Azul (AZUL4): Quando os analistas entenderem tudo o que fizemos, a percepção vai melhorar, diz CEO; ação salta 9,8% após balanço

Fora da aviação, investidor não tem a volatilidade do setor, mas também perde oportunidade de ganhos, afirmam executivos da aérea

Mitchel Diniz

John Rodgerson, CEO da Azul (Divulgação)

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Questionados sobre a persistente cautela dos analistas de mercado com companhias aéreas brasileiras, os executivos da Azul (AZUL4) afirmam que falta compreensão sobre os recentes avanços no setor, que resultou em uma melhora das operações e renegociações de dívidas.

“O que a gente fez foi muito complexo. Quando eles entendem que nós protegemos os nossos acionistas, os nossos stakeholders vão pegar carona junto conosco e [a avaliação] vai melhorar muito daqui para frente”, afirmou John Rodgerson, CEO da Azul.

Cabe destacar que a ação registrou uma forte alta na sessão pós-balanço, também em um dia de queda para o dólar: nesta quinta-feira (10), as ações saltaram 9,83%, a R$ 18,22.

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“Ao ficar fora da aviação, você pode não ter a volatilidade do setor, mas também vai perder uma oportunidade de ganho”, complementou Alex Malfitani, CFO da Azul. O executivo admite que esse não é um setor simples e não é para investidor de curto prazo.

“Não se compra ação de companhia aérea para vender amanhã ou semana que vem. Não usa o dinheiro do aluguel. Mas se você quer investir para o futuro, conhece sua tolerância à risco e acredita no potencial que a gente comunica, eu acho que há uma oportunidade muito grande de ganho”, afirma.

O Bradesco BBI é uma das casas que parece mais alinhada com a percepção dos executivos da azul. Tem recomendação outperform para AZUL4 e preço-alvo de R$ 28, com potencial de valorização de 69% em relação ao preço de fechamento de ontem. Sobre os resultados do segundo trimestre, os analistas destacaram o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações da aérea no período, de R$ 1,2 bilhão. A cifra ficou 17% acima do que o BBI esperava.

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“A Azul está focada em rentabilidade e cortou sua capacidade doméstica em 3% no segundo trimestre para sustentar tarifas e expandir sua taxa de ocupação”, escreveram Victor Mizusaki e Andre Ferreira. Os analistas também destacaram que a companhia atendeu a todas as condições para renegociar sua dívida com os “lessores” de suas aeronaves e levantando capital novo.

Já o Itaú BBA se manteve neutro no papel, mas também com preço-alvo de R$ 28 para AZUL4 ao final de 2023. A casa não ficou tão impressionada com o Ebitda da companhia, que ficou levemente abaixo do esperado pela equipe de análise, com um já esperado volume reduzido de tráfego. Porém, a margem Ebitda de 27%, mesmo com a sazonalidade fraca, é visto como um sinal de que a aérea está no caminho para melhorar sua rentabilidade nos próximos trimestres.

Os analistas Gabriel Rezende, Daniel Gasparete e Luiz Capistrano também destacaram a queda na dívida líquida da companhia, de R$ 19 bilhões para R$ 17,7 bilhões, suportada pela desvalorização do dólar em relação ao primeiro trimestre e pela saída de aeronaves mais antigas da frota. Contudo, observam que a queda ainda não reflete as medidas da companhia para postergar pagamentos a lessores e detentores de bonds.

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Em conversa com os jornalistas sobre os resultados do segundo trimestre, John Rodgerson se mostrou otimista com a conjuntura econômica brasileira. “Poucas vezes você pode dizer que a inflação do Brasil é bem menor que a dos Estados Unidos. E isso é onde nós estamos nesse momento”, ressaltou o CEO. “O corte de juros foi muito importante nesse momento, então isso anima o mercado”.

O executivo diz acreditar que o câmbio vai se valorizar ainda mais e que o preço do combustível deve arrefecer de novo, após a recente alta em função de menor produção em refinarias. “Eu acho que vai cair de novo daqui para frente quando refinarias voltarem a produzir de novo”.

A Azul  reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 566,8 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), montante 21,4% inferior ao registrado no mesmo intervalo de 2022.

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O Ebitda alcançou um recorde histórico para um segundo trimestre de R$ 1,2 bilhão, um aumento de R$ 542,3 milhões ou 88,2% acima em comparação com o 2T22, gerando uma margem de 27,1%, 11,4 pontos percentuais acima em comparação com o ano anterior.

“Estamos expandindo Ebitda este ano, mas não significa que vai para por aí”, afirma Malfitani. Mesmo sem um guidance para lucro operacional, os executivas calculam que o Ebitda de 2024 seja de pelo menos R$ 6 bilhões.

“No ano que vem teremos o benefício do ano inteiro de Congonhas [operação que começou no último mês de março]; muitas aeronaves vão chegar este ano como dívida no meu balanço, mas ano que vem elas produzem rentabilidade o ano inteiro”, afirmou.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados