Analistas projetam continuidade da queda do minério de ferro nos próximos meses

Analistas consideram que rally do fim do ano para a commodity deverá durar apenas no curto prazo

Camille Bocanegra

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O otimismo com o minério de ferro pode estar com os dias contados, de acordo com analistas. Nesta quinta-feira (18), após queda acumulada de mais de 10% no ano, a commodity esboçou recuperação, com avanço de 2,48% na Bolsa de Cingapura, a US$ 128,9 a tonelada no contrato para fevereiro, e 0,8% no contrato para maio na Bolsa de Dalian, da China. O movimento, no entanto, não veio para ficar.

De acordo com análise da Julius Baer, a queda estrutural no consumo do aço é um dos motivos para a redução das projeções mais positivas para os preços do minério de ferro. A consultoria entende que as tendências econômicas mais suaves apresentadas pela China, em especial com os dados divulgados nesta quarta-feira, são insuficientes para sustentar a demanda por metais industriais.

A análise cita também o mercado imobiliário chinês como “em declínio estrutural”, sustentando que a demanda por aço deverá seguir o movimento e apresentar também queda estrutural. Vale lembrar que o consumo de aço no país asiático caiu cerca de 2,5% no ano passado, em relação à 2022.

“Estamos convencidos de uma queda estrutural no consumo de aço e, portanto, temos ‘lutado’ para compartilhar o otimismo que se espalhou no mercado de minério de ferro nos últimos meses. Embora os preços tenham corrigido recentemente, a perspectiva de um mercado suficientemente abastecido implica em mais cenários de baixa”, entende a análise.

Além disso, a Julius Baer considera que os preços ainda refletem o clima positivo que elevou a tonelada acima de US$ 140 no início do ano e que estão mais elevados. O otimismo, contudo, passou a diminuir e motivou a correção de mais de 10% nos preços nos últimos dias (até a alta apresentada hoje). O movimento deve continuar, segundo a consultoria, e apresentarão quedas em especial a médio e longo prazo.

A alta de hoje foi motivada, principalmente, por comentários na mídia estatal chinesa de que o país dará dará maior ênfase à expansão da demanda efetiva, ao desenvolvimento e ao fortalecimento da economia real, de acordo com funcionário da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.

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A Vale (VALE3) sofreu impacto nos últimos dias com o recuo dos preços da commodity e as ações da companhia caíram 9,86% no mês de janeiro. Apesar disso, analistas do Citi, Itaú BBA e Morgan Stanley enxergam potencial nos papéis apesar de dúvidas com curva de preços.

O Citi, por sua vez, considera que o rali de fim de ano da commodity se sustentará no curto prazo, mas projeta queda no médio e vê o preço médio do minério de ferro a US$ 120 a tonelada em 2024.

(com Reuters)