Assaí (ASAI3) quer acelerar redução do nível de endividamento

"Esse ano vamos ter um patamar de investimento menor em relação aos anos anteriores. Vamos conseguir e equilibrar o crescimento do Assaí com a desalavancagem", disse Belmiro Gomes, presidente do Assaí

Ana Paula Ribeiro

Publicidade

A rede de atacarejo Assaí (ASAI3) se beneficiou das vendas das novas lojas e com isso conseguiu reduzir seu endividamento. Com uma programação de expansão menor, o foco da empresa está na redução do nível de alavancagem, com uma redução da meta para ano.

“Esse ano vamos ter um patamar de investimento menor em relação aos anos anteriores. Vamos conseguir e equilibrar o crescimento do Assaí com a desalavancagem”, disse Belmiro Gomes, presidente do Assaí, em teleconferência com investidores sobre os resultados no primeiro trimestre do ano.

O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 3,75 vezes no primeiro trimestre de 2024, queda de 0,94 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023.

Continua depois da publicidade

Essa redução contou com a ajuda da maior geração do caixa operacional, fruto da maturação das novas lojas. Por outro lado, o Assaí tem gastado menos com a expansão da rede. Os investimentos em expansão totalizaram R$ 231 milhões no trimestre, uma queda de 48,7%. Em média, a construção de uma loja do atacarejo consome R$ 70 milhões.

E a expectativa, segundo o executivo, é que esses investimentos se mantenham em patamares mais baixos devido ao cronograma de abertura de lojas. São 15 calculadas para este ano e, para 2025, outras 20. Bem inferior aos dois anos anteriores, quando 87 novas lojas entraram no portfólio da rede – ao final de primeiro trimestre, era 293 lojas.

Com melhor caixa e menos gastos com abertura, o Assaí reduziu de 3,5 vezes para 3,2 vezes o guidance para a alavancagem no ano.


Leia mais:
Inflação dá o tom em balanços de varejo de alimentos

O executivo também destacou que o novo modelo de negócio tem surtido efeito e que deixará a empresa mais preparada para navegar em diferentes cenários econômicos. Tradicionalmente, a demanda por atacarejo aumenta em momentos de inflação mais elevada, em que estabelecimentos comerciais e as famílias priorizam preço e estoques.

Continua depois da publicidade

“Temos lojas mais presentes (regiões centrais) e uma melhor experiência de compra. Vamos manter a compra abastecedora do cliente, mas também ser uma opção de compra repositora. Foi um movimento acertado que deixou a empresa mais resiliente para enfrentar qualquer cenário”, disse.

Nesse novo modelo, a expectativa é que ocorra um fluxo maiores de clientes que fazem compras menores (repositoras). Essa estratégia também levou em conta o crescimento do público formado por trabalhadores informais e MEIs, que têm maior dificuldade em fazer um desembolso maior de recursos em um única compra.

Ambiente competitivo

Gomes reconhece que no principal mercado do Assaí, São Paulo, a competição está maior, mas que esse novo modelo de negócio deve agradar a esses consumidores.

De acordo com o executivo, os dados do primeiro trimestre indicam uma maior demanda por parte do cliente, mas que ainda vê que ele atua com uma maior cautela, em que ainda não foi observado uma tendência de crescimento nos volumes ou a preferência por itens mais caros (trade up).

Continua depois da publicidade

“O consumidor ainda está pressionado por outros gastos e por uma mudança de comportamento. Além disso, os juros ainda são altos e o ambiente de confiança é cautelo por parte do consumidor final. (…) A inflação desde a pandemia subiu mais do que a renda. Isso gera cautela”, avaliou.

Já Vitor Faga de Almeida, vice-presidente de finanças da empresa, afirmou que o público pessoa jurídica, que representa entre 40% a 45% dos negócios, deve começar a contar com alguns serviços financeiros.

“Vamos aumentar a oferta de serviços. Temos o que é associado à pessoa física. Aumentar para a pessoa jurídica vai nos dar uma maior proximidade com o cliente e, principalmente, aumentar a fidelidade e frequência de compra”, disse.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney