Azul: BBI alerta sobre possível reestruturação e corta recomendação para neutra

Fluxo de caixa da Azul seguirá pressionado no restante do ano

Felipe Moreira

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O Bradesco BBI rebaixou a recomendação para as ações da companhia aérea Azul (AZUL4) de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para marketperform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro), diante do risco crescente de que a empresa precise passar por uma nova reestruturação financeira.

Segundo o banco, há atrasos no esperado financiamento governamental e surgiram notícias sobre negociações com credores para um possível suporte à empresa em eventual processo de recuperação judicial, nos moldes do Chapter 11, nos Estados Unidos.

A recente oferta de ações para conversão de US$ 275 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) em notas com vencimento em 2029 e 2030 teve baixa adesão, o que limitou a capacidade da Azul de converter outros US$ 100 milhões em dívidas.

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Além disso, os resultados do primeiro trimestre de 2025 vieram abaixo do esperado, com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 2% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impactado principalmente pela desvalorização de 18% do real em relação ao dólar e por desafios operacionais, resultando em uma queima de caixa de R$ 313 milhões nas operações e encerrando o trimestre com uma posição de caixa de R$ 655 milhões — uma queda de 49% em relação ao trimestre anterior.

Na visão do Bradesco BBI, o fluxo de caixa da Azul seguirá pressionado no restante do ano. A liquidez da empresa depende, em grande parte, da liberação de até R$ 2 bilhões por parte do governo para servirem como garantia de novas dívidas — uma iniciativa que poderia ocorrer ainda no primeiro semestre, mas que tem sido sucessivamente adiada.

O banco também revisou suas projeções para 2025, estimando um Ebitda de R$ 7,1 bilhões, em linha com o consenso de mercado. A nova meta de preço para as ações da Azul foi reduzida para R$ 1,30, com base na premissa de conversão de aproximadamente R$ 3 bilhões em dívidas a preços de mercado atuais, o que implicaria significativa diluição para os acionistas.