Banco do Brasil (BBAS3) registra impacto negativo de R$ 338 milhões com aumento de risco da dívida de Americanas (AMER3)

Piora na avaliação do débito da varejista levou a aumento das provisões do banco no balanço do segundo trimestre

Mitchel Diniz

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A dívida da Americanas (AMER3) com o Banco do Brasil (BBAS3) voltou a repercutir negativamente nos números da instituição financeira no segundo trimestre de 2023. O reflexo vem de uma reclassificação do débito que a varejista tem com o banco estatal e que, de acordo com o BB, gerou impacto negativo de R$ 338 milhões em suas provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD).

De acordo com o banco, a dívida da Americanas saiu do risco F, que exigia o provisionamento de 50% do débito, para o risco G, que exige 70%.

Esse foi um dos motivos pelos quais o Banco do Brasil provisionou R$ 7,176 bilhões no segundo trimestre. A cifra representa uma alta de 143% em bases anuais e de 22,6% na comparação com o primeiro trimestre. O provisionamento também foi impactado pelo agravamento em linhas de créditos não consignados na carteira pessoa física.

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O “efeito Americanas”, escândalo contábil que veio à tona em janeiro deste ano, começou a bater nos resultados do BB desde o resultado do banco referente ao 4º trimestre de 2022. Em fevereiro, a instituição financeira informou que havia provisionado R$ 788 milhões para o tal cliente de large corporate, o que equivalia à metade da exposição de R$ 1,4 bilhão que o banco tinha com a varejista, de acordo com a lista de credores divulgada pela empresa. Na época, a administração do BB dizia acreditar na recuperação dos ativos.

Já no balanço do primeiro trimestre deste ano, o BB informou que mudanças no controle acionário da companhia “ensejaram em mudança no perfil da dívida”.

“No 1T23, houve o reperfilamento de dívida de cliente do segmento large corporate, com desconstituição de provisão no montante de R$ 2,546 bilhões e concomitante reconhecimento de perda por imparidade de debênture originada no contexto da mudança do perfil de dívida (de crédito para TVM), fato que impacta parte da comparação com o 2T23″, explicou o BB no balanço divulgado na noite desta quarta-feira (9).

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Entre os grandes bancos, o BB é o que tem menor exposição à varejista. Na semana passada, em teleconferência sobre os resultados do Bradesco, o CEO do banco, Octavio de Lazari, disse apostar em uma solução para o caso no mês de setembro. No balanço do quarto trimestre de 2022, o Bradesco fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões sobre o débito da varejista, equivalente ao total da dívida com a varejista.

O Bradesco, junto com Santander (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) teriam trazido objeções ao novo plano de recuperação judicial da Americanas, que tenta negociar descontos com os seus credores.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados