Ebitda ajustada a subir 1,30 ponto percentual, para 8,3% (contra sua estimativa de 8,0%).

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Os analistas ressaltam os resultados financeiros pesados, impactado negativamente pela modificação da dívida (-R$ 142 milhões), enquanto o fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 173 milhões (contra R$ 92 milhões no 2T24), principalmente apoiado por menores pagamentos judiciais (-33% ano a ano) e pagamentos de aluguel (-12%), possivelmente impulsionados pelo fechamento de lojas (22 lojas fechadas no trimestre).

Enquanto XP tem recomendação neutra e Genial tem recomendação de compra, o Morgan Stanley tem recomendação underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda). O banco destaca ainda a conversão de dívida, que deu à gestora Mapa Capital controle sobre a companhia, com uma participação de 85,5% do capital social, e deve reduzir a alavancagem da varejista. A recomendação é de venda, aguardando visibilidade no caminho para lucros positivos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.