Azul (AZUL4) reduz perdas após companhia entrar com pedido de recuperação judicial

Decisão de recorrer à proteção judicial representa uma mudança significativa na estratégia da empresa

Felipe Moreira

Azul no Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas, São Paulo, Brasil 16/03/2020 REUTERS/Rahel Patrasso
Azul no Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas, São Paulo, Brasil 16/03/2020 REUTERS/Rahel Patrasso

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A Azul (AZUL4) reduz perdas, apesar de ainda operar com desvalorização após companhia protocolar pedido de recuperação judicial nos EUA, com base no chamado Chapter 11. O papel da empresa chegou a recuar 5,61%, cotado a R$ 1,01, enquanto a ação da Gol (GOLL4) caía 3,15%, a R$ 1,23, no início da sessão.

O papel fechou com perda de 3,73%, a R$ 1,03. A companhia já perde 89% nos últimos 12 meses, dos quais 70% apenas em 2025.

A decisão de recorrer à proteção judicial representa uma mudança significativa na estratégia da empresa, que até então negava qualquer intenção de entrar com um pedido sob o Chapter 11. Com isso, a Azul deixa de ser a última grande companhia aérea brasileira a evitar esse mecanismo desde a pandemia.

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Além do cenário recorrentemente difícil para o setor nos últimos meses, atrasos no aguardado financiamento governamental e dificuldades para captar recursos no mercado sem a proteção da Justiça americana vinham pressionando a companhia.

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Vale lembrar que a empresa fez uma oferta de ações em abril com o objetivo de fortalecer sua estrutura financeira e avançar em seu plano de reestruturação. Porém, o montante arrecadado no valor de R$ 1,6 bilhão, ficou bem abaixo do esperado, insuficiente para colocar a dívida bilionária em trajetória sustentável.

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A dívida da companhia alcançou R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 50,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Redução de alavancagem

Para o Bradesco BBI, a redução significa da alavancagem da Azul é um dos principais pontos positivos, com a maior liquidez proporcionada para a empresa. A necessidade de reestruturação já era esperada pelo mercado, em especial pelo atraso no financiamento com garantia do Governo.

Na análise do banco, a demora na votação da proposta de estruturação de garantias para compra de combustível de aviação pode ter sido um fator que contribuiu para o pedido de recuperação judicial da Azul.

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” Azul espera sair do Capítulo 11 com uma alavancagem líquida de 3 vezes, reduzindo para 2,2 vezes até o final de 2026, contra cerca de 5,1 vezes antes do pedido. Além disso, embora o processo do Capítulo 11 não invalide diretamente um possível acordo de combinação de negócios com a GOL (UP, R$ 0,50), esperamos que essa discussão fique congelada até que a Azul saia do processo (o que a empresa espera que ocorra entre 6 e 9 meses)”, afirma o relatório.

O banco reforça, também, que a eliminação de US$ 2 bilhões em dívidas deve levar a uma diluição material do patrimônio dos acionistas atuais.

O processo do Chapter 11 já tem início com o apoio de credores, da maior arrendadora de aeronaves da companhia e dos parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines. Os acordos firmados preveem um financiamento de US$ 1,6 bilhão na modalidade debtor-in-possession (DIP), que será utilizado para refinanciar parte das dívidas existentes e fornecer cerca de US$ 670 milhões em recursos novos à Azul.

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A Azul projeta a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e até US$ 950 milhões em aportes de capital ao final do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. A amortização do financiamento DIP será feita com os recursos de uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões, já garantida por investidores, além da possibilidade de um incremento adicional de capital, ainda em avaliação.

“Tomamos a decisão estratégica de iniciar uma reestruturação financeira voluntária com um movimento proativo para otimizar a nossa estrutura de capital – que foi sobrecarregada pela pandemia da Covid-19, turbulências macroeconômicas e por
problemas na cadeia de suprimentos da Aviação”, afirmou John Rodgerson, CEO da Azul.

Segundo a companhia, o pedido serve como uma formalização de acordos já selados, o principal deles com United Airlines e American Airlines, que irão investir, juntas, até US$ 300 milhões na Azul, e sairão do processo como sócias da empresa.

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“Esse abrangente pacote de financiamento significa que o caminho para a conclusão da reestruturação já está delineado, o que simplifica o processo e acelera o cronograma”, diz a empresa em comunicado. A empresa espera finalizar o processo até o final de 2025, ou início de 2026.