Azul (AZUL4): tráfego de agosto mostrou demanda doméstica forte, dizem analistas; ação sobe

Ações da Gol também começaram o dia em alta, após queda registrada na véspera

Mitchel Diniz

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As aéreas da Bolsa brasileira ensaiam uma recuperação da queda registrada na véspera. A Azul (AZUL4), em específico, conta com o impulso de seus mais recentes dados operacionais, bem avaliados pelos analistas.

Ao final da primeira hora de negociações no dia, às 11h15 (horário de Brasília), as ações da empresa subiam 1,61%, a R$ 13,89. Os papéis da Gol (GOLL4), por sua vez, avançavam 1,5%, a R$ 6,78.

Em agosto, o tráfego de passageiro consolidado (RPK) da Azul registrou um aumento anual de 13,5%. A capacidade (ASK), por sua vez, cresceu 13% na mesma base de comparação. Assim, a taxa de ocupação da companhia ficou em 81,6% no mês passado.

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O principal destaque positivo foi o tráfego de passageiros no mercado doméstico, registrando alta de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Nessa linha, a ocupação avançou em 6,8% e a taxa de ocupação cresceu em 0,5 ponto percentual, para 80,2%.

Na parte de voos internacionais, a demanda cresceu menos que a capacidade. O tráfego avançou 38,4%, enquanto a a capacidade foi 41,8% maior. A taxa de ocupação internacional ficou em 86,3%.

Azul (AZUL4): tráfego foi bem avaliado

O Santander considerou os dados operacionais de agosto da Azul ligeiramente positivos. Os analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem avaliam que o crescimento da taxa de ocupação da companhia foi modesto. A demanda doméstica sólida impulsionou o indicador.

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Por outro lado, a procura por voos internacionais “falhou em acompanhar o aumento da capacidade”. A casa tem recomendação neutra sobre o papel e preço-alvo de R$ 13,70 para o final deste ano. A cotação está abaixo do valor negociado pela ação hoje.

O Bradesco BBI também deu destaque à expansão da capacidade doméstica da Azul. Em julho, esse indicador havia recuado 0,8% em bases anuais. Os analistas da casa observam que a companhia foi capaz de manter uma taxa de ocupação acima de 80%, sugerindo que a demanda segue crescendo.

O BBI tem recomendação outperform, o equivalente a compra, para AZUL4 e preço-alvo de R$ 38 ao final de 2024.

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Em análise divulgada na semana passada, após o encontro de investidores da companhia, o BBI avaliou que o preço do ativo continua sendo negociado a múltiplos deprimidos e vê um desconto de 30% em relação ao período pré-pandemia.

Os analistas do BBI acreditam que, com uma perspectiva positiva para as receitas em 2024, junto a uma redução de custos, a Azul poderá obter lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) acima de R$ 6 bilhões.

Alta do petróleo impacta aéreas

Azul e Gol tiveram um primeiro semestre de recuperação, mas os ventos mudaram recentemente. Para os analistas, parte desse movimento pode ser explicado pela recente valorização do preço do petróleo, que vem sendo negociado acima de US$ 90 no mercado internacional.

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O querosene de aviação (QAV) responde por mais de 40% dos custos das aéreas e voltou a subir nos últimos dois meses. No acumulado do ano, o preço do combustível ainda acumula queda, de 17%. Mas esse desconto chegou a ser de 35% no começo do último mês de junho.

Luan Alves, analista-chefe da VG Research, acredita que se o preço do combustível continuar subindo, as aéreas vão ter dificuldades para repassar novos ajustes para as tarifas, que já estão com preço acima da média. “Elas vão ter um aperto de margem”, afirma.

Fazendo um comparativo entre as duas aéreas listadas na Bolsa brasileira, o analista da VG tem preferência pela Azul. Ele lembra que a companhia atua praticamente sozinha em 80% das rotas onde opera. “É mais fácil continuar subindo os preços de passagens nessas condições”, diz.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados