BB (BBAS3) quer crescer em crédito de maior risco, mesmo com inadimplência mais alta

Gestão do banco diz que inadimplência está sob controle e que vai buscar "fatia justa" onde a atuação do BB ainda é pontual

Mitchel Diniz

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Na contramão dos outros “bancões”, o Banco do Brasil (BBAS3) viu sua inadimplência e níveis de provisões aumentarem no segundo trimestre de 2024. Mas a administração afirma que a situação está sob controle e diz que a instituição financeira está disposta a atuar em linhas de maior risco, visando um aumento de margens. 

“Vamos buscar uma fatia justa de mercado em negócios que atuamos de forma pontual”, afirmou Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil, em coletiva de imprensa sobre os resultados do segundo trimestre de 2024. Os executivos afirmam esperar um crescimento de linhas como crédito não-consignado e cartão de crédito a partir de 2025, após trabalhar na redução de risco dessas carteiras. Mas ressaltaram que não será um crescimento desordenado e sem critério.  

“Usaremos a lógica do mercado, ganhar mais resultado em públicos que já conhecemos e trabalhamos”, complementou Tarciana. 

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Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil (Crédito: Divulgação)

Inadimplência sob controle?

A inadimplência do Banco do Brasil no segundo trimestre, baseado em empréstimos com mais de 90 dias de atraso, chegou a 3% e cresceu em todos os segmentos. A carteira do banco é exposta, principalmente, ao crédito pessoa jurídica (R$ 421 bilhões no segundo trimestre) e ao agronegócio (R$ 321 bilhões). Os gestores do banco afirmam que a inadimplência está sob controle, dado que as provisões são suficientes para cobrir o agravamento de risco. 

“É uma cobertura saudável, então praticamente as provisões que fizemos foram para acompanhar essa nova inadimplência contabilizada”, afirmou Geovanne Tobias, CFO do banco. 

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O Banco do Brasil revisou o guidance de provisionamento para 2024 e passou a prever um montante total entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões no ano fechado. Inicialmente, a projeção estava entre R$ 27 bilhões e R$ 30 bilhões, mas foi revista depois que o provisionamento chegou a R$ 16,3 bilhões no período.

Segundo os executivos do BB, isso não deve impactar o pagamento de proventos.  “O impacto em dividendo não muda, tanto é que a gente tem mantido o nosso guidance de lucratividade”, afirmou Felipe Prince, vice-presidente de gestão de risco do banco. A instituição financeira também revisou para cima a projeção de margem bruta para 2024. Agora, prevê crescimento entre 10% e 13% no ano. “Isso nos dá certeza de manter o guidance de lucro estável”, disse Tobias.  

O BB não divulga meta de retorno sobre patrimônio (ROE), mas o CFO acredita que é possível mantê-lo no patamar visto nos últimos trimestres. “Mesmo com o volume de provisão que nós fizemos, entregamos um ROE de 21,7%. Se eu tivesse sido menos cauteloso e feito menos provisão, eu estaria entregando ROEs até maiores. Nós não temos nenhuma perspectiva de um desarranjo na toada dos nossos negócios”, afirmou Tobias. 

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Aposta no agro continua

Em um ano, a inadimplência da carteira de crédito agro mais que dobrou, saltando de 0,58% para 1,32%. 

“Desde o primeiro trimestre, inclusive, a gente vinha falando, sim, que a tendência para a inadimplência no agro seria voltar para o que a gente chama de nível histórico, que era perto ali de 1,5%”, explica Tobias. 

“Vimos essa deterioração, mas acreditamos que ela também está sob controle. A gente acredita que, com a próxima safra, a gente vai conseguir regularizar a situação de muitos dos produtores que tiveram que adiar o saldo das suas operações em função de conjunturas específicas desse setor”, disse o CFO. 

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Tarciana diz que o banco vai continuar focando no segmento e disse que o agro é uma de suas carteiras mais rentáveis. 

“Quando a gente olha o mercado agro, no plano safra 2023/24, nós fechamos com desembolso de R$ 235 bilhões. Para 2024/25, anunciamos R$ 260 bilhões de reais. Eu acredito que são números que mostram a nossa disponibilidade de continuar crescendo nesse mercado”, afirmou a CEO. 

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados