BC europeu volta a bater máxima histórica em depósitos overnight

Volume de recursos dos bancos da Zona do Euro depositados na autoridade monetária atingiu 455 bilhões de euros

Mariana Mandrote

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SÃO PAULO – O uso da linha de depósito overnight do BCE (Banco Central Europeu) atingiu uma nova máxima recorde na última quinta-feira (5), aos € 455 bilhões, ao mesmo tempo que os empréstimos emergenciais tipo overnight da instituição caíram no período ao menor nível desde novembro, para € 1,86 bilhão.

O nível alto da utilização da linha de depósito overnight reflete, para alguns analistas, a desconfiança em curso nos mercados interbancários de crédito, no qual as instituições financeiras preferem usar a linha de baixo risco do BCE para depositar fundos em excesso, em vez de emprestá-los a outros bancos.

O valor dos depósitos overnight indica o maior volume desde o início da Zona do Euro, em 1999. O valor supera os € 443,7 bilhões depositados na segunda-feira e o pico histórico registrado na quarta-feira, de € 453,181 bilhões.

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Os depósitos têm batido recordes históricos desde que o BCE emprestou € 489 bilhões aos bancos europeus no final de dezembro. A oferta de liquidez foi a primeira com prazo de três anos realizada pela autoridade monetária e deu esperança ao mercado de que os recursos poderiam ser usados para comprar títulos da dívida da Itália e da Espanha.

Entretanto, o aumento dos depósitos overnight foi entendido, por parte dos especialistas, como um fracasso no objetivo da linha de crédito do BCE, porque a liquidez adicional estaria sendo depositada no BCE, e não utilizada para compra de títulos, como esperado.

No entanto, para a equipe de análise do Danske Bank, há um excesso de liquidez no mercado, assim como ocorreu no período entre 2008 e 2010, o que se traduz em um aumento nos depósitos.

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Além do mais, o avanço dos depósitos não implica que o empréstimo de 36 meses do BCE não conseguiu estimular as compras de títulos públicos, uma vez as compras de títulos por parte dos bancos nos mercados primário e secundário também são registradas como depósitos bancários no BC europeu, argumenta o economista sênior do Danske, Frank Øland Hansen.