Americanas (AMER3) desponta como vencedora do setor após balanço e ação sobe, mas analistas ainda reiteram cautela

Rentabilidade e números de vendas associados à recuperação de lojas físicas foram pontos positivos, mas analistas ainda veem cenário nebuloso para o setor

Lara Rizério

Loja da Americanas (Divulgação)

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Reforçando a visão de que é uma vencedora do setor por conta do seu bom sortimento de produtos e com recuperação das margens, a Americanas (AMER3) registrou números do primeiro trimestre considerados positivos – e que poderiam ser ainda melhores se não fosse o ataque cibernético que derrubou os sites do grupo por alguns dias em março.

Contudo, o cenário macroeconômico e o maior ceticismo com o aumento da concorrência são fatores que ainda devem limitar um melhor sentimento com relações as ações do setor em geral (incluindo Americanas) na visão de alguns analistas de mercado. Isso ainda que a reação de curto prazo ao balanço seja positiva. Sobre isso, vale destacar que as ações chegaram a saltar 8,60%, a R$ 24,62, na máxima do dia, mas fecharam em alta mais modesta (de 1,68%, a R$ 23,05).

Um dos destaques positivos foi o Volume Bruto de Mercadoria (GMV, na sigla em inglês) em alta de 22% na base anual, impulsionados pelo crescimento de 28% em lojas físicas com a reabertura econômica. Já o sortimento focado em produtos de tíquete mais baixo ofereceu resiliência frente ao cenário macro.

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O GMV online cresceu 20% na base anual apesar do ataque cibernético ocorrido em fevereiro, que suspendeu as vendas por 5 dias (a companhia estima que o incidente tenha impactado o crescimento de vendas em 10 pontos percentuais no trimestre).

O Morgan Stanley destaca que os dados de vendas totais ficaram 2 pontos percentuais abaixo da sua projeção, mas 3 pontos acima do consenso.

Os analistas da XP destacaram ainda o forte crescimento de receita e melhoria nos níveis de rentabilidade, com a margem bruta em melhora de 0,4 ponto na base anual, apesar da penetração online estável em 77% do GMV, enquanto a margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) cresceu 1,8 ponto na base anual, impulsionada pelas sinergias capturadas com a integração entre Lojas Americanas e B2W e pela monetização da Ame Digital.

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“Embora o aumento das taxas de juros tenha limitado o resultado, com a companhia tendo prejuízo líquido, no geral vemos um sólido saldo de vendas/margem para a Americanas começando em 2022”, apontam os analistas do Morgan Stanley.

A XP também destaca o prejuízo líquido de R4 137 milhões da companhia devido a maiores despesas financeiras por conta da alta de juros, além de uma queima de caixa de R$ 1 bilhão, devido à sazonalidade do primeiro trimestre combinada com o aumento das despesas de capital (capex).

Para o Bradesco BBI, o desempenho superior no crescimento do GMV do e-commerce em relação a dois dos três pares da Americanas é prova da diversificação do sortimento, algo que deve ajudar a empresa a manter um crescimento resiliente ao longo do ano como um todo.

“Apesar das pressões da inflação sobre os custos operacionais, vemos a perspectiva geral para as margens como relativamente benigna, uma vez que o setor como um todo está em ‘modo de reconstrução de margem’, então achamos que a Americanas provavelmente pode entregar o ganho de margem Ebitda de cerca de 1 ponto percentual na comparação anual ante projeção do consenso”, avalia o BBI.

Cautela continua

Apesar dos bons números, e mesmo entre aqueles que estão otimistas com a ação, o cenário atual é visto como desafiador para as ações, que acumulam queda de cerca de 25% no acumulado de 2022.

O Morgan Stanley, por exemplo, ressalta que a integração de Americanas continua avançando, com uma rede de distribuição unificada completa e a administração reiterando as metas de sinergia. Desde a combinação das operações em janeiro de 2022, a Americanas concluiu a fusão de dados de clientes, estoque unificado e rede logística, e integrou o backoffice.

“Continuamos acreditando que uma estrutura operacional e holding simplificada é um incremento positivo para a Americanas”, avaliam. Contudo, levando em conta o cenário competitivo para o e-commerce no Brasil, destacou seletividade e permanece com recomendação equalweight (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra), com preço-alvo de R$ 36, ainda um potencial de valorização de 59% frente o fechamento da véspera.

Também atento às atuais condições de mercado, o BBI acha improvável que as ações tenham uma reclassificação no curto prazo (embora destaquem uma reação imediata positiva para o ativo). Portanto, mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 39 para o ativo AMER3, ainda um potencial de valorização de 72% frente o fechamento da véspera.

Para o Credit Suisse, olhando para frente, as perspectivas relativamente mais favoráveis quando comparadas aos pares permanecem em vigor para a Americanas, uma vez que ela provavelmente continuará apresentando bom desempenho em seu canal físico e vendas online decentes.

“Dito isso, os investidores parecem seguirem céticos em relação ao e-commerce, à luz das incertezas no caminho quando se trata de taxas de juros não só no Brasil, mas também nos EUA, que afetam os mercados de ações em todo o mundo”, avaliam. Os analistas, contudo, seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 36, ou potencial de valorização de 59% frente o fechamento de quinta-feira.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.