BC liga o alerta, LCA vê desafios e bancos “perdem” R$ 10,5 bilhões na Bolsa

As estimativas mais pessimistas refletem os dados anunciados hoje pela autoridade monetária brasileira sobre a situação geral do crédito no País

Marcos Mortari

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BRASÍLIA – O Banco Central reduziu, nesta quarta-feira (25), sua estimativa de crescimento do estoque de crédito nos bancos privados nacionais neste ano a 6%, frente aos 10% esperados até então, ao mesmo tempo em que manteve a projeção de expansão de 17% para os banco púbicos. Sobre o crédito total no País, o BC manteve sua previsão em 58% para 2014.

A autoridade monetária, por outro lado, elevou um pouco as estimativas sobre o crescimento dos estoques nos bancos privados estrangeiros, a 9%, 1 ponto percentual a mais do que antes. Com isso, o BC reduziu a 12%, ante 13%, sua previsão de expansão do crédito total neste ano.

“Foi considerada a participação dos bancos em cada uma das modalidades, e as modalidades que mais crescem, como a do crédito imobiliário, são as ofertadas por bancos públicos”, afirmou a jornalistas o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel.

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As estimativas mais pessimistas refletem os dados anunciados hoje pela autoridade monetária brasileira sobre a situação geral do crédito no País. De acordo com o BC, de empréstimos e financiamentos, incluindo recursos livres e direcionados marcou crescimento de 12,7% na comparação anual. Apesar do avanço, o resultado marcou a quarta desaceleração seguida desta modalidade do mercado, que havia marcado alta de 13,4% em relação ao mesmo período do ano passado em abril de 2014.

Na mesma nota, mostrou-se que a taxa de inadimplência livre total, referente a atrasos acima de 90 dias tanto por pessoa física como jurídica, voltou a subir após três meses de estabilidade. De acordo com os dados do BC, o indicador mostrou alta de 5,0% em maio deste ano ante 4,8% no mês anterior. Ainda assim, as taxas de inadimplência seguem inferiores aos patamares de maio do ano passado.

Os resultados alimentaram uma análise ainda mais cética da LCA Consultores sobre o cenário que está se desenhando. Para a equipe da instituição, as expectativas são de “redução das expectativas de expansão para a economia por conta do baixo dinamismo da atividade em meio às sucessivas quedas da confiança empresarial e familiar”, além de perspectiva de mais baixa geração de emprego e de financiamentos de bancos públicos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), menos expressivos para o futuro próximo.

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Queda de até 4,5% na Bolsa
Desta forma, as ações dos bancos privados lideraram as quedas do Ibovespa nesta quarta-feira com perdas de até 4,5%. Com dados piores de aumento de inadimplência e desaceleração do crédito, investidores se mostram mais cautelosos em comprar ações de Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 32,32, -3,18%) e Bradesco (BBDC3; R$ 33,26, -4,32%BBDC4), R$ 32,82, -4,57%).

Em valor de mercado, Itaú perdeu R$ 4,02 bilhões somente nesta quarta-feira, indo para R$ 157,5 bilhões, enquanto o Bradesco ficou R$ 6,48 bilhões menos valioso, sendo avaliado em R$ 139,0 bilhões na Bovespa. Somados, os dois maiores bancos privados do País perderam nada menos que R$ 10,5 bilhões de valor de mercado na BM&FBovespa.


“Enquanto os spreads maiores são positivos para os bancos, aumento da inadimplência e contínuo crescimento do market share dos bancos públicos são pontos negativos para o setor”, explicou a Elite Corretora, em nota.

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(com Reuters e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.