Banco do Brasil (BBAS3): resultados devem seguir crescentes com base em decisões técnicas, buscando melhor para acionistas, diz CEO

Segundo Fausto Ribeiro, além do governo, "existem 1 milhão de acionistas privados no banco que geram equilíbrio na tomada de decisões"

Mitchel Diniz

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O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22) que surpreenderam o mercado, com lucro muito acima da projeção e expectativa de um quarto trimestre bastante forte, conforme sinalizado pelo próprio guidance (projeções) do banco, que foi elevado.

Contudo, há cautela em parte do mercado, uma vez que ainda existe uma falta de clareza sobre quais serão as diretrizes de gestão do banco estatal com a transição de mandato do poder executivo federal.

Em teleconferência de resultados na manhã desta quinta, Fausto Ribeiro, CEO da instituição financeira, afirmou que “os resultados devem seguir crescendo com base em decisões técnicas”.

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Segundo ele, além do governo, “existem 1 milhão de acionistas privados no banco que geram equilíbrio na tomada de decisões”. “O resultado do banco deve seguir crescente, porque há um processo muito forte de governança na casa e as decisões tender a ser exclusivamente técnicas, buscando o melhor para os nossos acionistas”, afirmou.

Já sobre proventos e projeções para 2023, Ricardo Forni, vice-presidente financeiro do BB, afirmou que informações mais detalhadas serão dadas em momento oportuno. O executivo destacou que o atual “payout”, ou pagamento de provento frente o lucro, acima de 40%, está acima do estipulado em lei, mas é adequado para remunerar o acionista e subsidiar o crescimento do negócio.

Olhando para 2022, Ribeiro, CEO da estatal, destacou a expansão da carteira, para R$ 969 bilhões, e o nível de inadimplência abaixo do sistema financeiro. O CEO comentou que os resultados do período refletiram boa originação das operações.

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“Avançamos na estratégia de diversificação em linhas de crédito não consignado”, destacou. A carteira de empréstimos não consignado do BB aumentou 23,1% no terceiro trimestre, comparando com um ano antes. O crescimento ocorreu em maior intensidade do que o crédito consignado, que avançou 8,3% no mesmo intervalo.

O executivo ainda ressaltou o crescimento da carteira agro, com desembolsos acumulados em nove meses de R$ 84 bilhões com agro este ano até agora. “Vamos continuar estendendo nossa mão para o agronegócio brasileiro, um setor capitalizado, com commodities em alta”, disse Ribeiro.

“Estamos trabalhando para obter novas fontes de financiamento para o setor. A ideia é criar uma linha permanente de crédito com viés ESG”, disse.

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Ricardo Forni, vice-presidente financeiro e de RI do BB, por sua vez, apontou que o BB está mais seletivo em concessão de linhas não consignadas. Ele explica que foi por esse motivo que as projeções de expansão de carteira de crédito para pessoa física foram revisadas para baixo. Agora o guidance é de crescimento entre 11% e 13%, ante 11% a 15% antes da revisão.

Segundo Ana Paula Teixeira, VP de gestão de risco, o BB segue com uma estratégia prudente e cautelosa de se posicionar em linhas de crédito mais rentáveis. A mudança no mix, segundo ela, está presente nas safras mais atuais do que nas anteriores. Segundo os executivos, do total da carteira do banco hoje, até 30% foi originada neste ano de 2022.

Forni, por sua vez, destacou que os critérios de empréstimos a não correntista contribuir com menor crescimento da inadimplência.   “Por sermos um incumbente mais tradicional, levamos mais tempo para começar a atuar nesse mercado”, afirmou.

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O vice-presidente financeiro do BB ressaltou que o fco do banco é crescimento da carteira geral com qualidade, apontando que o banco não quer “crescer por crescer” e está atento à qualidade na originação de crédito. Segundo ele, o BB “está tranquilo” com relação à carteira para pequenas e médias empresas, ao contrário do que se vê em outras instituições. Na carteira pessoa física, Forni diz que as equipes estão debruçadas para avaliar a qualidade de crédito e remunerações em linha com o perfil de risco. “Queremos crescer com qualidade de crédito adequada e remuneração adequada ao risco”.

Já Ribeiro apontou que o banco está avançando de forma controlada no crédito não consignado. “Estamos dando passos calculados aqui dentro. Há espaço para crescimento, mas estamos adotando um nível de precaução adequado, para crescer com consistência e rentabilidade”, afirmou.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados